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Prótese garante qualidade de vida a recém-nascidos com fissuras labiopalatinas

A placa fecha provisoriamente a fenda do céu da boca, permitindo que as crianças se alimentem e ganhem peso, até o momento da cirurgia corretiva

Por Etiene Andrade (SANTA CASA)
21/11/2025 08h30

Desde a realização da primeira indicação da placa obturadora de palato para uma criança internada no Setor de Neonatologia da Fundação Santa Casa de Misericórdia do Pará (FSCMPA), em 2024, pelo menos 13 recém-nascidos atendidas nas unidades neonatais da instituição já fizeram uso da peça, uma pequena prótese, moldada pela odontóloga do Serviço de Fissurados, que fecha provisoriamente a fenda do céu da boca de crianças que nascem com a fissura palatina, até que elas possam ser submetidas à cirurgia corretiva.

O uso da placa resulta em qualidade de vida às crianças e a seus familiares

“Para fazer o molde, a gente usa um material específico de fácil manipulação, que não escorre para dentro da boca do bebê. Depois, a gente faz um modelo de gesso desse molde. A gente manda esse modelo para o protético, que confecciona a placa em resina acrílica. Essas placas são adaptadas à boca do neném com uma colinha própria, da mesma que cola dentadura. Geralmente, eles precisam dessa cola porque a placa pode ficar caindo, se movimentando dentro da boca. É mais seguro a gente fazer adaptação com a cola. E como o bebê está crescendo, ela deve ser trocada mais ou menos de 30 em 30 dias, para que a gente não segure o crescimento da boca do bebê”, detalha a cirurgiã dentista Edilsa Sacramento, do Serviço de Referência em Fissuras e Anomalias Craniofaciais da Santa Casa.

Sucesso inicial - A primeira indicação do dispositivo para um bebê internado na unidade neonatal na Santa Casa foi realizada pela fonoaudióloga Mônica Carvalho. Por conta da má-formação, o recém-nascido usava sonda para ser alimentado, mas precisava conseguir ingerir a alimentação pela boca, de forma segura, para poder ir para casa. A partir do sucesso da primeira indicação, outras crianças puderam ser beneficiadas.

“A indicação passou a ser critério tanto para internados, quanto para neonatos e lactentes do Ambulatório, que apresentem dificuldade no processo de alimentação por via oral, como o tempo de ingestão longo, dificuldade no ganho de peso e não aceitação do volume total de leite prescrito. Quando se trata das dificuldades de alimentação, o período neonatal é o mais adequado para a utilização da placa obturadora palatina, e nossos pacientes têm usado até a realização da cirurgia para a correção dos lábios e do palato”, explica a fonoaudióloga.

Com o acompanhamento das crianças que usam a placa, constatou-se que o dispositivo favoreceu todo o processo de alimentação das crianças, desde as quantidades ingeridas, que aumentaram, até a velocidade da ingestão, melhorando o desenvolvimento dos bebês com segurança e eficiência, e evitando internações por períodos muito prolongados, e em algumas situações que fossem necessárias intervenções cirúrgicas, como a colocação de um dispositivo, por meio de cirurgia, para que a criança se alimente por uma sonda.

“No primeiro caso atendido, a última opção provável seria o bebê ter alta hospitalar sem se alimentar pela boca, e sim com uma sonda de alimentação fixada na barriga, chamada gastrostomia, que não é o meio fisiológico para uma pessoa receber o alimento. Esse procedimento é evitado com o uso do dispositivo, dando mais tranquilidade aos pais”, ressalta a fonoaudióloga.

Orientação - Tranquilidade que os pais do menino Theo puderem experimentar depois de 13 dias com o filho internado em uma maternidade particular, fazendo uso de sonda para se alimentar. Logo após a alta da maternidade, ele passou a ser acompanhado pelo serviço de referência da Santa Casa, onde a família foi orientada sobre os cuidados com a criança, indicando o uso da placa, conta a mãe de Theo, Elisabeth Quaresma Rosa.

“Na primeira consulta, a fonoaudióloga já indicou o uso da placa. A gente fez a consulta com a odontóloga, que providenciou a primeira placa, com um mês e uma semana. Ele iniciou o uso da placa antes dos dois meses. Antes de fazer uso da placa, ele estava ingerindo um volume de 50 ml em quase uma hora. Aí ele foi adaptando com a placa, e chegou o período da gente fazer em 20 minutos. E isso fez muita diferença, porque ele foi aumentando o volume de consumo de leite, e foi crescendo. Hoje, ele já está com mais de 6 quilos. A gente já entendeu que o Theo tem uma evolução muito boa”, acrescenta a mãe. Além dos ganhos para o filho, ela ressalta que o atendimento na Santa Casa trouxe mais confiança para a família, que ganha com um processo mais rápido, eficiente e seguro.

“Quando a gente iniciou o atendimento na Santa Casa foi um salto muito grande, porque a gente veio para uma equipe especializada, onde o acolhimento é melhor, o esclarecimento é melhor, e a gente consegue ter segurança nessa conduta”, afirma.

A fonoaudióloga Mônica Carvalho enumera os benefícios do uso da placa. “O dispositivo isola parcialmente a cavidade nasal da oral, o que favorece a pressão intraoral e, consequentemente, facilita a extração do leite do utensílio usado na alimentação; diminui o tempo de ingestão do alimento, gerando um ganho de peso mais adequado, e também colabora para um melhor posicionamento das estruturas da cavidade oral que estão fissuradas. Para a equipe, os benefícios são voltados para um processo mais eficiente e rápido, garantindo adequada alimentação e nutrição para os recém-nascidos com indicação de uso, e isso impacta num melhor preparo dessa criança para as futuras cirurgias”, conclui a especialista.