Pará consolida protagonismo nacional na agropecuária, aponta Boletim Agropecuário
Estado é o segundo maior produtor de bovinos do país, lidera a criação de búfalos e amplia destaque na aquicultura e exportações
O Governo do Pará reafirma o protagonismo do estado no setor agropecuário brasileiro, com resultados expressivos revelados no Boletim Agropecuário Paraense 2025, lançado nesta quinta-feira (18) pela Fundação Amazônia de Amparo a Estudos e Pesquisas (Fapespa). O documento confirma o fortalecimento do campo como um dos principais vetores da economia paraense, com avanços significativos na pecuária bovina e bubalina, na aquicultura, na produção agrícola e nas exportações.
De acordo com os dados, o Pará consolidou-se como o segundo maior produtor de bovinos do país, com um rebanho de 25,6 milhões de cabeças em 2024, o equivalente a 10,7% do total nacional. Em um cenário de retração geral no Brasil, o Pará registrou crescimento de 2,1%, impulsionado pela expansão da fronteira pecuária e a presença de grandes polos produtivos.
Na criação de búfalos, o estado manteve a liderança nacional, concentrando 42,9% do rebanho brasileiro, com 775,1 mil cabeças, majoritariamente localizadas no arquipélago do Marajó. O município de Chaves se destacou como maior produtor do país.
O setor aquícola também apresentou crescimento expressivo. A produção triplicou entre 2013 e 2024, atingindo 16,7 mil toneladas. O Pará manteve um ritmo de crescimento acima da média nacional, com destaque para o cultivo do tambaqui, responsável por cerca de 60% da produção estadual.
Agricultura diversificada e em expansão
Mesmo com apenas 1% da área agricultável do país, a agricultura paraense gerou R$ 35,9 bilhões em valor de produção em 2024, um crescimento médio de 8% ao ano desde 2000. Com isso, o estado saltou da 17ª para a 8ª posição no ranking nacional de valor da produção agrícola, aumentando sua participação de 2,4% para 4,6%.
Na lavoura permanente, o valor total chegou a R$ 20,6 bilhões em 2024, um aumento de 39,7% em relação ao ano anterior. Cinco culturas responderam por aproximadamente 95% do valor total: cacau (37,4%), açaí (36,1%), dendê (10,8%), pimenta-do-reino (6,1%) e banana (5,2%). Os destaques foram o salto do cacau, com crescimento de 259,3%, e da pimenta-do-reino, com 147,4% de aumento em valor.
Já a lavoura temporária somou R$ 15,3 bilhões, com leve retração de -2,9%. A soja liderou com R$ 7,2 bilhões (47,7%), seguida pela mandioca, com R$ 4,7 bilhões (30,3%). Houve queda expressiva no valor do milho, de -25,9%. A produção está concentrada: 10 municípios respondem por mais da metade do valor da lavoura temporária, com Paragominas na liderança, representando 11,9% do total.
Municípios se destacam na produção pecuária
Quatro municípios paraenses estão entre os dez maiores produtores de bovinos do Brasil: São Félix do Xingu, Marabá, Novo Repartimento e Altamira. São Félix do Xingu lidera o ranking nacional, com 2,5 milhões de cabeças (1,1% do rebanho brasileiro). Altamira e o próprio São Félix apresentaram crescimento em 2024, enquanto Marabá e Novo Repartimento registraram leve retração.
Ao todo, dez municípios concentram 41,1% do rebanho bovino estadual, com destaque para São Félix do Xingu (9,9%), Marabá (5,1%) e Novo Repartimento (4,9%). Outros municípios como Cumaru do Norte (2,9%), Santana do Araguaia (2,6%) e Altamira (1,3%) também apresentaram crescimento expressivo.
O conjunto dos demais municípios, que representam 58,9% do efetivo estadual, teve crescimento de 3,3%, desempenho superior ao dos municípios ranqueados e principal responsável pelo aumento total do rebanho paraense.
A evolução histórica do rebanho bovino em São Félix do Xingu revela um avanço notável a partir dos anos 2000, com um crescimento exponencial da atividade. O município ultrapassou Corumbá (MS) e se consolidou como o maior produtor de bovinos do país.
Diversidade na criação animal
A diversidade da pecuária paraense também se reflete em outras criações. Em 2024:
- São Félix do Xingu liderou o rebanho equino (29,5 mil cabeças) e ovino (18 mil cabeças);
- Cametá se destacou na suinocultura, com 31,5 mil cabeças;
- Chaves liderou na criação de caprinos, com 4,8 mil cabeças;
- Santa Izabel do Pará concentrou a maior produção de galináceos, com 7,6 milhões de aves.
O boletim aponta que a agropecuária ocupa 18,4% do território paraense, majoritariamente com áreas de pastagens. Cerca de 70% dessas áreas foram desmatadas antes de 2008, o que reforça o papel da intensificação produtiva e da recuperação de áreas já abertas como estratégias para o desenvolvimento sustentável.
Em 2024, o Pará exportou 160,5 mil toneladas de carnes, um aumento de 51,1% em relação a 2023. O pescado também se manteve como item relevante da pauta exportadora, com o estado ampliando sua participação nas exportações brasileiras nos últimos anos.
Empregos no setor
No cenário nacional, o setor agropecuário manteve-se com mais de 8 milhões de trabalhadores. No Pará, o número de ocupados chegou a cerca de 500 mil pessoas em 2024, após pico superior a 700 mil em 2021. O estudo destaca que o emprego rural apresenta variações sazonais e conjunturais, afetadas por fatores econômicos, climáticos e mercadológicos.
Entre 2002 e 2022, o Valor Adicionado Bruto (VAB) da agropecuária no Produto Interno Bruto (PIB) do Pará apresentou crescimento expressivo, com aceleração a partir de 2019 e pico histórico em 2021. Esse desempenho superou a média nacional e reflete ganhos de produtividade, expansão das atividades e diversificação da base produtiva agropecuária no estado.
Análise técnica e potencial produtivo
Produzido pela Diretoria de Estudos e Pesquisas Socioeconômicas e Análise Conjuntural (Diepsac), o Boletim Agropecuário Paraense 2025 utiliza bases de dados oficiais como IBGE (PPM, PAM, PEVS), PNAD Contínua, RAIS, Banco Central, COMEX STAT, entre outras.
“O estudo mostra claramente o grande potencial do setor agropecuário do Pará, que vem avançando com base na ciência, tecnologia e inovação, promovendo aumento da produtividade, valorização dos produtos e sustentabilidade. Esse desempenho é resultado de um esforço coletivo e de políticas públicas estaduais, fomentadas pela Fapespa”, diz Marcel Botelho, presidente da Fapespa.
“O Boletim Agropecuário tem atestado ano após ano que o Pará é uma das maiores potências do setor no Brasil e no mundo. Com o Brasil ultrapassando os Estados Unidos na liderança da produção bovina mundial, o Pará, que tem o segundo maior rebanho nacional, consolida sua relevância. Além disso, lideramos a produção de cacau, mandioca e búfalos, e somos o maior produtor nacional e mundial de açaí. Isso demonstra que o território paraense tem todas as condições para se tornar a maior potência agroalimentar do país”, destacou o diretor técnico da Fapespa, professor Márcio Ponte.
A última atualização do Boletim revela que o setor agropecuário tem desempenhado um papel estratégico na consolidação do desenvolvimento econômico do Pará, sendo um dos principais vetores de geração de renda, emprego e sustentabilidade regional. A diversidade de biomas, a vasta disponibilidade de recursos hídricos e a extensão territorial conferem ao estado condições favoráveis para a expansão de atividades como a pecuária, a agricultura familiar e o cultivo de grãos, além do fortalecimento de cadeias produtivas como as do cacau, açaí e dendê.
O boletim completo está disponível no site da Fapespa, na aba de publicações: www.fapespa.pa.gov.br.
