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Ideflor-Bio destaca gestão, sociobiodiversidade e protagonismo comunitário na COP30

Diálogos se consolidam como pilares fundamentais de uma Amazônia mais justa, viva e sustentável para as próximas gerações

Por Vinícius Leal (IDEFLOR-BIO)
18/11/2025 20h40

Com o tema “Gestão e Fortalecimento da Sociobiodiversidade nas Unidades de Conservação do Estado do Pará”, o painel apresentado pelo Instituto de Desenvolvimento Florestal e da Biodiversidade (Ideflor-Bio) reuniu nesta terça-feira (18), no Pavilhão Pará, na Green Zone da COP30, gestores públicos, especialistas e lideranças comunitárias para discutir caminhos integrados de conservação, geração de renda e valorização dos territórios tradicionais. 

A mesa foi moderada pelo diretor de Gestão e Monitoramento de Unidades de Conservação do Instituto, Ellivelton Carvalho, que destacou o desafio de consolidar modelos de desenvolvimento que mantenham a floresta em pé e, ao mesmo tempo, promovam qualidade de vida às populações que dela dependem. Na COP30, esses diálogos se consolidam como pilares fundamentais de uma Amazônia mais justa, viva e sustentável para as próximas gerações.

Gestores públicos, especialistas e lideranças comunitárias discutiram caminhos integrados de conservação

A participação de Sidiane Sampaio, presidente da Associação Mista Agrícola Extrativista dos Moradores da Comunidade do Jamaracaru e Região (Acaje), trouxe ao debate a perspectiva das comunidades do Baixo Amazonas, no oeste paraense. Sidiane Sampaio ressaltou a relevância de ocupar espaços globais, como a COP30, para mostrar ao mundo a realidade vivida no território. 

Vozes da floresta - “Foi muito importante expor o nosso trabalho, para que o mundo conheça nossa realidade de verdade, porque muitas vezes falam por nós de um jeito que não corresponde ao que vivemos. Estar aqui traz mais visibilidade, apoio e políticas públicas para fortalecer nossas comunidades”, afirmou Sidiane Sampaio, acrescentando que participar de um evento de alcance internacional representa não apenas reconhecimento, mas um passo para que novas estratégias contribuam para manter a floresta em pé.

Ela também reforçou a responsabilidade de levar até Belém a voz de comunidades que raramente têm oportunidade de participar de debates dessa dimensão. “É muito gratificante estar aqui nesse momento, em que o mundo está olhando para as mudanças climáticas na nossa região. Poucas comunidades puderam vir. É importante trazer nossa luta e nossa voz, para que isso ajude em futuros planejamentos que apoiem nosso trabalho e nossa permanência na floresta”, completou.

Pluralidade - O painel contou ainda com a participação de Renato Rodrigues, coordenador técnico do Projeto Paisagens Sustentáveis da Amazônia (ASL) no Pará. Ele destacou o caráter plural do debate e a importância de integrar extrativistas, cooperativas, organizações da sociedade civil e gestores públicos. 

“Foi um painel muito diverso, no qual pudemos apresentar ações de conservação em um território estratégico, como a APA Triunfo do Xingu. É uma área em transformação, onde a bioeconomia cresce e avança a partir de um processo de construção coletiva”, disse Renato Rodrigues, destacando que a atuação conjunta entre o Ideflor-Bio, a Conservação Internacional e organizações locais impulsiona práticas sustentáveis e fortalece cadeias produtivas baseadas na sociobioeconomia.

Segundo Renato Rodrigues, o avanço dessas iniciativas está alinhado às políticas de restauração em âmbito nacional e estadual. Ele ressaltou que ações implementadas no território dialogam com o Plano Nacional de Recuperação da Vegetação Nativa (Planaveg), voltado à restauração florestal em nível federal, e com o Plano Estadual de Restauração da Vegetação Nativa (PRVN). “Nosso objetivo é que a sociobioeconomia seja, cada vez mais, uma fonte de renda sustentável para as populações locais, sempre aliada à conservação das unidades de conservação e à recuperação de áreas degradadas”, explicou.

Passado e futuro - O analista ambiental do Ideflor-Bio, Dilson Lopes, fez uma reflexão histórica sobre a trajetória da gestão ambiental na Amazônia. Para ele, compreender o passado é fundamental para orientar políticas públicas futuras. “Saímos de uma política de integração voltada ao desmatamento e, 60 anos depois, caminhamos para uma política de restauração e uso saudável da floresta. Isso nos ajuda a entender a dinâmica da política ambiental, e para onde devemos seguir enquanto sociedade e economia”, reiterou.

Dilson Lopes enfatizou, ainda, a necessidade de ampliar a visão sobre o potencial econômico da sociobiodiversidade amazônica. Segundo ele, é importante que o desenvolvimento não se limite às cadeias de sementes ou ao extrativismo básico. “Estamos evoluindo na socioeconomia, mas precisamos ir além. Devemos nos enxergar como uma indústria tecnológica da sociobioeconomia nascida na Amazônia, capaz de ser um player de mercado nos próximos anos. O próximo passo é competir com grandes marcas globais, a partir de produtos e tecnologias produzidos aqui”, disse o analista.