Seminário sobre sífilis congênita reúne especialistas no Cesupa
Em 2014 foram registrados no Pará 746 casos de sífilis congênita – quando a doença é transmitida da mãe para o bebê –, segundo dados do Sistema de Informação de Agravos de Notificação (Sinan), do Ministério da Saúde, e veiculados pela Secretaria de Estado de Saúde Pública (Sespa). A doença poderia estar erradicada, mas os números têm crescido por conta das políticas de estímulo ao diagnóstico precoce. O cenário pode se complicar caso perdure o desabastecimento mundial de penicilina benzatina, conhecida pelo nome comercial Benzetacil, por parte da indústria farmacêutica mundial.
O assunto será tratado durante toda esta sexta-feira (26), em Belém, durante o seminário de sífilis congênita, no auditório do Centro Universitário do Pará (Cesupa) na avenida Almirante Barroso, Souza. Realizado pela Coordenação Estadual de DST/ Aids, o evento terá a participação de mais de 150 profissionais de saúde, entre representantes do Ministério da Saúde, Estado e centros de referência, os oriundos da Atenção Básica e de maternidades do Estado.
Para o evento também são esperados médicos infectologistas, essenciais para dinamizar o debate em torno dos aspectos clínicos da doença, que é causada por uma bactéria e transmitida durante o contato sexual sem preservativo, sobretudo no sexo oral. Em adultos, ela se manifesta como uma ferida no pênis, na vagina ou na boca. Os sintomas podem desaparecer e voltar tempos depois de uma forma mais grave, causando problemas na artéria aorta e até distúrbios cerebrais.
Segundo cartilha informativa do Ministério da Saúde, quando desenvolvida em grávidas, a doença pode ser ainda mais devastadora nos bebês, que podem sobreviver com malformações e também com problemas neurológicos graves. Segundo o Sinan, as notificações de sífilis congênita no Pará vêm aumentando nos últimos anos: em 2010 haviam sido 440 casos; em 2011, 551; em 2012, 540; e em 2013, com 608 transmissões. Entre os nascidos vivos no Pará, 2% nascem com a doença.
“O momento será propício para trocar ideias sobre o crítico desabastecimento da penicilina, por se tratar do único tratamento com evidência técnica para impedir a ocorrência da transmissão vertical de sífilis”, explica a coordenadora estadual de DST/ Aids, médica hepatologista Deborah Crespo.
O médico Helio Franco, também da Sespa, destaca a importância do pré-natal para evitar a proliferação da doença. Segundo ele, 2% dos bebês que nascem na Santa Casa têm sífilis congênita. Quando feitos no pré-natal, o diagnóstico e o tratamento do bebê, da mãe e do pai custam apenas R$ 15, mas se o bebê nasce com sífilis, terá que ficar no mínimo dez dias internado numa Unidade de Cuidados Intermediários (UCI), ao custo de R$ 1,5 mil por dia.
Para que o tratamento da mãe seja efetivo e evite a transmissão ao bebê, o procedimento deve ser feito até um mês antes do parto. Se infectado pela sífilis, o recém-nascido deve ficar internado por dez dias para receber a medicação adequada.
Serviço: O seminário de sífilis congênita ocorre nesta sexta-feira (26), de 8 às 18 horas, no campus do Cesupa localizado na avenida Almirante Barroso, 3.775, em frente à Fundação Pestalozzi do Pará. Informações pelo telefone (91) 4006-4279.