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Sedeme promove debate sobre bioenergia no Pará: Biogás, Biometano e Biocombustíveis

Os projetos visam unir setor público, indústria, gestão de resíduos e cooperação internacional, contribuindo para a mitigação das mudanças climáticas e redução de gases de efeito estufa

Por Aldirene Gama (SEDEME)
13/11/2025 21h09

A Secretaria de Estado de Desenvolvimento Econômico, Mineração e Energia (Sedeme) promoveu, nesta quinta-feira (13), na Zona Verde da COP30, em Belém, o painel “Bioenergia no Pará – Biogás, Biometano e Biocombustíveis na Transição Energética Amazônica”. A atividade integrou o quarto dia da programação da 30ª Conferência das Partes da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (COP30), e reuniu especialistas para discutir o papel estratégico do Pará na transição energética brasileira.

O debate abordou a expansão do biogás e do biometano a partir do aproveitamento de resíduos sólidos urbanos, além da relevância dos biocombustíveis, como o biodiesel, no contexto amazônico. A iniciativa buscou promover sinergias entre o setor público, a indústria, a gestão de resíduos e a cooperação internacional, contribuindo para a mitigação das mudanças climáticas e a redução das emissões de gases de efeito estufa.

Secretário Paulo Bengtson ressaltou que o Pará desponta como um dos mais diversificados em matriz energética no Brasil

Entre os painelistas estiveram o secretário de Estado de Desenvolvimento Econômico, Mineração e Energia, Paulo Bengtson; o gerente de Relações Institucionais da Guamá Tratamento de Resíduos, Wagner Cardoso; a gerente de Projetos da Business Sweden, Pricila Carmo, e o diretor de Transição Energética e Relações Institucionais da Be8 Energia, Camilo Adas. A atividade foi mediada pela coordenadora de Gestão de Recursos Energéticos da Sedeme, Gabriela Cardoso.

A matriz energética brasileira — especialmente na região amazônica — passa por um processo de transformação. No Pará, surgem novas oportunidades para a expansão da bioenergia como vetor de desenvolvimento sustentável, com ênfase no aproveitamento de resíduos, na promoção da economia circular e na substituição de combustíveis fósseis por fontes renováveis.

Entre os temas abordados estiveram estimativas de geração anual de aproximadamente 166 milhões de metros cúbicos (m³) de biogás e 125 milhões de m³ de biometano, estratégias para o aproveitamento de resíduos sólidos urbanos e agroindustriais, produção de biocombustíveis a partir de cadeias locais, como a do óleo de palma e fortalecimento da economia circular.

Planejamento - O secretário Paulo Bengtson abriu o debate apresentando a visão da política pública estadual, incentivos fiscais, planejamento energético do Pará e os marcos regulatórios adaptativos para a Amazônia. Ele afirmou que o Estado desponta como um dos mais diversificados em matriz energética no Brasil, combinando potencial hídrico, solar e de biomassa em um cenário de transição para uma economia de baixo carbono. As hidrelétricas de Belo Monte e Tucuruí respondem por 97% da geração elétrica estadual, enquanto a energia solar cresce rapidamente. Belém já figura entre as oito capitais que mais utilizam essa fonte no Brasil.

Paulo Bengtson reforçou que a bioenergia tem papel estratégico na política energética paraense. Segundo o secretário, “a política de incentivos do Pará vem fortalecendo o setor de biocombustíveis, ao conceder benefícios fiscais a 26 empresas produtoras de biodiesel e etanol. O óleo de palma, carro-chefe do biodiesel paraense, sustenta boa parte da produção nacional, enquanto o milho e a cana-de-açúcar ganham espaço em novos projetos de etanol em usinas flex, ampliando as oportunidades econômicas e energéticas na região”.

O titular da Sedeme também ressaltou o potencial do Pará na geração de biogás e biometano, energias de baixo carbono obtidas a partir de resíduos sólidos urbanos e agroindustriais. “A Sedeme vem articulando com parceiros nacionais e internacionais para futuros projetos que impulsionem a transição energética com atração de investimentos, como na expansão do uso de biodiesel, etanol e introdução do biometano no setor de transportes”, informou.

Aproveitamento de resíduos - Wagner Cardoso abordou a relação entre resíduos urbanos e industriais e a geração de energia, mostrando como o aproveitamento de aterros pode alimentar a cadeia de biogás e biometano, gerando benefícios socioambientais. Ele alertou que a destinação inadequada de resíduos é um dos maiores desafios: “Na Região Norte, 62% dos resíduos são descartados de forma incorreta, o que corresponde a cerca de 3 milhões de toneladas. Além disso, o País ainda possui mais de 2.500 lixões com destinação inadequada”, enfatizou.

Ele apontou ainda caminhos para mudar esse cenário, como a implantação de aterros sanitários estruturados, aumento da cobertura de coleta e valorização energética dos resíduos.

Pricila Carmo destacou a importância da cooperação internacional, da inovação tecnológica e de modelos de negócios que conectem o Pará a países e organizações internacionais, como forma de atrair investimentos, adaptar tecnologias e acelerar a transição energética.

Biodiesel - Camilo Adas, diretor de Transição Energética da Be8 Energia, apresentou o papel da empresa, que possui unidade industrial em Santo Antônio do Tauá, no nordeste paraense, a 65 quilômetros de Belém. A usina tem capacidade de produzir 90 milhões de litros de biodiesel por ano, utilizando óleos de palma e soja, além de gorduras animais.

Ele abordou as estratégias de descarbonização veicular por meio do uso de biocombustíveis, e explicou que o Be8 Bivante substitui o diesel convencional em proporção “um para um”, sem necessidade de alterações nos motores. Na COP30, mostrou os resultados dos ônibus que já circulam com o biocombustível, e relembrou a “Caravana da Rota Sustentável COP30”, que percorreu o Brasil de Passo Fundo (RS) até Belém (PA), abastecida com o BeVan.

No encerramento, Camilo Adas reforçou que a transição energética é um caminho irreversível, e que soluções como o Be8 representam inovação tecnológica e compromisso com um futuro sustentável.

Paulo Bengtson encerrou o debate ressaltando o papel estratégico do Pará na agenda nacional de energia renovável e na luta global contra as mudanças climáticas, consolidando o Estado como vitrine de soluções amazônicas com alcance internacional.