Sespa inicia capacitações voltadas aos cuidados da pessoa idosa
Cerca de 50 profissionais de saúde de nível superior que atuam na atenção básica dos municípios abrangidos pelos 1º e 2º Centro Regional de Saúde estão participando da oficina “Avaliação Multidimensional da Pessoa Idosa e Prevenção da Violência”, que está sendo realizada no período de 4 a 6 de maio, no hotel Beira Rio, em Belém.
Realizada pela Secretaria de Estado de Saúde Pública (Sespa), por meio da Coordenação Estadual de Saúde do Idoso, a atividade tem o objetivo de ir ao encontro ao que preconizam as políticas públicas voltadas às pessoas com mais de 60 anos: cuidados específicos para um envelhecimento com adoção de hábitos saudáveis e incentivo à participação saudável dos pontos de vista físicos e sociais.
Para a coordenadora estadual de Saúde do Idoso, Valdinéa Almeida, o aumento da expectativa de vida das pessoas tem demandando um esforço maior do Poder Público no sentido de reorganizar o processo de trabalho de todos os serviços envolvidos. “É essencial que os profissionais tenham sempre aprimoramento para entender as questões do processo de envelhecimento e suas especificidades, reconhecer a necessidade da integração entre a rede básica e os sistemas de referências e identificar as evidências que configuram situações de violência”, explica, ao lembrar que a atividade corresponde à primeira das oito oficinas que serão realizadas, cada uma contemplando duas regiões de saúde, para que os participantes sejam multiplicadores do aprimoramento absorvido. “Com isso, a nossa meta é atingir os 144 municípios paraenses com 400 profissionais qualificados”, diz Valdinéa.
Segundo o psicólogo e gerontólogo da Sespa, Guilherme Moura, a oficina atende à Política Nacional de Saúde da Pessoa Idosa e o próprio Estatuto do Idoso, que preconiza que a atenção básica deve estar preparada para atender esse segmento social. “O curso vai qualificar a avaliação, possíveis riscos e agravos e proporcionar os encaminhamentos dos níveis de complexidade do SUS”, completa.
A oficina tem sido conduzida por especialistas no assunto. Nos dois primeiros dias, os profissionais capacitados terão aulas com o membro do Comitê Assessor do Ministério da Saúde na área de Saúde do Idoso, Edgar Moraes, graduado em Medicina e professor universitário da Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG).
Ele é também coordenador do Núcleo de Geriatria e Gerontologia da UFMG, coordenador do Centro de Referência do Idoso do Hospital das Clínicas (HC-UFMG) e coordenador do Programa de Residência Médica em Geriatria do HC-UFMG. Atualmente, dedica-se às seguintes áreas de pesquisa: Modelos de Atenção à Saúde do Idoso, Binômio Depressão e Demência no Idoso, Idoso institucionalizado e Osteoporose, quedas, fratura de fêmur e fragilidade.
Durante sua explanação, Edgar deixou claro que o aumento da esperança de vida não pode ser dissociado dos determinantes e das consequências da fragilidade. Para ele, um dos grandes desafios do Sistema Único de Saúde (SUS) é adequar essa assistência, no sentido de que idosos mais robustos possam ser efetivamente acompanhados em unidades básicas de saúde e os que tiverem em situações de vulnerabilidade sejam assistidos por geriatra e equipe multiprofissional.
Os participantes da oficina receberam o guia de bolso “Avaliação multidimensional do idoso - instrumentos de rastreio”, em que o palestrante Edgar Moraes analisa os principais instrumentos diagnósticos usados para a avaliação clínica do idoso. A avaliação da funcionalidade do paciente envolve várias dimensões, como a cognição, o humor, a mobilidade, dentre outros, que são descritos de modo a perceber o idoso integralmente, evitando uma anamnese fragmentada.
No dia 6, a oficina entrará em outros temas: o enfrentamento à violência, como identificar e tratar casos como negligência ou abandono e a importância da notificação e acompanhamento como forma de cuidar e garantir direitos aos idosos. Esses assuntos serão conduzidos pelo assessor técnico da Coordenação de Saúde da Pessoa Idosa, do Ministério da Saúde, Wendel Rodrigo Teixeira Pimentel, e por Eneida Anjos Paiva, integrante da Área Técnica de Vigilância e Prevenção de Violências e Acidentes da Coordenação Geral de Doenças e Agravos Não Transmissíveis (CGDANT) do Departamento de Análise de Situação de Saúde (DASIS) da Secretaria de Vigilância em Saúde (SVS).