Ideflor-Bio destaca durante a COP30 a importância das parcerias para criação de unidades de conservação no Pará
O debate reuniu representantes para discutir caminhos que assegurem o alcance das metas globais de biodiversidade, estabelecidas no Marco Global de Kunming-Montreal, e dos compromissos climáticos previstos no Acordo de Paris
O papel estratégico da cooperação internacional para a criação e consolidação de unidades de conservação na Amazônia guiou o painel promovido pela Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI), nesta terça-feira (18), no estande da instituição, localizado na Green Zone da COP30. O debate reuniu representantes de governos, organizações da sociedade civil, academia e iniciativas de cooperação internacional para discutir caminhos que assegurem o alcance das metas globais de biodiversidade, estabelecidas no Marco Global de Kunming-Montreal, e dos compromissos climáticos previstos no Acordo de Paris.
O Instituto de Desenvolvimento Florestal e da Biodiversidade do Pará (Ideflor-Bio) foi representado, na ocasião, pelo assessor técnico Thiago Valente, convidado a responder sobre a contribuição mais significativa de parcerias para a criação e consolidação das unidades de conservação estaduais no Pará.
O painel, estruturado em formato de mesa redonda, apresentou inicialmente um panorama histórico da criação, ampliação e recategorização de unidades de conservação no Brasil, tanto em instâncias federais quanto estaduais. A moderação destacou a relevância das cooperações internacionais, da filantropia e das parcerias multissetoriais no fortalecimento do sistema de áreas protegidas, ressaltando projetos de referência como o Áreas Protegidas da Amazônia (Arpa), o Paisagens Sustentáveis da Amazônia (ASL) e o “Árvores Gigantes para uma Nova Era”. Esses casos ilustram como a integração entre conservação, desenvolvimento sustentável e participação comunitária resulta em soluções inovadoras e duradouras para a proteção da Amazônia.
Ao abordar a experiência do Estado do Pará, Thiago Valente enfatizou que a trajetória de consolidação das unidades de conservação estaduais só foi possível graças a parcerias contínuas, celebradas ao longo de décadas. Ele lembrou que, desde a criação da primeira unidade estadual em 1989, o Pará alcançou um conjunto de 29 áreas protegidas, processo inviável sem o apoio de instituições nacionais e internacionais. “A parceria é bem-vinda, é salutar, e tem sido decisiva tanto para a criação quanto para a fase de implementação das unidades”, afirmou.
Parque Estadual das Árvores Gigantes da Amazônia
O assessor técnico destacou como exemplo mais recente e significativo a cooperação estabelecida, a partir de 2023, entre o Ideflor-Bio, a Fundação Amazônia Sustentável (FAS) e o Andes Amazon Fund (AAF). A iniciativa viabilizou a criação do Parque Estadual das Árvores Gigantes da Amazônia — o Santuário das Árvores Gigantes — consolidado em 2024 a partir da transformação de 560 mil hectares da Floresta Estadual do Paru, anteriormente na categoria de Uso Sustentável para Proteção Integral. “Seguimos avançando na implementação dessa UC com expedições técnicas, diálogo com comunidades locais, construção de produtos turísticos e estruturação de rotas de natureza”, destacou Valente.
Durante a interação com o público, o representante do Ideflor-Bio acrescentou que o Pará já cumpriu praticamente todas as metas de criação de unidades de conservação previstas no Macrozoneamento Ecológico-Econômico de 2005. Segundo ele, o momento atual é marcado pelo aprofundamento de estudos e pela reavaliação de territórios, que podem resultar em transformações ou recategorização de áreas, como ocorreu no caso das Árvores Gigantes. “Estamos em uma fase em que o conhecimento acumulado sobre os territórios orienta ajustes importantes na gestão e no tipo de proteção adequada a cada área”, explicou.
Incentivo à criação de áreas verdes nos municípios
Valente também chamou atenção para a Política e Sistema Estadual de Unidades de Conservação, que incentiva a criação de áreas protegidas nos municípios, o que vem sendo fortemente feito pelo Ideflor-Bio. Embora menores em extensão territorial, essas áreas têm grande potencial de sensibilização da população urbana, aproximando a sociedade da agenda ambiental. “Elas envolvem uma nova esfera de governo, o município, e permitem que mais pessoas vivenciem a natureza, participem de ações de educação ambiental e contribuam para processos de restauração”, observou.
Ao longo de 60 minutos, o painel avançou sobre desafios estruturais, gargalos de financiamento, oportunidades de cooperação e estratégias para ampliar a proteção territorial na Amazônia. Participaram também Henrique dos Santos Pereira (Inpa), Júlio Barbosa (CNS), Blaise Bodin (Amazon Conservation) e Virgílio Viana (FAS), que trouxeram perspectivas complementares sobre o papel das comunidades tradicionais, da captação de recursos privados e da atuação do terceiro setor na gestão das unidades de conservação.
