Agricultura de baixo carbono vai expandir mercado no Baixo Amazonas
O mercado para os produtos da agricultura de baixo carbono está em expansão e promete fomentar a produção dos municípios do Baixo e Médio Amazonas. Para dinamizar as práticas agrícolas sustentáveis, a Secretaria de Desenvolvimento Agropecuário e da Pesca (Sedap) está capacitando, em Santarém, um grupo de técnicos extensionistas que vão repassar os conhecimentos adquiridos aos produtores rurais da região. A capacitação integra o cronograma aprovado para este ano para ações de difusão tecnológica pelo comitê gestor do Plano Estadual de Agricultura de Baixo Carbono. O Plano ABC é coordenado, no Estado, pela Sedap.
O Plano ABC - composto por sete programas, seis deles referentes às tecnologias de mitigação, e ainda um último programa com ações de adaptação às mudanças climáticas - definiu para o Pará um rol de itens que devem ser executados para promover a agricultura de baixo carbono, entre os quais a capacitação oferecida em Santarém. "Hoje todos querem comprar produtos de áreas limpas. É um mercado que está aberto, em expansão, e em curto prazo qualquer produto terá que provar por meio de certificado que foi gerado em área de baixo impacto ambiental. Esse tipo de tecnologia atende ao preceito da sustentabilidade, e seus benefícios se aplicam em todos os aspectos, inclusive financeiro", explica Luiz Pinto, diretor de Agricultura Familiar da Sedap e secretário executivo do Plano ABC Pará.
A capacitação dos técnicos extensionistas locais nas práticas de agricultura de baixo carbono iniciou ontem, 25, e prossegue até sexta-feira, 29, no auditório do Barão Center Hotel, no Centro de Santarém. Orientados por especialistas, os técnicos vem recebendo informações sobre recuperação de pastagens, plantio em sistemas agroflorestais e plantio direto, além de conhecimentos específicos sobre as linhas de crédito e condições oferecidas pelo Banco do Brasil e pelo Banco da Amazônia para a agricultura de baixo carbono na região.
"Só vai sobreviver nesse mercado quem conseguir produzir com base em uma agricultura limpa e sustentável. E a sustentabilidade está pautada em seis dimensões: econômica, social, política, cultural ambiental e ética. Os técnicos capacitados atuarão como multiplicadores e os conhecimentos repassados aos produtores vão reduzir a emissão de três tipos de gases altamente tóxicos: dióxido de carbono, dióxido nitroso e gás metano. Dessa forma, vamos produzir uma agricultura de baixo impacto ambiental. No Pará, nós temos mais de 197 mil produtores de base familiar. A extensão rural trabalha com cerca de 30 mil deles, que estão aptos a receber e aplicar essa nova tecnologia dentro de sua estrutura de produção", informa Luis Pinto.
A palestrante Martha Parry, fiscal agropecuária do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), falou sobre o Plano ABC aos técnicos. "É um plano setorial de mitigação e de adaptação às mudanças climáticas para a consolidação de uma economia de baixa emissão de carbono na agricultura. O Plano ABC é uma das ações setoriais elaboradas de acordo com o artigo 3°, do Decreto n° 7.390/2010, e tem por finalidade a organização e o planejamento das ações a serem realizadas para a adoção das tecnologias de produção sustentáveis, selecionadas com o objetivo de responder aos compromissos de redução de emissão de Gases de Efeito Estufa no setor agropecuário assumidos pelo país", explicou.
Segundo Parry, o Pará é uma das prioridades do Ministério da Agricultura. O Estado tem um dos maiores rebanhos do Brasil, por isso é considerado um alvo estratégico. Estamos fazendo uma primeira capacitação e outras devem vir posteriormente. Entre os benefícios que se pretende com essas mudanças em nível mundial estão a redução do aquecimento global e das mudanças climáticas. Já para o Estado, as vantagens incluem crédito mais barato para o produtor rural e a mitigação de práticas que dagradam o meio ambiente", destaca a palestrante.
Os programas que compõem o Plano ABC incluem recuperação de pastagens degradadas, Integração Lavoura-Pecuária-Floresta (iLPF) e Sistemas Agroflorestais (SAFs); Sistema Plantio Direto (SPD), Fixação Biológica de Nitrogênio (FBN); Florestas Plantadas; Tratamento de Dejetos Animais; Adaptação às Mudanças Climáticas.
A abrangência do Plano ABC é nacional e seu período de vigência é de 2010 a 2020. Prevê revisões e atualizações em períodos regulares não superiores a dois anos, para readequá-lo às demandas da sociedade, às novas tecnologias e incorporação de novas ações e metas, caso se faça necessário. O Plano conta, ainda, com uma de linha de crédito – Programa ABC – aprovada pela Resolução nº 3.896 de 17/08/10, do Banco Central.
Em Santarém, a programação segue até sexta-feira com a participação de especialistas do Banco da Amazônia e do Brasil e pesquisadores doutores da Embrapa.
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