Ações do Hemopa garantem qualidade de vida a pessoas com hemofilia
Primeiro paciente com hemofilia a fazer uma artroplastia (cirurgia do joelho) pelo Sistema Único de Saúde (SUS) no Estado, o aposentado Manoel Pedro Nascimento Neves, 53, faz acompanhamento na Fundação Centro de Hemoterapia e Hematologia do Pará (Hemopa) há mais de 20 anos. O marajoara será um dos participantes da ação “Construindo uma Família de Apoio. Uma Abordagem Através da Atividade Física. Junte-se a nós!”, que o hemocentro promove neste sábado (25), de 8h às 12h, no coreto central da Praça Batista Campos, em comemoração ao Dia Mundial da Hemofilia, celebrado em 17 de abril.
“Queremos levar ao conhecimento da sociedade os serviços que prestamos às pessoas com hemofilia, por meio da nossa equipe multiprofissional. O estimulo da prática de atividades físicas tem reflexos na qualidade de vida e bem estar dos pacientes, bem como em sua integração e socialização”, informa a hematologista Saide Trindade, titular da Coordenação de Atendimento Ambulatorial do Hemopa.
Ainda segundo a médica, durante o evento serão reforçadas as informações sobre a importância da profilaxia com o uso do fator. A profilaxia é o tratamento preventivo que inibe hemorragias espontâneas e diminui o risco dos sangramentos graves levarem à morte, assim como reduz as lesões articulares, que são as sequelas mais comuns da hemofilia.
Procedimento - Uma das 500 pessoas com hemofilia no Pará cadastradas e em acompanhamento no Hemopa, Manoel Pedro tem a doença tipo A grave e faz uso do Fator VII. Ele descobriu a patologia aos 8 meses de vida, devido ao aparecimento de hematomas pelo corpo. “Muita coisa mudou desde que iniciei o tratamento. Ainda cheguei a tomar sangue e plasma. Hoje, com o uso do fator, a vida é outra, e posso dizer que é normal”, diz ele, que é pai de três filhos e avô de três netos.
Orientado pela médica que o atende a fazer a cirurgia, pois já apresentava sequelas nos dois joelhos, o morador do bairro Castanheira, em Belém, pensou bastante e deixou o medo de sangramentos de lado. “Eu me operei do joelho direito há cerca de um mês, e me pergunto por que não fiz isso antes. Eu me sinto muito bem, tanto que pretendo fazer do outro lado”, conta.
Agora o paciente faz sessão de fisioterapia três vezes por semana e, segundo os profissionais do setor, tem evoluído muito bem. Clana Andrade, fisioterapeuta do Hemopa, explica que a reabilitação feita por Pedro Manoel vai permitir o fortalecimento dos músculos e a retomada de alguns movimentos já comprometidos. “Ele colocou uma prótese que vai ajudá-lo no dia a dia, inclusive já não relata mais dores e, apesar do pouco tempo do procedimento, poderá fazer a cirurgia no joelho esquerdo”, informa.
O serviço de fisioterapia do Hemopa atende em média dez pacientes por dia e usa, além das técnicas convencionais, a medicina tradicional chinesa, como a acunpultura, por exemplo. “É um serviço pioneiro, um auxílio ao tratamento convencional, com resultados satisfatórios nos pacientes com hemofilia”, revela a fisioterapeuta.
Durante a manhã deste sábado, cerca de 100 pessoas, entre pacientes, familiares, servidores da equipe multiprofissional do Hemopa e profissionais de outros serviços de saúde, participarão de atividades recreativas e lúdicas, além de fisioterapia e Tai chi chuan. Haverá ainda demonstração da técnica de infusão de concentrado de fator a pacientes previamente agendados, além da distribuição de material educativo. O evento conta com o apoio da Associação Paraense de Portadores de hemofilia e Coagulopatias Hereditárias (Aspahc) e da Baxter.
Ações - O evento na praça soma-se a duas outras ações do Hemopa, o lançamento do Programa Fator Decisivo, iniciativa da Federação Brasileira de Hemofilia em educação continuada, e o Programa de Descentralização da Infusão de Fator, que leva aplicação do fator para mais próximo dos pacientes, por meio da parceria com as Unidades Básicas de Saúde dos municípios.
Futuramente, o hemocentro, em parceria com a Aspahc e apoio da Novo Nordisk Haemophilia Foundantion, colocará em prática o Programa Reeduca, que objetiva descentralizar o tratamento das pessoas com hemofilia para a Unidade Básica de Saúde mais próxima de casa, por meio da capacitação dos profissionais da rede de atenção básica do Sistema Único de Saúde (SUS).
Para a hematologista e coordenadora do Programa de Hemofilia no Pará, Ieda pinto, a educação é o principal fator para o bom tratamento da hemofilia e todos os profissionais de saúde devem saber lidar com esta patologia, independente da especialidade. “Com o tratamento adequado, o portador de hemofilia tem uma vida normal, totalmente integrado à sociedade e produtivo como qualquer cidadão”, assegura.
O Brasil é o terceiro país do mundo em número de portadores de coagulopatias (enfermidades do sangue), com mais de doze mil pessoas, segundo o Ministério da Saúde.
Serviço: o ambulatório de pacientes funciona na sede do Hemopa, na Travessa Padre Eutíquio, 2.109, em Batista Campos, de segunda-feira a sexta-feira, das 7h às 17h. Os interessados também podem obter mais informações pelo Alô Hemopa, 0800-2808118. A Aspahc funciona na Rua Abaetetuba, 115, no Conjunto Médici I, Marambaia. Contatos com a presidente, Cristiane Oliveira (98864-4407 e 981230-014), ou com a gerente financeira, Nelma de Castilho Gomes (98015-9633).