Ideflor-Bio, Ufra e IFT promovem encontro com facilitadores da bioeconomia
O evento, paralelo à programação oficial da COP30, discutiu desafios e caminhos para o fortalecimento das cadeias da sociobiodiversidade na Amazônia
O auditório do Instituto de Desenvolvimento Florestal e da Biodiversidade (Ideflor-Bio), em Belém, recebeu pesquisadores, lideranças comunitárias, gestores públicos e representantes do terceiro setor no 1º Encontro Amazônico de Facilitadores da Bioeconomia. Iniciado nesta terça-feira (18), o evento prossegue até quarta (19), em uma promoção da Universidade Federal Rural da Amazônia (Ufra), Ideflor-Bio e Instituto Floresta Tropical “Johan Zweede” (IFT).
O evento, paralelo à programação oficial da COP30, foi concebido para discutir desafios, oportunidades e caminhos para o fortalecimento das cadeias de valor da sociobiodiversidade na Amazônia.
Segundo os organizadores, o encontro visa ampliar o protagonismo de lideranças comunitárias rurais, estimulando a troca de experiências e a construção de estratégias conjuntas para o desenvolvimento sustentável em seus territórios. A atividade também busca promover o diálogo entre diferentes segmentos sociais, aproximando saberes tradicionais, práticas de manejo e políticas de bioeconomia capazes de enfrentar a crise climática com soluções baseadas na floresta.
Um dos resultados esperados é a elaboração de um documento coletivo, a “Carta dos Povos e Comunidades Promotores/Guardiões da Sociobiodiversidade”, que será encaminhado a autoridades, agências de fomento e instituições de cooperação internacional. O objetivo é sistematizar as principais demandas e pontos estratégicos para o avanço da bioeconomia, considerada essencial para as populações da Amazônia e a conservação dos ecossistemas.
Cooperação e mudanças climáticas - Para Paula Vanessa Silva, engenheira florestal e gerente de Sociobiodiversidade e Bioeconomia do IFT, o evento cumpre papel crucial no enfrentamento às mudanças climáticas. “A proposta do encontro é reunir diferentes atores sociais, que trabalham com a sociobiodiversidade e a bioeconomia, e debater os principais desafios e oportunidades desse setor, que é fundamental para o fortalecimento das comunidades extrativistas e a conservação das florestas”, informou. Ela destacou que a bioeconomia representa uma das respostas mais efetivas para garantir meios de vida sustentáveis e manter a floresta em pé.
Os debates foram estruturados em torno de eixos estratégicos, como assistência técnica, ordenamento territorial e gestão dos territórios, dispositivos financeiros e inserção socioeconômica de jovens e mulheres nas cadeias da sociobiodiversidade. A programação também incentivou a apresentação de experiências locais, permitindo que comunidades compartilhassem soluções próprias para dificuldades relacionadas à produção, comercialização e valorização de seus produtos.
Representatividade - Representando a Ufra, a diretora do Instituto de Ciências Agrárias (ICA), Gracialda Ferreira, reforçou o caráter formativo do evento. “O encontro reúne conhecimentos de diversas áreas para que as pessoas interessadas possam ser capacitadas e terem seus conhecimentos aprimorados, para implantar projetos e consumir produtos ligados à bioeconomia, desde a regularização fundiária até o que vai ser vendido e consumido pelo público final”, disse a diretora. Segundo ela, o espaço ainda favorece a identificação de gargalos produtivos e a mobilização de novos produtores para integrar as cadeias de valor.
Gracialda Ferreira acrescentou que a construção coletiva de uma carta orientadora é uma das partes mais importantes do encontro, pois permitirá definir estratégias alinhadas às realidades dos territórios. “Queremos construir soluções que nasçam da escuta das comunidades e dos arranjos produtivos que já existem. A carta conjunta será um instrumento importante para orientar políticas públicas e investimentos em sociobioeconomia”, afirmou.
Fortalecimento - Entre os participantes esteve a professora Rosimar Moreira, que ressaltou a relevância do evento para articular conhecimento tradicional, inovação e mercado sustentável. “Esse momento é importante para que possa ser discutido sobre bioeconomia entre os povos tradicionais, comunidades e nas cidades. É uma oportunidade para pensar como podemos transformar a matéria-prima que a floresta nos fornece, podendo ser reaproveitada e gerando renda para essas pessoas”, disse a professora, acrescentando que fortalecer cadeias produtivas sustentáveis significa fortalecer diretamente quem conserva a floresta.
O presidente do Ideflor-Bio, Nilson Pinto, destacou que a realização do encontro durante a COP30 reforça o papel do Pará como liderança global na agenda ambiental. “A bioeconomia é o caminho estratégico para conciliar desenvolvimento e conservação na Amazônia. Ao reunir pesquisadores, comunidades e instituições parceiras, mostramos que o Pará está comprometido em construir soluções inovadoras e inclusivas, que valorizem quem protege a floresta e que gerem oportunidades reais de renda e autonomia”, assegurou.
Serviço: O 1º Encontro Amazônico de Facilitadores da Bioeconomia prossegue nesta quarta-feira (19), a partir das 8h30, no auditório do Ideflor-Bio, na Rua do Utinga, nº 723, Bairro Curió-Utinga, em Belém. O evento é aberto ao público, e as inscrições podem ser feitas no local.
Texto em colaboração com Sinval Farias - Ascom/Ideflor-Bio
