Grupamento Aéreo reforça ações de saúde e segurança em todo Estado
“Obrigado, guardião. Mais uma vida foi salva!”, responde o centro de comando ao piloto do helicóptero Guardião 06, Mauro Oliveira, que confirma o fim de mais uma missão do Grupamento Aéreo de Segurança Pública (Graesp). A aeronave saiu de Belém na manhã de quinta-feira (23) para trazer à capital uma adolescente de 17 anos, vítima de escalpelamento no município de Curralinho, no Marajó. A aeronave de quase duas toneladas atravessou rios e ilhas, percorrendo (na ida e volta) o trajeto de quase 160 quilômetros em apenas duas horas e meia. Comparada ao tempo de viagem de barco – doze horas –, a travessia parece ser feita em um salto, ligando o interior ribeirinho ao heliponto localizado no Hospital Santa Casa de Misericórdia em Belém.
Dentro da aeronave, uma equipe formada por profissionais de saúde e segurança pública estão preparados para transportar a vítima. No lado direito, uma maca encaixada para que a paciente possa deitar e receber o atendimento necessário durante o voo. Consciente, ela veio acompanhada da tia. “Esse resgate estava programado desde quarta-feira (22), só que a paciente ainda estava muito instável. Além disso, as condições meteorológicas não permitiam o voo. A viagem foi tranquila e a paciente está estável, consciente”, explicou a médica da Katiuscia Pinheiro, da Secretaria de Estado de Saúde Pública (Sespa).
Como em grande parte dos casos desse tipo de acidente, as lesões foram graves. A vítima teve escalpelamento total com lesão na cervical, e precisou ser estabilizada no município de Breves antes da viagem. Neste processo, rapidamente a secretaria municipal de saúde acionou a Sespa e o Graesp para solicitar o transporte imediato e internação no Hospital Santa Casa de Misericórdia, referência no tratamento de vítimas de escalpelamento no Brasil.
Segundo a médica, esta é segunda paciente do tipo transportada só nesta semana para a Santa Casa. “Na terça-feira (21) chegou uma criança de 9 anos, também trazida de Breves. Infelizmente, apesar de toda a campanha feita pelo Estado, municípios e Marinha, estes acidentes ainda ocorrem pelo mesmo motivo: a falta de cobertura do eixo”, diz Katiuscia Pinheiro.
Assistência – Com mais de dez anos de atuação, e mais de 1,3 mil operações de remoção e transporte aeromédico em 2014, o Graesp mantém, atualmente, uma média de 1,5 salvamentos por dia. Isso sem contar as missões de segurança pública. Ao todo, são oito helicópteros com funções multitarefas (de regaste, transporte de pacientes e de autoridades e missões policiais), além de três aviões, também à disposição.
“No caso das operações ligadas à área da saúde, temos o resgate emergencial, que é o serviço de bombeiro. Trabalhamos como se a aeronave fosse uma ambulância fazendo um resgate emergencial. O Ciop (Centro Integrado de Operações Especiais) nos aciona e partimos com a aeronave que estiver disponível. Outro serviço é a remoção aeromédica, como foi o caso ocorrido em Breves. Ela é feita quando os hospitais do interior acionam a Sespa e as nossas unidades de base, localizadas em Belém, Altamira, Santarém, Marabá e Redenção, entram em ação. Esse contato é importante para garantir que o paciente tenha uma vaga, e a partir desta confirmação fazemos o transporte com uma equipe médica”, explica o diretor do Graesp, tenente coronel da Polícia Militar Josilei Gonçalves.
Ainda na quinta-feira (23), o Graesp fez outra operação emergencial, por volta das 13h, no município de Uruará, no sudoeste do Estado. Um bebê recém-nascido, prematuro, com problemas respiratórios e cardíacos, foi levado pelo helicóptero Guardião 08 ao município de Altamira, onde fez exames médicos no Hospital Regional, após solicitação da Secretaria Municipal de Uruará. A ação durou pouco mais de duas horas. O bebê, Pedro Felipe, foi entubado e acompanhado de perto pela médica Fernanda Castro, que deu suporte ao atendimento. Depois de receber socorro imediato, ele tem estado estável, assim como a mãe.
Frota – Além dos constantes treinamentos de atualização dos profissionais, o próprio coronel Gonçalves passou por um “re-check”, como é chamada a prova de treinamento dos pilotos para as aeronaves. O Graesp também tem melhorado a frota. “Fazemos treinamentos constantes, seja em aeronave ou simulador. Temos doze instrutores no grupamento de voo, que fazem instruções periódicas. Com relação às aeronaves, temos compradas e locadas, todas novas, com apenas três anos. São quatro helicópteros e três aviões do Estado. O que usamos está dentro do padrão mundial”, explica o diretor.
Com aeronaves adaptáveis e outras com configuração que favorecem missões específicas, como é caso do Guardião 06, ideal para remoção aeromédica e resgates, o grupamento deverá contar em breve com o helicóptero EC 145 C2, que será o maior e a mais potente aeronave no time de Guardiões.
“Estamos recebendo uma nova aeronave, que deve chegar em breve a Belém. O helicóptero virá com a configuração aeromédica, incluindo uma UTI móvel que ajudará no transporte dos pacientes mais graves. Caso seja necessário, o médico poderá executar um procedimento cirúrgico durante o voo. Na outra configuração podemos transportar um grupo tático de até oito pessoas, que podem ser policiais, bombeiros e agentes da defesa civil, dependendo da situação. Fora a capacidade de passageiros, a aeronave pode levar até 1,5 tonelada de carga”, detalha o coronel Josilei Gonçalves.
O EC 145 C2 é um modelo grande, biturbina, com voo por instrumentação, ou seja, pode voar à noite. Dentre as características que se destacam estão a estabilidade em casos de estabilidade climática, podendo alcançar uma altura maior por meio do piloto automático. A velocidade e as configurações médicas também serão um diferencial nas situações de atendimento em localidades distantes do Estado. No momento, a aeronave batizada de Guardião 05 passa pelas inspeções necessárias para que possa entrar em atividade.
Atualmente o Graesp tem 94 servidores, entre funcionários das polícias Civil e Militar, Corpo de Bombeiros, Secretaria de Estado de Segurança Pública e Defesa Social (Segup), Sespa e contratados. Neste grupo 30 funcionários são pilotos (militares e civis).