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CÍRIO 2017

Imagem peregrina é recebida por fiéis após duas horas de procissão fluvial

Por Redação - Agência PA (SECOM)
07/10/2017 00h00

Uma salva de fogos anunciou, às 5h30 deste sábado (7), a saída do cortejo que conduzia a berlinda com a imagem peregrina de Nossa Senhora de Nazaré da Igreja Matriz de Ananindeua rumo ao distrito de Icoaraci, dando início à segunda romaria oficial do Círio de Nazaré 2017. Após uma noite de vigília e orações, a imagem foi acompanhada em carreata na Romaria Rodoviária, até o segundo destino da sua caminhada anual, o cais da Vila Sorriso, onde foi recebida por centenas de fiéis para a bênção que marcou a saída do Círio Fluvial pelas águas da Baía do Guajará.

Assim como no Traslado Rodoviário da última sexta-feira (6), milhares de devotos se prepararam desde as primeiras horas do dia para acompanhar a procissão que partiu da rodovia BR-316, passando pelo entroncamento e seguindo pela avenida Augusto Montenegro. No percurso de quase 24 quilômetros até o trapiche de Icoaraci, o segundo maior das romarias oficiais do Círio, novas e emocionantes homenagens à Virgem de Nazaré.

"A grande mensagem deste Círio é 'Maria, estrela da evangelização'. Que nós corramos atrás desta estrela e que nós sejamos também, de alguma forma, estrelas que conduzem a Jesus", ressaltou o Arcebispo Metropolitano de Belém, Dom Alberto Taveira, durante a romaria. Para ele, o Círio é um "evento de fé que resvala em todos os campos da vida humana". "Significa o apostolado da igreja junto dos ribeirinhos, o valor que nós damos, pela fé que professamos, às águas, às matas e a nossa Amazônia. Tudo isso tem um grande significado para nós", destacou.

A imagem peregrina de Nossa Senhora de Nazaré chegou ao porto de Icoaraci às 8h40 e, após a bênção aos fiéis, foi conduzida por Dom Alberto Taveira até a corveta Garnier Sampaio, da Marinha do Brasil, que a transporta oficialmente e faz a sua escolta pelas águas da baía do Guajará.

Nessa, que marca a terceira romaria oficial do Círio, a imagem peregrina foi acompanhada em um trajeto de mais de 18 quilômetros – o equivalente a 10 milhas náuticas - em uma procissão de aproximadamente duas horas de duração. Durante a romaria, a imagem peregrina abençoou ribeirinhos e fiéis que acompanharam o cortejo fluvial.

Devoção e homenagens - O Círio das Águas, como também é conhecida a Romaria Fluvial, é realizado há 32 anos, e começou por iniciativa do historiador Carlos Rocque, presidente da então Companhia Paraense de Turismo (Paratur) - hoje Secretaria de Estado de Turismo (Setur) -, como forma de permitir aos moradores da região das Ilhas de Belém a chance de também homenagear a padroeira do Pará. Ao longo de mais de três décadas, a Romaria Fluvial cresceu exponencialmente. Das cerca de 50 embarcações participantes na primeira edição, em 1986, saltou para mais de 340, este ano, número oficial de embarcações inscritas pela Capitania dos Portos.

Durante o trajeto, romeiros e turistas de várias partes do estado, do Brasil e do mundo aproveitaram para contemplar e renovar os votos de fé na padroeira dos paraenses. Entre eles estava dona Ancilda Povoa, que há três anos acompanha o Círio Fluvial. Nascida em Natal, no Rio Grande do Norte, ela conta que se apaixonou pela cidade e pela fé do povo paraense. "Este é um momento ímpar da fé em Maria. No meu primeiro ano eu me emocionei muito, pois estava com problemas de saúde na família e senti a presença dela intercedendo. São momentos de extrema alegria, algo indescritível", afirmou.

A gratidão e o amor por Maria também são compartilhados pela família. O esposo de dona Ancilda, que é comandante da Marinha e devoto de Nossa Senhora, já esteve à frente do Garnier Sampaio por três anos. "Ele sempre diz que se suas atividades na Marinha se encerassem hoje, ele finalizaria a sua carreira feliz, pois teria comandado o navio mais importante da instituição, pois para os romeiros, o Garnier é o navio da Santa e isso tem um peso muito grande. E eu concordo com ele. Hoje sou muito devota de Nossa Senhora de Nazaré. Ela é a grande intercessora de todos nós", comentou.

Os pedidos e agradecimentos são expressos de diversas formas. O artista plástico Erinaldo Filho, 48 anos, também é do Rio Grande do Norte, mas mora em Belém há 38 anos. Com tanto tempo vivenciando essa manifestação de fé, ele já se considera um verdadeiro paraense. Prova disso é a sua grande devoção em Nossa Senhora, que em todos os Círios procura homenagear de uma forma diferente. Nos últimos quatro anos ele usou a sua arte, a pintura, para declarar seu amor por Maria.

"É a quarta vez que acompanho o Círio Fluvial pintando quadros durante a romaria. Este ano retratei justamente esse cortejo pelas águas, que é algo muito emocionante. E ao fazer esse trabalho, penso em coisas positivas e agradeço a ela pela saúde, pela prosperidade e todas as bênçãos que tem derramado sobre a minha vida. Maria é minha grande inspiração", afirmou.

O vice-almirante Edervaldo Teixeira de Abreu Filho, comandante do 4º Distrito Naval, é outro devoto de Maria. Natural do Rio de Janeiro, ele disse estar emocionado ao participar pela primeira das celebrações por Nossa Senhora de Nazaré. "Pra mim, como católico e oficial da Marinha, este momento é muito forte e importante para a renovação de fé, principalmente do povo ribeirinho", afirmou.

O vice-almirante avaliou positivamente o cortejo. "A romaria seguiu dentro do horário previsto, com toda a segurança necessária. São cerca de 500 pessoas envolvidas para que possamos ter um Círio seguro, como o povo merece. A escolta foi feita por embarcações do Grupamento de Patrulha Naval do Norte e da Capitania dos Portos. O Corpo de Bombeiros e demais forças de segurança do Estado também estiveram presentes para fazer a segurança de embarcações e passageiros ao longo do trajeto.

"A Setur também tem colaborado nesse processo de prevenção, inclusive fazendo pesquisas para avançar na questão da segurança, por meio de pesquisas de opiniões junto aos romeiros, para que a Marinha possa ir implementando essas melhorias. Além disso, as embarcações cadastradas na Capitania dos Portos recebem uma bandeira ou adesivos confeccionados pela Setur que oficializam a participação da embarcação na romaria", informou o secretário estadual de Turismo, Adenauer Góes.

Sobre as manifestações e sua importância para o turismo e economia do Estado, o secretário ressaltou. "O Pará é privilegiado por ser o berço do Círio de Nazaré, uma festa que atrai anualmente cerca de 80 mil pessoas de fora do estado, que deixam na economia local algo em torno de R$ 100 milhões. As pesquisas da Setur e do Dieese/PA mostram também que além desse montante que vem de fora, esse período é capaz de injetar algo em torno de R$ 1 bilhão quando se considera todas as movimentações ocorridas dentro do estado em todos os segmentos de mercado", destacou Adenauer Góes.

Segundo estimativa da Setur, o Círio Fluvial deste ano foi acompanhado por aproximadamente 50 mil pessoas, seja nos barcos ou assistindo a saída da imagem de Icoaraci e a chegada em Belém.

Bênçãos finais - Na chegada à escadinha da Estação das Docas, por volta das 11h, a imagem peregrina foi retirada da cúpula de vidro que a protege durante o deslocamento e conduzida até a Praça Pedro Teixeira, onde recebeu honras de chefe de Estado, pela Polícia Militar, como determina a Lei Estadual nº 4371, de 15 de dezembro de 1971, que proclamou a Virgem de Nazaré, Padroeira do Pará e Rainha da Amazônia.

Após a recepção protocolar e homenagens militares e de autoridades governamentais na Praça Pedro Teixeira, a imagem foi conduzida pelas mãos dos bispos auxiliares Dom Antônio de Assis Ribeiro e Dom Irineu Roman para a bênção da população, que desde muito cedo procurou o melhor lugar para acompanhar a chegada da Romaria Fluvial e poder chegar o mais perto possível do símbolo maior dos católicos do Pará.

Após a benção dos filhos de Maria, a imagem foi colocada novamente em uma réplica da berlinda para dar início a Moto Romaria, em um percurso de pouco mais de dois quilômetros até o Colégio Gentil Bittencourt. De lá, ela segue no início da noite para a Trasladação, rumo à Catedral de Belém, em uma caminhada de fé que antecede a grande procissão do domingo, onde a emoção é elevada ao infinito e os sentimentos são multiplicados por milhões de corações espalhados pelas ruas de Belém e por todo o mundo.