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INTELIGÊNCIA ESTRATÉGICA

Polícia desarticula mais de dez quadrilhas envolvidas em assaltos a bancos no Pará

Por Redação - Agência PA (SECOM)
24/07/2015 13h17

Ao longo deste ano, o trabalho integrado entre as Polícias Civil e Militar conseguiu desarticular mais de dez associações criminosas ligadas a assaltos a bancos no Pará, sobretudo em municípios do interior do Estado. Ao todo, de janeiro a julho, 50 envolvidos neste tipo de crime foram presos, de acordo com um levantamento da Divisão de Repressão e Combate do Crime Organizado (DRCO). Com eles, 27 armas de grande porte foram apreendidas, entre fuzis, escopetas e metralhadoras. Cinco pessoas acabaram mortas em confronto com os agentes de segurança.

Comparado ao mesmo período do ano passado, quando também foram registradas 36 ocorrências do tipo, neste ano as prisões cresceram quase 18%. Segundo o delegado Evandro Araújo - que está interinamente à frente da DRCO, mas desde o início do ano também responde pela Delegacia de Repressão ao Roubo a Banco -, no ano passado, 35 pessoas foram presas neste mesmo período. “Até agora tivemos 36 ocorrências de assaltos a bancos, o mesmo número resgistrado no ano passado. Mas este ano, além de capturarmos mais pessoas, temos todas as quadrilhas identificadas”, diz.

Entre as principais modalidades de assalto, o delegado destaca uma, recorrente, que vem sendo adotada pelas quadrilhas, conhecida como “novo cangaço” ou “vapor”, em que os assaltantes sitiam a cidade, invadem as agências bancárias e fazem reféns para praticar o assalto. Nesse tipo de crime, segundo o delegado, geralmente se observa o envolvimento de pelo menos dez pessoas de várias partes do país. Além deste, também é comum o “sapatinho”, no qual os assaltantes fazem refém um funcionário do banco (ou alguém da sua família) para obrigá-lo a retirar valores do cofre.

Experiência

Um dos investigadores do setor de inteligência da polícia, que não pode ter sua identidade revelada por motivos de segurança, revela o modo como as quadrilhas costumam agir. “Normalmente eles escolhem cidades bem afastadas da capital ou de centros urbanos, mas que tenham boa movimentação de dinheiro, e de preferência próximas de fronteiras com outros estados para facilitar a fuga. Então ou eles sitiam toda a cidade ou partem para render apenas quem está com a chave do cofre”.

Segundo ele, geralmente o grupo possui um ou dois integrantes do próprio estado, mas a maioria é proveniente de outras partes do país, com destaque para o Maranhão, Amazonas, Tocantins e Mato Grosso, justamente por serem vizinhos do Pará. “Normalmente eles ficam ‘queimados’ – como eles mesmo dizem - em seus estados de origem, por isso vão rodando atrás de novas cidades em estados vizinhos”. Além disso, os grupos costumam ter ligações com facções maiores, como é o caso do Primeiro Comando da Capital (PCC), de São Paulo.     

Com investimentos que levaram a uma profissionalização maior do setor, o Pará tem obtido índices satisfatórios de resolutividade de crimes. “Antes tudo era mais empírico. Hoje, nosso trabalho é técnico”, avalia o investigador, que há 15 anos trabalha na inteligência. Ele destaca, ainda, que ampliação da rede de informações tem sido um diferencial. “Não adianta a gente saber de uma ação que acontecerá em outro estado se não pudermos informar as autoridades policiais de lá, e vice-versa. Além disso, cada um possui a sua própria rede de contatos. E quanto a isso, o Pará está muito bem nivelado em termos de Brasil”, destaca.

Preparação

Outro diferencial tem sido a preparação que os policiais paraenses recebem desde a formação nas academias das Polícias Militar e Civil. Além das matérias tradicionais, como Atividade de Inteligência e Investigação Criminal, outras vêm sendo incorporadas gradativamente na grade curricular dos cursos de formação e atualização. Segundo o tenente coronel João Carlos Lima e Silva, diretor do Instituto de Ensino de Segurança do Pará (Iesp), somente este ano, mais de mil policiais civis e militares estão sendo formados em cursos de atualização.

Quanto à formação, Lima e Silva lembra, ainda, que somente a Polícia Militar foi responsável pela preparação de mais de dois mil soldados no ano passado. Para ele, a formação é a base para a conduta policial. “A gente não pode nunca esquecer que a educação é que faz a diferença, e para nós, da segurança, não é diferente. Ela é a mola propulsora, o que orienta um policial a como agir em cada situação, seja em uma ronda ou em uma ocorrência de assalto com refém, por exemplo. Para isso, ele é capacitado desde o início, nas suas habilidades cognitivas, ou na aquisição de outros conhecimentos que irão auxiliá-lo, como legislação e direitos humanos”, destaca.

A preparação tem se intensificado desde 2011. Um ano depois ela culminou nos resultados da Operação de Prevenção e Repressão a Roubo a Banco (Repreban), desenvolvida pelas Polícias Civil e Militar. Naquele ano, os crimes contra as instituições financeiras no Pará foram reduzidos em 16,13% . O Banco do Estado do Pará (Banpará), um dos pioneiros na adoção dos procedimentos de segurança recomendados durante a operação, foi a instituição que apresentou a maior redução. Em apenas um ano, o banco diminuiu em 77,78% os registros de delitos em suas agências.

Reforço

A operação, que tem caráter contínuo, é realizada no interior do Estado e conta com o reforço de policiais civis e militares, além do apoio de viaturas e helicópteros. As equipes estão instaladas em 33 pontos estratégicos do interior, que mudam de acordo com a orientação do serviço de inteligência. Estão envolvidos na operação homens do Grupo de Pronto Emprego e da Delegacia de Repressão a Roubos a Bancos, da Polícia Civil, e do Comando de Missões Especiais, do Grupamento de Rondas Táticas (Rotam), do Canil, da Cavalaria e do Batalhão de Choque, da Polícia Militar, além do Grupamento Aéreo de Segurança Pública (Graesp).

As ações deflagradas pelas duas corporações começaram em 2011, com a elaboração do Plano de Segurança para Prevenção e Repressão de Roubos a Instituições Financeiras do Pará. Como forma de instruir os bancos, também foram distribuídas às instituições cartilhas com orientações de prevenção ao crime. O material relaciona os principais tipos de crimes e quais procedimentos devem ser tomados para evitá-los, além de orientar os funcionários e usuários sobre como agir diante dessas situações.

Outra medida tomada pela Polícia Militar foi a implantação de dois Grupos Táticos Operacionais nos municípios de Altamira e Itaituba, e a expansão de outros 10 (Tucuruí, Redenção, Marabá, Parauapebas, Castanhal, Santarém, Capanema, Paragominas, Abaetetuba e Jacundá). A Polícia Civil também investiu na modernização dos equipamentos e ferramentas utilizadas nas ações de inteligência, além de interiorizar o Núcleo de Apoio à Investigação (NAI), instalado em diversas regiões do Estado. As unidades estão localizadas em Castanhal (nordeste), Marabá (sudeste), Redenção (sul), Abaetetuba (Baixo Tocantins) e Santarém (Baixo Amazonas).