Sespa orientará ações de prevenção a acidentes com escalpelamento, em Ananindeua
Dicas de como se prevenir dos acidentes com escalpelamento nos rios da Amazônia, causados por barcos que não possuem a proteção no eixo do motor, estarão entre os serviços que a Secretaria de Estado de Saúde Pública (Sespa) oferecerá durante a programação da Ação Global 2015, que acontecerá neste sábado, 30, na sede do Serviço Social da Indústria (SESI) de Ananindeua, entre 9 e 17 horas.
As orientações estarão de acordo com o tema "Qualidade de Vida”, que será difundido nos atendimentos por meio do incentivo por hábitos mais saudáveis na população, a exemplo da atividade física e alimentação saudável. Outros serviços estarão disponíveis à população, como vacinação, orientação para ser doador de órgãos para transplantes, emissão de documentos, como carteira de trabalho e identidade, e orientação jurídica.
“É importante difundir a temática sobre escalpelamento em um evento de grande concentração popular, justamente porque estamos nos aproximando do mês das férias escolares, julho, marcado pelo grande fluxo de pessoas viajando de barco”, explica a coordenadora estadual de Mobilização Social da Sespa, Socorro Silva, que atuará no programa Ação Global com o apoio da Marinha do Brasil e dos representantes dos demais 15 órgãos que formam a atual Comissão Estadual de Erradicação dos Acidentes com Escalpelamento (CEEAE), grupo que tem se reunido mensalmente com o objetivo de traçar estratégias para evitar novos casos.
Vítimas - O acidente é causado pelo eixo exposto dos motores das embarcações, em que parte ou todo o couro cabeludo de meninas e mulheres ribeirinhas é arrancado, podendo levá-las à morte ou deixando-as com sequelas, físicas e psicológicas, para o resto da vida. Esse tipo de agravo é muito recorrente no Pará, cujas características geográficas contribuem para que a população utilize as embarcações como meio de transporte principal, sobretudo às proximidades de festas religiosas e períodos de férias escolares.
Grande parte das vítimas é oriunda do Arquipélago do Marajó e do oeste paraense, mas, ao todo, são 42 os municípios que registram maior incidência de casos. De 1982 até dezembro de 2014 foram registrados 409 acidentes com escalpelamento. O cenário estagnou nos últimos anos, com média de 10 a 12 casos por ano. No ano passado, 11 casos de escalpelamento – incluindo uma morte - ocorreram no Pará. Em 2013, o número de vítimas chegou a 10. Em 2015 não houve nenhum caso.
“A maior parte dessas vítimas é de ribeirinhos, que têm no barco seu principal meio de transporte. O fato de descentralizarmos essas ações para o interior é uma forma de fazer com que também os profissionais dos municípios alertem a população para hábitos simples, como fazer um 'pitozinho' no cabelo, usando de uma linguagem que o povo compreenda de imediato”, explica Socorro Silva.