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Ideflor-Bio promove diálogo sobre restauração biocultural e cadeia de sementes florestais na COP30

O encontro reforçou a importância de integrar ciência, tradição e governança comunitária para fortalecer ações de restauração ecológica alinhadas ao modo de vida dos povos da floresta

Por Vinícius Leal (IDEFLOR-BIO)
21/11/2025 11h54

Pesquisadores, lideranças indígenas e representantes da sociedade civil estiveram reunidos no Pavilhão Pará, na Green Zone da COP30, para uma reunião colaborativa dedicada ao tema “Restauração Biocultural e Cadeia de Sementes Florestais: Saberes, Arte e Governança Comunitária da Floresta Viva”. O encontro reforçou a importância de integrar ciência, tradição e governança comunitária para fortalecer ações de restauração ecológica alinhadas ao modo de vida dos povos da floresta. 

A atividade foi conduzida pelas analistas ambientais do Instituto de Desenvolvimento Florestal e da Biodiversidade do Pará (Ideflor-Bio), Claudia Kahwage e Jalva Braga, que enfatizaram o caráter participativo e interinstitucional do diálogo.

O debate reuniu pesquisadores e representantes de instituições parceiras, entre eles o Dr. Marcelo Tabarelli (Museu Emílio Goeldi), Dr. Seidel Santos (Universidade do Estado do Pará - Uepa), Juarez Pezzuti, Dr. Rene Poccard (Centro de Cooperação Internacional em Pesquisa Agronômica para o Desenvolvimento - Cirad), Dra. Noemi Viana (Embrapa) e Joelma Tembé (Associação das Mulheres Indígenas do Gurupi - Amig). A diversidade de vozes refletiu o entendimento de que a restauração biocultural ultrapassa soluções exclusivamente técnicas, envolvendo memória, território, conhecimentos ancestrais e participação ativa das comunidades tradicionais.

Ao contextualizar o objetivo da reunião, Claudia Kahwage destacou a relevância da cooperação técnica entre pesquisa e comunidades indígenas. “A reunião colaborativa contou com a participação de organizações de pesquisa e da sociedade civil que cooperam com o projeto de apoio à gestão e à restauração florestal da Terra Indígena Alto Rio Guamá. Dialogamos sobre a importância da restauração biocultural para a Amazônia”, afirmou. Para ela, o fortalecimento dessas parcerias é essencial para consolidar práticas de manejo e regeneração alinhadas aos valores e modos de vida indígenas.

Fortalecimento - A centralidade das comunidades no processo de restauração foi aprofundada pelo professor Seidel Santos. Ele enfatizou que a restauração biocultural é inseparável da participação direta dos povos da floresta. “Grande parte das áreas conservadas no Pará está em territórios especiais — unidades de conservação, terras indígenas e territórios tradicionais. Fortalecer ações nesses locais significa manter a floresta, a biodiversidade e as práticas culturais que garantem a existência desses povos. Discutir isso na COP é fundamental, pois a Amazônia é uma floresta antropogênica, moldada pela ação tradicional desses povos ao longo da história”, afirmou.

Seidel também destacou o diferencial do projeto coordenado pelo Ideflor-Bio, que une técnica, formação profissional e governança comunitária. Ele explicou que a iniciativa prevê a formação de 120 agentes agroflorestais nas regiões do Guamá e do Gurupi, preparando jovens e lideranças para atuar em todas as etapas da cadeia produtiva da restauração — desde a coleta de sementes até a implementação dos sistemas agroflorestais. “A restauração envolve uma cadeia produtiva. Ao unirmos formação técnica e saberes tradicionais, fortalecemos comunidades e ampliamos a solidez das ações de restauração”, completou.

Valorização - Claudia Kahwage afirma, ainda, que o encontro evidenciou a necessidade de políticas públicas que valorizem o conhecimento ancestral, promovam autonomia territorial e integrem ciência e cultura na tomada de decisões ambientais. 

“A presença de mulheres indígenas, pesquisadores amazônicos e instituições internacionais destacou o caráter transversal do tema e o reconhecimento de que a restauração biocultural é uma das estratégias mais eficazes para a manutenção da floresta viva. Ao final, ficou evidente que a COP30 é um espaço decisivo para reafirmar que restaurar a Amazônia significa, também, restaurar vínculos históricos, culturais e humanos com o território”, concluiu a analista ambiental.