Sespa reúne regionais de saúde para planejar ações de combate à tuberculose em 2026
Iniciativa reforça importância da gestão integrada, da qualificação da informação e do amplo acesso ao diagnóstico e tratamento, especialmente entre populações com maior risco de adoecimento
Com o compromisso de fortalecer a vigilância epidemiológica e qualificar o cuidado às populações mais vulneráveis, o Programa Estadual de Controle da Tuberculose realiza nesta quinta e sexta-feira (4 e 5), em Belém, um encontro técnico com os coordenadores das 13 Regionais de Saúde (CRS). Pela manhã, o evento reuniu cerca de 40 profissionais que atuam diretamente na prevenção, diagnóstico e tratamento da doença no Pará.
“Estamos aqui para discutir a situação da tuberculose nestes últimos anos no nosso Estado. O que nós avançamos, o que nós precisamos avançar e quais são as experiências que permitem haver uma troca entre regiões. Além disso, nossa meta é fazer o nosso planejamento de ações e entender quais as próximas prioridades”, disse Odineia Maria da Silva, coordenadora interina do Programa de Tuberculoses da Sespa.
O objetivo central do encontro é planejar ações estratégicas para 2026, aperfeiçoando fluxos de trabalho, avaliando os resultados alcançados no período de 2023 a 2025, e estabelecer metas voltadas ao controle da tuberculose no território paraense. A iniciativa foi conduzida pela equipe técnica do CEPCT/DVS/Sespa, e reforçou a importância da gestão integrada, do uso qualificado da informação e da ampliação do acesso ao diagnóstico e tratamento, especialmente entre populações com maior risco de adoecimento.
Perfil - Durante a programação foram apresentados dados atualizados do perfil epidemiológico, e abordados os incentivos financeiros, organização da assistência farmacêutica e aprimoramento dos sistemas de informação. Temas prioritários ganharam destaque: vigilância do óbito, coinfecção tuberculose/HIV, atenção à saúde da população privada de liberdade, povos indígenas e pessoas em situação de rua. A abordagem reforçou a relação entre vulnerabilidade social e adoecimento, apontando que fatores como insegurança alimentar, falta de acesso ao transporte e dificuldades de acesso aos serviços de saúde podem comprometer o tratamento.
A Sespa também ressaltou a articulação com outras áreas do governo, como a Secretaria de Estado de Assistência Social, Trabalho, Emprego e Renda (Seaster). Um acordo de cooperação técnica está em construção para apoiar pacientes em situação de vulnerabilidade, garantindo suporte que possibilite a continuidade do tratamento e a adesão às etapas necessárias para a cura.
Certificação - Um dos principais momentos do encontro foi a certificação das Regionais de Saúde e municípios que alcançaram as metas estabelecidas entre 2023 e 2025. A premiação reconheceu o avanço em áreas estratégicas, como oferta de exames, confirmação laboratorial de casos, ampliação da testagem para HIV entre pessoas com tuberculose, além de indicadores de cura.
“Essa certificação é fruto de articulação que envolve a rede laboratorial, a gestão municipal e a Secretaria de Saúde. Há muitos desafios para chegarmos nesse resultado. Por exemplo, as distâncias geográficas. Às vezes, as distâncias entre casas na zona rural podem chegar a 5 ou 10 quilômetros, e isso se reflete na realização de exames e acompanhamento de pacientes”, afirmou Juan de Oliveira da Silva, da Coordenação do 8º Centro Regional de Saúde, Região do Marajó 2.
Segundo a equipe técnica, a certificação estimula o compromisso permanente com a ampliação do diagnóstico. Apesar de exames simples e essenciais, como a baciloscopia, ainda não estarem disponíveis em todos os municípios, os resultados mostram evolução no alcance das metas e evidenciam o esforço das regionais para melhorar a assistência. Cidades que ofertaram testagem universal para tuberculose e HIV receberam destaque especial.
Atenção Primária - O encontro reforçou o papel da Atenção Primária à Saúde como principal executora das ações de vigilância e atendimento aos pacientes com suspeita ou confirmação da doença. A Sespa destacou a necessidade de ampliar o diálogo com as equipes municipais, qualificando processos de trabalho e aproximando a rede assistencial da realidade das comunidades.
“Sem a Atenção Primária, a gente não consegue fazer nada. Eles são as principais chaves para a gente conseguir combater a doença. Temos uma meta a ser cumprida até 2030, e por isso contamos com eles nessa redução”, disse Mairley Serrão, enfermeira do 13º CRS.
A estratégia também envolve articulação com escolas e instituições de ensino, por meio do Programa Saúde na Escola, que busca ampliar a informação, sensibilizar comunidades e estimular o diagnóstico precoce entre crianças e adolescentes — faixa etária em que se observa aumento de casos.
A troca de experiências, a análise de dados e o diálogo entre as regionais permitiram traçar o planejamento técnico que orientará o próximo ciclo de ações do Programa Estadual. A iniciativa reforça o compromisso da Sespa em garantir o controle da tuberculose como uma política pública transversal, baseada na cooperação, na ciência e na proteção da população.
Texto: Caroliny Pinho - Ascom/Sespa
