Base Fluvial muda rotina na comunidade de Antônio Lemos e garante mais dignidade aos ribeirinhos
Há três anos, a Base instalada em Breves é essencial no combate diversos crimes no Arquipélago do Marajó, e também auxilia na assistência às comunidades ribeirinhas
“Moro na comunidade de Antônio Lemos desde que nasci, e antes nossa realidade era dura. Sofríamos com a violência diariamente. Não podíamos ficar com as portas da nossa casa abertas; não tínhamos estrutura para quase nada. Hoje, com a chegada da Base Fluvial, nossas vidas mudaram totalmente. Não vivemos mais ameaçados pelos piratas, conseguimos deixar nossos pertences fora de casa e as janelas e portas estão sempre abertas, sem falar no apoio que temos para transporte em caso de doenças e na assistência, sempre que precisamos. Essa Base foi nossa salvação, e agradecemos muito ao Estado por olhar pela nossa comunidade”, afirma Maria Lúcia, 82 anos, moradora da comunidade de Antônio Lemos, no estreito de Breves, um dos 17 municípios do Arquipélago do Marajó, norte do Pará.
O relato de Maria Lúcia retrata a nova realidade dos ribeirinhos do Distrito de Antônio Lemos, localizado às margens do Rio Tajapuru, onde a primeira Base Integrada Fluvial de Segurança Pública, denominada “Antônio Lemos”, e coordenada pela Secretaria de Estado de Segurança Pública e Defesa Social (Segup), foi instalada há três anos, com objetivo de garantir mais segurança nos rios da região, combatendo a criminalidade, o tráfico de drogas e as ações de “piratas” (criminosos que agem na área fluvial). Antes, eles assolavam a comunidade com ataques, roubos e violência. A estratégia das bases flutuantes faz parte do planejamento integrado de segurança pública desenvolvido pelo Governo do Pará, com o objetivo de fortalecer a segurança na extensa malha fluvial do Estado.
Paz social - “A Base de Antônio Lemos foi o pontapé inicial que demos para a inovação e construção de ações efetivas, especialmente para a segurança nos rios do Estado, visto que o Pará possui a mais extensa área fluvial do país. Como costumamos dizer, 'os rios são nossas ruas', e não há como fazer segurança pública sem pensar nessa que é a nossa realidade, e assim desenvolvemos essa estratégia, mantendo uma base fixa, em uma das principais rotas fluviais que possuímos, para reforçar as ações de segurança, e sobretudo, garantir tranquilidade e dignidade para as populações ribeirinhas que pediam, há muito tempo, por essa estrutura, para que a paz social e a ordem também se estabelecessem nessas localidades”, ressalta o secretário de Estado de Segurança Pública e Defesa Social, Ualame Machado.
A Base de Antônio Lemos iniciou suas atividades em 22 de junho de 2022, e desde então é essencial na proteção das comunidades ribeirinhas, ajudando a inibir a criminalidade, por meio de fiscalizações constantes nos rios e ações preventivas e de enfrentamento aos grupos criminosos, que utilizam a malha fluvial do Marajó como rota de crimes, principalmente tráfico de drogas e crimes ambientais.
Aproximação - A Base auxilia também na assistência às comunidades ribeirinhas, com apoio logístico em caso de transporte para unidades de saúde, além de garantir doações. Tudo para aproximar a comunidade das equipes de segurança, tendo elas como apoio e parceria.
Elielson de Lima Rodrigues, comerciante na comunidade de Antônio Lemos, reside na região há 49 anos. Ele destaca as ações de ajuda e assistência que os agentes de segurança oferecem à comunidade, além da presença constante de agentes de segurança, inibindo crimes contra os moradores.
“A vinda da Base pra cá nos deu mais dignidade. Antes vivíamos preocupados, pois aconteciam muitas coisas ruins. Eram assaltos o tempo todo. Mas agora a coisa é diferente. Esse projeto do governo do Estado foi uma coisa boa para todos nós. Nos trouxe mais segurança, e contamos com a ajuda dos bombeiros e dos policiais militares . Quando precisamos de algum apoio para chegar até Breves, eles nos auxiliam, ajudam todo mundo, não apenas nós, que moramos na vila, mas a todos aqui da redondeza. Isso só melhorou a nossa vida e os nossos negócios”, garante o comerciante.
Tânia Margareth, moradora da região há 60 anos, também aprova a presença da Base de Antônio Lemos próximo à comunidade. Para ela, a qualidade de vida dos moradores ribeirinhos melhorou muito. “Antes, éramos acordados com tiros, e os bandidos nos ameaçavam, roubavam as nossas coisas, vivíamos com medo. Agora temos ajuda o tempo todo. Meu filho pode deixar seus materiais de trabalho na frente de casa que nada mais acontece. Essa Base nos trouxe apoio e uma vida mais tranquila”, assegura a moradora.
Redução de crimes e apreensões - Após a implantação da Base na região houve redução de 30,71% nos crimes de furto, na comparação entre 2021, quando 140 registros do crime foram computados, e 2024, com 97 casos. Já em relação ao crime de roubo, a redução foi ainda mais significativa. Em 2021 foram registrados 47 casos e, em 2024, apenas 12 ocorrências, o que representa uma queda de 74% em roubos e furtos nas áreas fluviais do Marajó.
Em três anos já foram feitas também mais de 5 mil abordagens a embarcações que trafegam às proximidades do estreito de Breves e adjacências. Foram realizados mais de 20 cumprimentos de mandados e 63 prisões, e apreendidas mais de 3 toneladas de entorpecentes. Também foram apreendidos mais de 20 quilos de pescado irregular e 3.754 metros cúbicos (m³) de madeira, além de 17 veículos e 54 armas.
Nova base - A Base de Antônio Lemos foi instalada na região do Marajó Ocidental com o objetivo de aumentar a fiscalização na malha fluvial da região. Em três anos, o Estado entregou também a Base Integrada Fluvial Candiru, no estreito de Óbidos, às margens do Rio Amazonas, atendendo às demandas da Região de Integração Baixo Amazonas, no oeste paraense, uma das principais rotas fluviais utilizadas por grupos criminosos para o tráfico de drogas, na divisa com os estados do Amazonas e Amapá.
O Governo do Pará vai entregar, ainda neste ano, a Base Baixo Tocantins, instalada no furo do Capim, zona rural do município de Abaetetuba, próximo a Barcarena, cobrindo assim os principais portos fluviais e estratégicos do Pará.
“As Bases Fluviais são uma das nossas principais estratégias de segurança, sendo reconhecidas, entre as outras unidades da Federação, como um equipamento importante e eficiente para a segurança nos rios, atuando muito fortemente no combate à criminalidade e na proteção da população ribeirinha, tendo em vista a extensa malha fluvial do Estado, que é frequentemente usada para o tráfico de drogas e outros crimes. Com elas, nós estamos conseguindo obter grandes apreensões de drogas, assim como a interceptação de cargas com madeira ilegal e pescado, coibindo a criminalidade e garantindo a segurança das comunidades que vivem às proximidades dos rios”, enfatiza Ualame Machado.
