Festival Internacional de Música do Pará celebra os 120 anos do Instituto Carlos Gomes
No período de 7 a 14 de junho, Belém recebe a 28ª edição do Festival Internacional de Música do Pará (Fimupa), que este ano celebra os 120 anos do Instituto Estadual Carlos Gomes. A programação é inteiramente gratuita e será realizada em diversos espaços de Belém, como o Theatro da Paz, Teatro Waldemar Henrique, Igreja de Santo Alexandre, Catedral Metropolitana de Belém (Igreja da Sé) e Bar e Restaurante Tábuas de Maré.
Terceira mais antiga instituição de ensino musical do país, o Instituto Carlos Gomes chega ao seu 120º aniversário com diversos projetos e ações em curso na capital, além de atividades de extensão em outras 70 cidades no Pará. O trabalho desenvolvido no IECG confunde-se com a história musical do Estado em diversos aspectos; lá estudaram alguns dos mais importantes artistas paraenses, sendo que muitos deles constituíram carreira internacional, como a soprano Adriane Queiroz.
Assim, nada mais natural que a programação do Fimupa 2015 seja dedicada ao aniversário Instituto Carlos Gomes. O Festival vai homenagear também o músico, instrumentista e concertista Carlos Gomes, maestro fundador do Instituto que leva seu nome e seu primeiro diretor. Durante uma semana, serão executados trechos de peças de Carlos Gomes, interpretadas pelos artistas convidados.
A programação terá atrações internacionais, como o espetáculo lusófono ‘Como Nascem as Estrelas’, do Toy Ensemble; o maestro holandês Jacob Slagter regendo a grande orquestra do Fimupa; a soprano paraense Adriane Queiroz e o trompetista Eric Vloeimans como solistas. Já entre as atrações nacionais o destaque é para o Quinteto Villa-Lobos, o Quinteto de Metais de Porto Alegre e os maestros Tim Rescala, Tobias Volkman e Marcelo Jardim.
Entre os grupos artísticos paraenses que participarão do festival estão a Orquestra Sinfônica do Theatro da Paz e a Amazonia Jazz Band, além de instrumentistas e cantores líricos que integram os grupos artísticos da Fundação Carlos Gomes.
Uma das grandes novidades da edição 2015 do FIMUPA é a apresentação da recém-formada Orquestra Sinfônica Carlos Gomes, que fará sua estréia na programação do Festival em concerto no palco do Theatro da Paz, regido pelo maestro convidado Tobias Volkmann.
Além dos espaços tradicionais, como o Teatro Waldemar Henrique, a Igreja de Santo Alexandre, a sala Ettore Bosio e o já citado Theatro da Paz, o Festival também será levado ao Tábuas de Maré - Espaço Cultural, onde se apresentarão Amazonas do Tapajós, Sandra Duailibe e Hamleto Stamato, entre outros. Segundo o presidente da Fundação Carlos Gomes, Paulo José Campos de Melo, a idéia é que a programação do Fimupa seja a mais abrangente possível, daí a iniciativa de incluir espaços populares como forma de quebrar tabus atribuídos à música erudita.
Ao todo, serão 41 apresentações de artistas que, com suas performances e virtuosismo, ajudaram a construir a história do IECG. Para isso, foi reunido um grande número de músicos paraenses nas orquestras e bandas que se apresentarão durante todo o festival.
Sobre Carlos Gomes
Maestro e compositor brasileiro, Antônio Carlos Gomes (1836-1896) tem como seu mais célebre trabalho a ópera "O Guarani", inspirada na obra de mesmo nome, escrita por José de Alencar. A música de Carlos Gomes, de temática brasileira e estilo italiano, inspirada basicamente nas óperas de Giuseppe Verdi, ultrapassou as fronteiras do Brasil e triunfou junto ao público europeu.
Carlos Gomes nasceu em Campinas (SP), em 11 de julho de 1836. Estudou música com o pai e fez sucesso em São Paulo com o "Hino Acadêmico" e com a modinha "Quem sabe?" (Tão longe, de mim distante"), de 1860. Continuou os estudos no conservatório do Rio de Janeiro, onde foram apresentadas suas primeiras óperas: "A noite do castelo" (1861) e "Joana de Flandres" (1863).
Com uma bolsa de estudos para o conservatório, estudou em Milão com Lauro Rossi e diplomou-se em 1866. Em 19 de março de 1870 estreou no Teatro Scala de Milão com sua ópera mais conhecida, "O Guarani", que o consagrou e deu-lhe a reputação de um dos maiores compositores líricos da época.
O sucesso europeu de "O Guarani" repetiu-se no Brasil, onde Carlos Gomes permaneceu por alguns meses antes de retornar à Milão, com uma bolsa de estudos oferecida por D. Pedro II, para iniciar a composição "Fosca", melodrama em quatro atos que estreou em 1873, novamente no Scala de Milão. Mal recebida pelo público e pela crítica, a obra seria considerada mais tarde como a mais importante de sua carreira. Depois de compor "Salvador Rosa" (1874) e "Maria Tudor" (1879), Carlos Gomes voltou ao Brasil onde dirigiu, na Bahia e no Rio de Janeiro, a montagem das duas óperas.
A partir de 1882, Carlos Gomes passou a dividir seu tempo entre o Brasil e a Europa. No Teatro Lírico do Rio de Janeiro estreou "O escravo" (1889). Com a proclamação da República, perdeu o apoio oficial e a esperança de ser nomeado diretor da Escola de Música do Rio de Janeiro. Retornou então à Milão e estreou "O Condor" (1891), no Scala de Milão.
Doente e em dificuldades financeiras, compôs seu último trabalho, "Colombo", oratório em quatro atos para coro e orquestra a que chamou poema vocal sinfônico e dedicou ao quarto centenário do descobrimento da América. A obra foi encenada em 1892, no Teatro Lírico do Rio de Janeiro. Em 1895, Carlos Gomes dirigiu "O Guarani" no Teatro São Carlos, de Lisboa, cidade em que recebeu a última homenagem: foi condecorado pelo rei Carlos I.
No mesmo ano chegou ao Pará, já doente, para ocupar a diretoria do Conservatório de Música de Belém, cargo criado pelo então governador Lauro Sodré para ajudá-lo. Os modernistas de 1922 desprezaram Carlos Gomes, mas o público brasileiro sempre valorizou suas modinhas românticas. Em 1993 a opera "O Guarani", já meio esquecida, voltou aos palcos europeus ao ser montada por Werner Herzog, na Ópera de Bonn, com Plácido Domingo no papel de Peri.
Antônio Carlos Gomes morreu em Belém, em 16 de setembro de 1896, e foi o primeiro diretor do Conservatório de Música de Belém, rebatizado Conservatório Carlos Gomes. A instituição comemora, este ano, seu 120º aniversário.
O XXVIII Festival Internacional de Música do Pará é uma promoção do governo do Estado, por meio da Fundação Carlos Gomes, com patrocínio do BNDES e Banpará, via Lei Rouanet de Incentivo à Cultura.
Serviço: XXVIII Festival Internacional de Música do Pará. De 7 a 14 de junho em vários espaços da capital. Informações e programação no site http://fimupa.com.br/.