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Museus paraenses guardam a riqueza da história amazônida

Por Redação - Agência PA (SECOM)
03/07/2015 09h34

O Centro Histórico de Belém guarda em si riquezas de um peso cultural e um simbolismo religioso tão importantes para a sociedade paraense que podemos definir essa parte da cidade como um grande museu a céu aberto. E mesmo os museus que por lá existem são de um acesso tão fácil que não há nada que passe desapercebido ao olhar de quem resolver remontar o processo de formação da capital paraense a partir da história exposta nesses espaços. Os museus são, em sua definição mais clara, o ponto chave entre quem fomos, o que somos hoje e onde queremos chegar.

Em todo o Estado, há 47 museus cadastrados no Instituto Brasileiro de Museus (Ibram). Mas é o peso histórico do acervo de cada um desses espaços que guarda a riqueza do passado e os segredos do homem amazônida. Valores que passeiam pelas urnas funerárias do século V, encontradas no Marajó e em exposição no Museu Arqueológico do Forte do Castelo; até a famosa tela Cólera Morbus, em processo de restauração no Museu Histórico de Cametá.

“A qualidade do acervo em exposição no Estado faz dos museus paraenses referências nacionais, porque quase todos possuem peças, objetos e relíquias que remontam a períodos muito anteriores à chegada dos portugueses na Amazônia”, explica Daysiane Ferraz, coordenadora de documentação e pesquisa do Sistema Integrado de Museus (SIM). Atualmente, oito museus e dois memoriais estão sob administração do governo do Estado por meio da Secretaria de Estado de Cultura (Secult), sob a qual está subordinada o SIM.

O Pará é pioneiro no modelo de gerenciamento de Museus. Foi um dos primeiros estados do Brasil a criar um sistema que tanto integra os museus sob responsabilidade do Estado quanto, a partir de termos de cooperação técnica, orienta e presta consultoria para tantos outros espaços localizados em cidades do interior.

Cadastrados no Ibram estão 47 museus localizados em 12 municípios paraenses: Altamira, Belém, Bragança, Cametá, Itaituba, São Geraldo do Araguaia, Cachoeira do Arari, Marabá, Monte Alegre, Santarém e Vigia. Outros seis espaços estão no que os especialistas chamam de “processos muesais”, procedimento que antecede a decretação desses espaços como museus estabelecidos.

Essa distribuição dá ao Estado uma média de 173 mil moradores para cada museu. O Conselho Internacional de Museus estabelece como ideal a referência de 57 mil habitantes para cada espaço museológico. A qualidade do acervo paraense, no entanto, tem revolucionado o setor em quantidade e qualidade. Não à toa, as disciplinas de História da Amazônia e História Regional têm sido revistas, nesse mesmo período, em todas as faculdades e universidades que trabalham com o tema em função da carga histórica descoberta e exposta por esses espaços.

Espaços como o Museu da Imagem e do Som, idealizado pela escritora Eneida de Moraes e que hoje guarda documentos, declarações e depoimentos importantes de Waldemar Henrique, Carlos Gomes, Magalhães Barata e Altino Pimenta, ajudam a entender e definir os passos futuros da classe artística paraense.

O Museu de Arte Sacra, por outro lado, não guarda a ‘criança que virou estátua porque tentou bater na mãe’ - história que alimentou o imaginário paraense por tantas décadas para reprimir o mau comportamento de quem insistia em viver na teimosia -, mas tem em seu acervo a Nossa Senhora do Leite e a imagem de Santa Quitéria, relíquias que arrancam suspiros pela genialidade da obra e atraem estudiosos e visitantes de tantos lugares do Brasil e do mundo pelo peso histórico e cultural que possuem.

No Museu de Gemas da Amazônia é possível encontrar um dos maiores exemplares de Druza, pedra altamente energizada e utilizada como adorno pelo nativo amazônida desde os séculos que antecederam a descoberta do Brasil. “E o mais interessante de tudo é que o acesso é praticamente livre. A taxa cobrada na entrada é simbólica e estudantes ainda pagam meia entrada. Mas quando as visitas são agendadas, nada é cobrado. E ainda colocamos um instrutor para acompanhar as comitivas e explicar cada detalhes das exposições”, conclui Daysiane Ferraz.

Os museus gerenciados pelo Estado ficam abertos de terça e domingo, no horário comercial. Entidades da sociedade civil e escolas públicas e privadas podem agendar visitas pelo telefone 4009-8845. As visitas monitoradas são gratuitas e podem acontecer durante todo o dia.