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Educação Indígena já formou mais de 230 alunos no Pará

Por Redação - Agência PA (SECOM)
19/04/2015 09h28

Até o ano de 2014 já foram formados 237 alunos índigenas nos sete polos pedagógicos do Pará: Altamira, Capitão poço, Marabá, Oriximiná, Jacareacanga, Santarém e São Félix do Xingu. A formação é garantida pela coordenação de Educação Escolar indígena (CEEIND), ligada à Secretaria de Educação (Seduc), responsável por desenvolver ações educacionais destinadas aos povos indígenas do Pará.

Dentre as principais atribuições da CEEIND, a Escola Itinerante de formação de professores indígenas é a que mais se destaca. O curso tem por objetivo instrumentalizar uma prática pedagógica intercultural, específica, diferenciada e bilíngue. Para 2015, a perspectiva é de que o curso alcance 43 etnias, das 55 comunidades onde serão trabalhados temas como Linguística, Antropologia, Metodologia, Territorialidade e Direito, História da Educação Escolar Indígena e Legislação Educacional.

A formação é continuada e cerca de 200 professores que atuam na educação escolar indígena do Estado serão atendidos. A criação da carreira de Magistério indígena do Estado atualmente encontra-se em fase de consulta pelos povos indígenas. Após apreciação pelas comunidades, a Seduc encaminhará para que seja votada e aprovada na Assembléia Legislativa do Estado e, posteriormente, sancionada pelo governador.

Experiências

Neste ano, já na gestão do secretário de Educação Helenilson Pontes, assumiu a coordenadoria de Educação Escolar Indígena Mydjere Kayapó. Aos 16 anos de idade, ele deixou a aldeia, no município de Altamira, para estudar em Belém e hoje, aos 32 anos, quer retornar para a terra onde vivia, com o ensino superior concluído. Ele faz aniversário no dia 19 de abril, por isso afirma que é “índio duas vezes”.

Ele reconhece que a educação indígena no Pará avançou consideravelmente. “No passado estudar nas aldeias era muito difícil, pois repetíamos várias vezes as séries iniciais, pois não tínhamos o ensino fundamental 2 e médio. Hoje com o modular, o índio sai preparado para enfrentar as dificuldades na cidade”.

Atualmente, uma das principais demandas dos povos indígenas é que seja criada uma coordenação de ensino modular nos municípios, uma comissão permanente para ações voltadas à educação indígena, construção de escolas e contratação de professores. O coordenador afirma que se o índio cresce na cidade, posteriormente, não vai saber sua etnia e nem vai se sentir pertencente a ela. Ele reforça que a população indígena precisa aproveitar as políticas de inclusão criadas pelo governo. “Penso que devemos fomentar nossa cultura, não ter vergonha de nossas raízes. Nossa identidade cultural é importante”.

Avanços

Rose Prado, coordenadora da equipe técnica do Núcleo de Inclusão Social da Universidade Federal do Pará (Ufpa), afirma que houve um avanço na educação escolar dos índios. Segundo ela, o número de índios alunos da universidade cresceu significativamente nos últimos anos. Somente neste ano, foram oito estudantes indígenas aprovados em vários cursos.

Ainda de acordo com a coordenadora, as políticas de inclusão do Governo são fundamentais para a entrada dos índios nas universidades. "Para que o índio ingresse em qualquer curso superior da Ufpa, além de ter a possibilidade de conseguir uma vaga pelo processo seletivo normal, ele pode concorrer a uma cadeira pelo processo especial e específico.

A intenção é que este aluno tenha a oportunidade de estudar um curso superior como qualquer outra pessoa. "Com a chegada do Ensino Fundamental e Médio nas aldeias percebo que o índio chega muito mais preparado para enfrentar este universo de conhecimento que existe aqui".

Aos 21 anos, a índia Itaputre Tembé, da comunidade Sede Alto rio Guamá, próximo ao município de Capitão Poço, no nordeste do Pará, chegou à universidade graças à educação que teve na aldeia. Ela relata que antigamente em sua comunidade os seus parentes enfrentavam muitas dificuldades para estudar. "Na aldeia não tinha as últimas séries do ensino regular, por isso os alunos precisavam terminar os estudos em Capitão Poço. Como nossa comunidade era longe da cidade, os estudantes percorriam aproximadamente 16 km para chegar até a escola. Era um sacrifício diário".

A jovem índia terminou os estudos na aldeia e hoje é estudante do curso de Odontologia da Universidade Federal do Pará, campus Belém. "Hoje sou o que sou graças a educação que tive na Aldeia".

Com muita saudade, Itaputre está ansiosa para rever os parentes, principalmente a filha que deixou com os pais, para poder estudar na capital. A estudante ainda está no primeiro semestre do curso, mas já faz planos para o futuro. "Como todo índio, pensamos em ajudar nosso povo. Eu não sou diferente. Minha gente precisa de mim. Vou me formar e voltar para ajudá-los. Eu me orgulho do que sou hoje e daqui a cinco anos serei uma pessoa realizada", afirma.

O Pará possui uma das maiores populações indígenas do país. São 39.081 mil índios de acordo com o censo 2010. Itaputre é um deles. No dia do Índio a jovem estudante diz que muitas vezes sofre preconceito na cidade. “As pessoas ainda não nos reconhecem como pessoas capazes. Assim como a educação me ajudou a ultrapassar tantas coisas ruins, ela vai me ajudar a conseguir meus objetivos, conclui.