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Tratamento aos pacientes com doença falciforme é debatido em seminário

Por Redação - Agência PA (SECOM)
02/06/2015 15h16

Na intenção de reunir profissionais de saúde e lideranças sociais para difundir conhecimentos sobre a anemia falciforme, a Secretaria de Estado de Saúde Pública do Pará (Sespa) realizou, nesta terça-feira, 2, o “l Seminário sobre doença falciforme: construindo conhecimento, prevenindo agravos”, voltado à conscientização do público em geral sobre os sintomas e características dessa enfermidade, que apresenta grande incidência junto à população negra. Articulado pela Coordenação Estadual de Saúde Indígena e de Populações Tradicionais, o encontro aconteceu no auditório do Centro de Ciências Biológicas e da Saúde (CCBS) da Universidade do Estado do Pará (Uepa).

Logo na abertura das atividades, o médico Raimundo Sena, da Sespa, justificou a realização do seminário em virtude da incidência da doença no Pará e no Brasil. Oriunda da África, a doença falciforme é uma mutação genética, cuja disseminação pelo mundo se deu com o deslocamento forçado da população negra para outras regiões, como a América do Sul, para o trabalho escravo. Como existem 420 comunidades de quilombolas remanescentes no Estado, o médico, que no ato representou o titular da Sespa, Vitor Matheus, disse ser primordial que o evento promova maior compartilhamento de ideias possível e deliberações que venham ao encontro da melhoria ao atendimento.

Segundo informações do Ministério da Saúde, a doença é caracterizada por alterações no formato da hemoglobina, que dificulta o fluxo de oxigênio no corpo e pode levar à morte. Trata-se de uma doença hereditária, transmitida da mãe para o bebê durante a gravidez. A criança com anemia falciforme apresenta má formação das hemácias, que se assemelham a foices. Esse tipo de anemia é predominante na população negra. Porém, como no Brasil há miscigenação de raças, é comum também encontrar pessoas de pele branca acometidas pelo problema.

O Brasil já possui cerca de 40 mil casos da doença cadastrados. Com alta prevalência entre os negros, que são 52% da população no Brasil, os estados da Bahia e do Rio de Janeiro lideram o ranking de casos, com 1 paciente para cada 650 pessoas e 1 para cada 1,3 mil, respectivamente. No Pará, a Fundação Hemopa presta atendimento ativo para 770 pacientes portadores de doença falciforme, que se manifesta na maioria das vezes após os seis meses de vida do bebê, sendo o teste do pezinho a melhor forma de identificá-la. “São informações como essas que precisamos difundir melhor e o seminário foi uma forma de abraçar esse conhecimento e compartilhar com quem ainda não tem”, justifica a coordenadora estadual de Saúde Indígena e de Populações Tradicionais, Creuza Abreu. Ainda segundo dados do Hemopa, apenas 17 estados brasileiros realizam este tipo de exame, entre eles o Pará, que está habilitado a fazer o diagnóstico precoce para a doença por meio da triagem neonatal.

Para o coordenador estadual das Associações de Comunidades Remanescentes de Quilombos do Estado do Pará (Malungu), Carlos Galiza, existe a expectativa que se promova mais o diagnóstico precoce a fim de evitar as manifestações graves da doença. Para isso, é fundamental solicitar o teste do pezinho nos primeiros sete dias de vida do bebê. “Apesar dos avanços, a rede de atendimento ainda precisa melhorar em aspectos sobre regulação, como nas crises de dor, que os hospitais comuns nem sempre conseguem diagnosticar com competência”, avalia a técnica Maria Luiza Neves, integrante do Núcleo de Apoio aos Povos Indígenas, Comunidades Negras e Remanescentes de Quilombo e uma das fundadoras do Centro de Estudos e Defesa do Negro do Pará (Cedenpa).

Como palestrantes, participaram do evento, entre outros, os representantes do Ministério da Saúde, Agenor Silva e Ana Helfer; Ilma Pastana, da Universidade do Estado do Pará (Uepa); Ariana KLS Silva, Doutoranda em Antropologia e Hilton Silva, PhD, ambos do Laboratório de Estudos Bioantropológicos em Saúde e Meio Ambiente da Universidade Federal do Pará (UFPA); Roselene Freitas, enfermeira especialista em Hemoterapia, do Hemopa; Jeanne Miranda, da Sespa, e Darci Vaz Lima, do Instituto Nacional de Previdência Social (INSS), que abordou aspectos sobre benefício assistencial aos pacientes com a doença.

Os interessados no assunto, bem como as famílias à procura de informações sobre a doença, podem entrar em contato com a Coordenadora Estadual de Saúde Indígena e de Populações Tradicionais da Sespa, por meio dos seguintes contatos: rua Presidente Pernambuco, 483, entre avenidas Gentil Bittencourt e Conselheiro Furtado. Telefone: (91) 4006-4212 e e-mail cesipt.sespa@gmail.com.