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Equipes da Defesa Civil do Estado e do CPRM mapeiam áreas de risco em Bragança

Por Redação - Agência PA (SECOM)
02/04/2015 12h07

A Defesa Civil do Pará e o Serviço Geológico do Brasil (CPRM) estão desde terça-feira (31) mapeando locais de risco na praia de Ajuruteua e no centro urbano de Bragança, município do nordeste paraense. O resultado do trabalho constará de um relatório de domínio público, que será entregue à Prefeitura e ao governo do Estado para elaboração de um planejamento destinado às duas áreas. As fortes chuvas intensificaram os processos erosivos em vários locais no município, aumentando os risco de alagamentos, enxurradas, inundações e desabamentos.

“O CPRM está fazendo um trabalho que nos ajudará muito em Bragança, pois o município faz parte dos mais de 800 locais prioritários identificados pelo governo federal. Nós teremos mais detalhes sobre as áreas de risco, os tipos de riscos e ações que devemos tomar para solucionar esta situação com mais eficiência. Estamos também com a Defesa Civil do Estado, o que respalda o parecer técnico que nós podemos dar e aprimoram os nossos conhecimentos sobre o assunto”, informou Ubiranilson Oliveira, coordenador municipal da Defesa Civil em Bragança, na última quarta-feira (1º).

No bairro Cereja, cortado pelo rio de mesmo nome, dezenas de palafitas foram erguidas no leito do rio. Várias camadas de aterro foram jogadas para estreitar o Rio Cereja, que de acordo com antigos moradores já teve mais de 30 metros de largura nos anos 1980. Hoje, o rio está assoreado, cercado de lama, com pouco mais de 3 metros de largura, e com vários registros de alagamentos feitos pela Defesa Civil Municipal.

“Nós observamos que dezenas de famílias estão numa situação de risco muito alto no bairro do Cereja. Elas precisam ser remanejadas o mais rápido possível. Os órgãos competentes precisam agir de forma rápida, para que as pessoas consigam retirar seus bens e sair dessa área. O maior risco é de inundação, pois o rio é estreito e com fluxo muito forte. Como se trata de um rio sinuoso e aterrado várias vezes pela própria população, isso acaba dificultando a passagem da água, gerando os alagamentos frequentes. Quando o rio baixa o nível, as pessoas têm a ilusão de que aquela área exposta pode ser aterrada e ocupada, mas na verdade esta é a área do próprio rio”, explicou o geólogo Almir Costa, do Serviço Geológico do Brasil.

O bairro foi um dos atingidos pela grande cheia do rio Cereja em 2009, que comprometeu três bairros de Bragança. Desde então, a Defesa Civil do município tem monitorado estes locais, para evitar que novas perdas ocorram e, principalmente, trabalhando em parceria com outros órgãos para coibir o avanço da ocupação desordenada no leito dos rios.

Prioridades - “Temos três bairros prioritários em Bragança. Um deles é o bairro do Cereja, que é cortado pelo Rio Cereja ou Rio Grande. Deste local foram retiradas 98 famílias (373 pessoas) no último alagamento. O outro local é o bairro da Aldeia, que conta uma área de grande risco, com mais de 5 mil pessoas morando no local. Deste total, já foram atingidas diretamente por alagamentos cerca de 500 pessoas, principalmente no grande alagamento que ocorreu em 2009”, ressaltou Ubiranilson Oliveira.

Joel Matos, 18 anos, e a mãe, Eliege Furtado, moram há 17 anos à beira do rio, em uma palafita. Cercados pelo aterro que já virou lama, e com a correnteza passando a poucos metros da base da casa, eles temem que tudo seja levado na próxima chuva forte.

“A gente está consciente de que o risco é grande aqui. A casa chega a balançar quando alaga, e já tivemos que sair correndo quando o rio começou a encher e cobriu metade da casa. A Prefeitura tem feito a limpeza do rio, mas as pessoas aqui não colaboram. Jogam muito lixo, sofá, geladeira, tem de tudo passando por aqui. Nós vamos sair, mas também estamos aguardando uma solução para a nossa nova moradia”, disse Joel.

De acordo com a Defesa Civil de Bragança, já está em estudo o projeto de remanejamento das famílias que estão em áreas de risco para um conjunto residencial do programa federal Minha Casa Minha Vida.

Ciclo do mar - Distante da área urbana, a praia de Ajuruteua já contabiliza os efeitos da erosão. De acordo com os geólogos, este é um fenômeno natural e faz parte do próprio ciclo hidrológico do mar, que avança ou recua em períodos como décadas, séculos ou milênios. “É precioso entender o ciclo do mar na região para elaborar qualquer plano de ação. A água tem avançado rapidamente nas últimas décadas, e isso pode ser indício de uma mudança no ciclo hidrológico. Isso é normal. A nossa região já passou por diversos ciclos, como no município de Capanema, que já foi totalmente coberto pelo mar há alguns milênios. É preciso analisar cuidadosamente antes de qualquer ação”, enfatizou a geóloga Diane Fonseca.

Já foram notificados, antes da erosão, 40 imóveis na praia de Ajuruteua. Atualmente, 25 edificações na orla são consideradas áreas de risco. No último evento de erosão marinha, registrada no dia 21 de fevereiro, foram destruídas oito casas, nove pousadas e um bar, totalizando 18 edificações destruídas ou parcialmente danificadas.

A equipe de geólogos do CPRM permanecerá até esta quinta-feira (2) no município, para completar o cadastro de todas as áreas consideradas de risco para a população.

Treinamento - Paralelamente ao trabalho de campo, a Defesa Civil do Estado promoveu um treinamento de três dias, encerrado na quarta-feira (1º) para gestores de Bragança. O curso faz parte do Plano de Contingência para Desastres Hidrológicos, que tem o objetivo de prevenir os municípios contra desastres naturais, e já foi ministrado em quatro regiões do Estado.

“Acreditamos que tivemos uma participação atuante durante o curso, diante do público em Bragança. Nós ainda estamos implantando uma cultura de Defesa Civil, que está se fortalecendo aqui, com representantes da Guarda Municipal, conselhos municipais, Secretaria de Meio Ambiente, Secretaria de Administração, Corpo de Bombeiros, dentre outros órgãos importantes na elaboração de um planejamento para lidar com situações de emergência. Além disso, nós tivemos a oportunidade de ir a campo para mostrar na prática os conceitos trabalhados no curso”, informou o capitão Bruno Freitas.