Sespa apoia Projeto “Hepatites Virais. Descubra” ao público LGBT
Foi lançado nesta quarta-feira, 15, no auditório da Prefeitura de Belém, o projeto “Hepatites Virais. Descubra”. Iniciativa do Grupo Homossexual do Pará (GHP) e apoiado pela Secretaria de Estado de Saúde Pública (Sespa), o projeto é piloto no Brasil e tem como objetivo levar informação ao público LGBT (Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis) do Estado.
"Esse projeto é o único no Brasil que trabalha as hepatites virais junto ao segmento LGBT, e o objetivo da parceria com o GHP é justamente trabalhar as populações vulneráveis. O lançamento da campanha marca o início de uma ação contínua que se estenderá até o final de 2016, baseado em um trabalho de orientação que será a escolas, igrejas, saunas, boates e outros espaços frequentados pelo público LGBT em vários municípios”, destacou a coordenadora estadual de Hepatites Virais, Cisalpina Cantão.
“O público LGBT sofre muito com discriminação, o que leva ao afastamento do serviço de saúde. E a nossa função é ressaltar que todos os cidadãos tem, por direito, acesso ao Serviço Único de Saúde. Essa experiência é inovadora e o queremos com isso é levar ao Brasil esse olhar mais humanitário, além de incentivar essa população a buscar pelos serviços de vacinação e testagem, reforçando, assim, o cuidado e prevenção contra esse vírus”, explicou Nilton Gomes, consultor técnico da Coordenação Nacional de DST/Aids e Hepatites Virais do Ministério da Saúde.
Ao longo dos meses de julho e agosto, o trabalho incluirá visitas a saunas, boates, cinemas de pegação, salões de beleza, esmalterias, estúdios de tatuagem e piercing, terreiros de matriz africana e escolas publicas, tanto na capital como nos municípios de Soure, Salvaterra, Joanes e o distrito de Mosqueiro. Para essa iniciativa, a Coordenação Estadual de Hepatites Virais providenciou farto material informativo, como fôlderes, cartazes e banners, além de 30 mil preservativos.
“As hepatites, principalmente B e C, são doenças que podem levar ao câncer e à cirrose de forma silenciosa. A população precisa saber que essa doença existe e esta ação busca sensibilizar a sociedade para que possamos prevenir complicações futuras. Nosso objetivo com as testagens é fazer um diagnóstico precoce e tratar a hepatites antes que ela evolua para quadros mais graves como o da cirrose e do câncer de fígado”, ressaltou Márcia Iasi, médica gastro e hepatologista.
O projeto faz parte da campanha que marca o mês de intensificação da prevenção e controle das hepatites, “Julho Amarelo”, que vendo desenvolvida pela Secretaria de Estado de Saúde Pública (Sespa) desde maio deste ano e que já contabilizou 1.863 testes, entre locais específicos da capital e nos Centros de Testagens e Aconselhamento (CTAS) do interior, por meio de uma parceria entre a Coordenação Estadual de Hepatites Virais da Sespa e integrantes de entidades que militam na causa LGBT - Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis, Transexuais e Transgêneros. As atividades serão realizadas até o Dia Mundial de Combate às Hepatites (28 de julho).
“As hepatites A e E são de transmissão fecal ou oral, ou seja, com água e alimentos contaminados e elas evoluem para a forma crônica. Já a B, C e Delta cronificam, podem gerar cirrose e câncer de fígado. Então nós temos testes rápidos para B e C. No caso da hepatite Delta, que é menos prevalente na nossa região, o vírus precisa de outro - o vírus B - para se desenvolver. Se for vacinado para B, o indivíduo já garante imunidade para a Delta”, explica Márcia Iasi.
O lançamento do projeto coincidiu com o último dia do ciclo de testagens extras que a Sespa ofereceu na praça central da Santa Casa. Somente na terça-feira, 14, foram realizados 142 testes, dos quais quatro deram positivos para hepatite C. Os pacientes foram encaminhados para tratamento no próprio hospital, que é referência estadual em doenças do fígado.
Roteiro - As ações do projeto “Hepatites Virais. Descubra” acontecerão bem além do lançamento, conforme o roteiro a seguir:
16 a 19 de julho - Campanha nos municípios de Soure, Salvaterra e Joanes;
20 a 22 de julho - Visita e campanha em locais de frequência LGBT em Belém, como saunas, cinemas e locais de prostituição masculina e feminina;
23 a 26 de julho - Ações durante as mobilizações em torno da Parada do Orgulho LGBT de Mosqueiro, que ocorrerá no domingo (26);
30 de julho a 2 de agosto - Campanha em Santa Izabel e nos balneários de Porto de Minas e Caraparu;
6 a 7 de agosto - Ações nos terreiros de religiões de matriz africana, esmalterias e em estúdios de tatuagem e piercing;
9 de agosto - Ação no espaço cultural Fuxico.
Segundo Eduardo Benigno, coordenador executivo do GHP, é a primeira Vez que uma ong LGBT escreve um projeto pioneiro no Brasil de prevenção e diagnóstico das Hepatites Virais B e C voltado para essa comunidade. “Segundo dados do Ministério da Saúde, são esses os perfis mais vulneráveis para essa epidemia”, explica. Para Socorro Silva, coordenadora de mobilização social da Sespa, a iniciativa é importante pois abre espaço para a discussão e divulgação de políticas públicas voltadas a esse público. "Cada vez mais o governo do Estado apoia ações destinadas a esses segmentos da sociedade e a nossa presença mostra o comprometimento com essa parceria”.
Números - Devido o estímulo progressivo ao diagnóstico precoce, os casos de hepatite têm aumentado no Pará. Entre 2007 e 2014 foram confirmados 2.211 casos do tipo B e outras 871 ocorrências da forma C. Só no ano passado surgiram 242 casos de hepatite B, além de 91 do tipo C. De janeiro deste ano até o momento, 304 pessoas já foram diagnosticadas com hepatites, das quais 148 com o tipo A; 103 com o vírus B e outras 53 para a tipagem C. Os números já incluem o quantitativo de pessoas diagnosticas no período da campanha “Julho Amarelo”. A estimativa do Ministério da Saúde é que no Brasil 800 mil pessoas estejam infectadas pelo vírus B e 1,5 milhão de pessoas pela hepatite C. Da infecção até a fase da cirrose hepática, pode levar de 20 a 30 anos, em média, sem nenhum sintoma.
O médico e assessor da Sespa, Hélio Franco, representou o secretário de Saúde do Estado, Vitor Mateus. O projeto é uma realização do GHP e tem a parceria da Sespa (por meio da Coordenação Estadual de Hepatites Virais); Coordenação de Mobilização Social; Prefeitura Municipal de Belém (via Coordenação Municipal de DST/HIV/Aids e Hepatites Virais) e apoio institucional do Forúm Paraense de Ong Aids e Hepatites Virais, ABGLT – Associação Brasileira LGBT e Movimento LGBT do Pará.