Banda Sinfônica Lauro Sodré é instrumento de resgate social há 143 anos
“Eu tinha um aluno, infelizmente ele não está mais com a gente. O nome dele era Jackson e ele chegou aqui e disse que gostaria de estudar música, que achava que tinha um dom para isso. Disse que queria tocar bombardino, um instrumento de sopro. Realmente, ele pegou rápido. Começou a ensaiar e eu percebi que ele tinha um problema na visão. Ele me disse que era cego de um lado. Que era de uma gangue e que acertaram uma pedra no olho dele em uma briga. Segundo Jackson, se não fosse a música, ele estaria morto”. O relato é de Silas Borges, Maestro da Banda Sinfônica Lauro Sodré há 30 anos.
A inclusão social através da música é uma crença do maestro. “A gente diz aqui que a educação começa em casa, se aperfeiçoa na escola e refina-se com a música. Como essa, já vi várias histórias de jovens e adolescentes que foram resgatados com esse trabalho”, relata. Silas começou tocando caixa na banda, depois passou a tocar clarinete e em seguida, assumiu como maestro. A banda completou 143 anos recentemente e celebrou com uma apresentação no Theatro da Paz.
A Escola de Música Lauro Sodré já atendeu cerca 3 mil alunos, atualmente são 200 aprendendo algum instrumento musical. Ao todo, a Banda Sinfônica tem 90 instrumentistas e mais de 200 instrumentos, que demandaram quase R$ 3 milhões em investimento. “E a manutenção não para, estamos sempre precisando de mais. E eu acredito que o dinheiro que se gasta aqui é investimento. Mil crianças que comecem a estudar música são mil crianças que não estão nas ruas, são mil crianças que aprendem com a disciplina”, defende.
Fazer parte da história da banda mais antiga do Estado do Pará, que também é a mais antiga banda de escola pública do Brasil é uma satisfação para Elsio Souza, 2º Regente. “Era aluno do Lauro Sodré e tinha uma recomendação médica de fazer alguma atividade porque minha mãe teve problema no parto e um neurologista me acompanhava. A música salvou minha vida, literalmente. Me fez bem e ainda faz todo dia. Se não fosse a banda eu certamente teria seguido outros rumos”, declara.
Para quem estuda na Escola de Música Lauro Sodré, os aprendizados são inúmeros. Luana Camila Rosário, 19 anos, está há um mês estudando clarinete, mas já começa a se despedir. “Vou começar a universidade de História, mas no Amapá, vou ter que me mudar. Eu comecei uma educação musical aos 12 anos, mas me mudava muito de Estado com meus pais, então sempre interrompi esses estudos. Sou uma eterna iniciante. Quando vim para Belém, um amigo me falou da banda do Lauro e eu vim correndo. Quis pegar pelo menos o início de semestre para aprender. E aprendi muita coisa. Fora a teoria, a música. Aprendi com a colaboração das pessoas, que sempre estão dispostas a ajudar”, afirma.
E quem quer fazer parte dessa família musical precisa ficar atento aos prazos. “Nossas matriculas só são em janeiro, mas podemos ter novidades ainda esse ano, então quem está interessado é bom ficar de olho, se tudo der certo, abriremos novas vagas ainda esse ano”, torce o maestro. A Escola de música funciona na Travessa Barão do Triunfo, nº 3625 e o telefone para contato é (91) 3236-1745.