Sespa e Santa Casa inauguram novo espaço para atender pacientes com hepatites
As equipes da Coordenação Estadual de Hepatites Virais da Secretaria de Estado de Saúde Pública (Sespa) e do Centro de Referência Estadual para Tratamento das Doenças do Fígado da Fundação Santa Casa de Misericórdia do Pará inauguraram, na manhã desta quarta-feira, 13, novo espaço onde serão realizados exames para detecção da presença de fibrose no fígado em pacientes com hepatites B e C, por meio do Fibroscan, equipamento que realiza a elastografia hepática (ET), que dispensa o corte e a perfuração no órgão e possibilita ao médico acesso ao diagnóstico a partir de dez minutos.
Avaliado em R$ 800 mil, o aparelho foi adquirido este ano mediante articulação da Sespa e Ministério da Saúde, para ser utilizado em pacientes diagnosticados com hepatite crônica que são encaminhados para a Santa Casa - a primeira unidade da Amazônia que oferecerá esse tipo de exame de forma gratuita, pelo Sistema Único de Saúde (SUS).
O serviço tem previsão para início de atendimento na última semana deste mês. Além do Pará, São Paulo, Bahia e Rio de Janeiro também contam com o exame na rede pública. Em hospitais particulares, o procedimento não sai por menos de R$ 3 mil. "O equipamento será um ganho para o paciente, visto que será atendido por uma equipe que é referência em assistência e que vai absorver de imediato os benefícios dessa nova tecnologia”, avaliou a coordenadora estadual de Hepatites Virais, Cisalpina Cantão, durante o descerramento da placa.
O momento foi compartilhado ainda pelo médico Helio Franco, que no ato representou o titular da Sespa, Vitor Mateus. Segundo ele, as hepatites podem ser traiçoeiras por conta da evolução lenta e silenciosa, o que dificulta o diagnóstico precoce.
Santa Casa
Com o Fibroscan, será possível proporcionar ao paciente maior precisão ao tratamento que será indicado. A médica hepatologista Lizomar Moia, presidente em exercício da Fundação Santa Casa de Misericórdia do Pará, ressaltou a importância desse exame ser oferecido pela Santa Casa, pois soma com o trabalho já desenvolvido. "A oferta desse serviço na Santa Casa, um hospital certificado em ensino e pesquisa, reforça o atendimento aos pacientes e favorece a formação dos profissionais de saúde no Pará".
Lizomar Maia ressaltou, ainda, a importância de fazer do espaço algo acolhedor, onde os pacientes se sintam mais valorizados, apoiados e inseridos na lógica de recuperação visando a alta hospitalar.
O Fibroscan é um aparelho que direciona o feixe de som através do fígado, medindo a elasticidade do órgão. Essa medida se associa com o grau de fibrose hepática, resultado de uma agressão ao fígado de longa data. A partir das informações acerca do nível de comprometimento do fígado é que o médico indicará o tratamento mais adequado.
Segundo nota técnica do fabricante, o mapeamento do órgão pode durar entre cinco e dez minutos e analisa uma área 100 vezes maior do fígado, quando comparado à biopsia. Isso diminui a chance de erro por amostragem.
“Entre as vantagens oferecidas pela novidade estão o baixo custo operacional, permitindo repetição de acordo com indicação médica; tempo de exame, indolor e sem riscos e que pode ser realizado no consultório”, explica Márcia Iasi, médica patologista do Centro de Referência Estadual para Tratamento das Doenças do Fígado da Fundação Santa Casa de Misericórdia, que atende, em média, 50 pacientes com quadro clínico de hepatite C, os quais são assistidos por dez médicos. Em muitos hospitais ainda é feito o exame tradicional, de cunho invasivo e cirúrgico, com anestesia.
A Hepatite C está entre as doenças do fígado que têm maior incidência na Santa Casa, com a necessidade de internação do paciente. A Fundação tem seis leitos para adultos e quatro para crianças. Para receber tratamento no local é necessário estar regulado junto ao SUS e às Centrais de Leitos. Geralmente, os pacientes são encaminhados de Unidades Básicas de Saúde ou de qualquer hospital público.
Casos no Pará
Devido o estímulo progressivo ao diagnóstico precoce, os casos de hepatite têm aumentado no Pará. Entre 2007 e 2014 foram confirmados 2.211 casos do tipo B e outras 871 ocorrências da forma C. Só no ano passado, surgiram 242 casos de hepatite B, além de 91 do tipo C. Entre janeiro e 11 de maio deste ano já foram diagnosticados 299 pessoas com hepatites, das quais 148 com o tipo A; 102 com o vírus B e outras 49 para o tipagem C.
A estimativa do Ministério da Saúde é que no Brasil 800 mil pessoas estejam infectadas pelo vírus B e 1,5 milhão de pessoas pela hepatite C. Da infecção até a fase da cirrose hepática, pode levar de 20 a 30 anos, em média, sem nenhum sintoma. Nem sempre há sintomas, mas os especialistas alertam que cansaço, febre, mal-estar, tontura, enjoo, vômitos, dor abdominal, pele e olhos amarelados, urina escura e fezes claras podem ser sinais da doença. No Brasil, há vacinas para a prevenção das hepatites A e B. Por enquanto não há imunização contra o tipo C.
A solenidade que marcou a entrega do novo espaço com o Fibroscan foi acompanhada, ainda, entre outros, pela diretora de Vigilância em Saúde da Sespa, Rosiana Nobre; pelo médico hepatologista Maurício Iasi, do Centro de Referência Estadual para Tratamento das Doenças do Fígado da Fundação Santa Casa de Misericórdia do Pará; o médico e pesquisador Manoel Soares, do Instituto Evandro Chagas (IEC); Socorro Silva, coordenadora estadual de Mobilização Social; Beto Paes, coordenador da Casa Dia, vinculada à Secretaria Municipal de Saúde de Belém, e Jair Santos, presidente do Paravidda.