Ideflor-Bio e comitiva da Costa do Marfim fortalecem cooperação em sistemas agroflorestais
Foram apresentadas as linhas de atuação do Ideflor-Bio e discutidas possibilidades de cooperação técnica entre o Brasil e o país africano, grande exportador de cacau
O Instituto de Desenvolvimento Florestal e da Biodiversidade do Pará (Ideflor-Bio) recebeu, nesta quinta-feira (13), uma comitiva da Costa do Marfim interessada em conhecer o trabalho de restauração florestal com sistemas agroflorestais (SAFs) desenvolvido pelo Instituto. A visita, conduzida pela Diretoria de Desenvolvimento da Cadeia Florestal (DDF), reforçou o papel do Pará como referência na implantação de modelos produtivos sustentáveis, que unem geração de renda, conservação e recuperação ambiental.
O presidente do Ideflor-Bio, Nilson Pinto, juntamente com o titular da DDF, Vicente Neto, recepcionaram o grupo, composto pelo representante encarregado dos Recursos Animais, Pesca e Segurança Alimentar da Embaixada da Costa do Marfim no Brasil, Moussa Traoré, e pelo assistente da Embaixada, Éric Billy Moh Kolai.
Nilson Pinto destacou o simbolismo e a importância estratégica desse diálogo, enfatizando que “a restauração florestal por meio dos SAFs é, hoje, uma das grandes agendas da Amazônia. Mostrar o que estamos fazendo, e aprender com um país que é liderança mundial na produção de cacau, fortalece nossa capacidade de inovar, de formar parcerias e de construir soluções globais para desafios comuns”.
A programação começou com uma apresentação institucional sobre as linhas de atuação do Ideflor-Bio, e prosseguiu para uma reunião com o presidente do órgão, em que foram discutidas possibilidades de cooperação técnica entre Brasil e Costa do Marfim. Após a reunião, a equipe técnica conduziu a comitiva ao viveiro do Instituto, onde apresentou os insumos utilizados, as principais sementes amazônicas e as metodologias de produção.
Troca de experiências - A diversidade de espécies chamou a atenção dos visitantes, que se encantaram especialmente com o cumaru, conhecido popularmente como a “baunilha da Amazônia”, especialmente pelo aroma similar e marcante. “Mostramos nossos métodos de produção de mudas, as embalagens, o substrato e a estrutura do viveiro. Falamos do Prosaf (Programa Sistemas Agroflorestais), das oficinas que levamos às comunidades e da capacidade de produção, que chega a 15 mil mudas”, detalhou a analista ambiental do Ideflor-Bio, Kassya Oliveira.
Vicente Neto também apresentou uma síntese do processo produtivo que sustenta os SAFs. “Pudemos mostrar todo o caminho: da semente à implantação do SAF. Explicamos as espécies utilizadas, o espaçamento, os arranjos produtivos, e até montamos uma maquete do sistema dentro do viveiro. Eles ficaram muito interessados e impressionados com a diversidade das nossas sementes amazônicas”, disse o diretor. Ele destacou que a troca de experiências foi enriquecedora, especialmente ao comparar as realidades climáticas dos dois países, semelhantes em regime de chuvas.
Da Amazônia para a África - A equipe preparou ainda uma unidade demonstrativa de SAF dentro do viveiro, permitindo aos representantes da Costa do Marfim ver, de forma prática, como cacau, açaí, castanha e outras espécies convivem em um mesmo arranjo produtivo. Os visitantes fizeram perguntas técnicas, registraram imagens e pediram materiais informativos, como o croqui dos arranjos agroflorestais utilizados pelo Instituto. Segundo a equipe, “eles ficaram encantados com a estrutura e a organização do trabalho”.
Para a gerente de Produção e Apoio aos Arranjos Produtivos Florestais do Ideflor-Bio, Laura Dias, a visita se consolidou como um momento de fortalecimento institucional e de reconhecimento internacional do trabalho realizado no Pará. “Receber a Costa do Marfim foi uma oportunidade de mostrar nossa experiência em SAFs, que integra produção, conservação e recuperação de áreas degradadas. A troca foi muito rica. Apresentamos nossos avanços e aprendemos sobre a forte tradição cacaueira deles, o que abre portas para futuras cooperações”, frisou.
A comitiva reforçou o interesse em ampliar as trocas com o Estado do Pará. O diálogo técnico marcou o encontro, além da valorização do conhecimento tradicional e científico, o que reafirma o papel do Ideflor-Bio como referência na promoção de sistemas agroflorestais e na construção de pontes diplomáticas que ajudam a proteger e transformar as paisagens amazônicas.
