Hospital de Clínicas Gaspar Vianna debate desafios da saúde na Amazônia
Em painel realizado no Pavilhão Pará foi destacada a importância de soluções que promovam saúde de qualidade, para ampliar o acesso à assistência na rede pública
O Hospital de Clínicas Gaspar Vianna (FHCGV), em Belém, referência estadual em cardiologia, nefrologia e psiquiatria, participou, na tarde desta quarta-feira (12), da programação da COP30, com o painel “Desafios para melhorar a saúde na Amazônia”, realizado no Pavilhão Pará, instalado na Green Zone.
O encontro reuniu profissionais de saúde, gestores e representantes da sociedade civil para refletir sobre os principais obstáculos enfrentados na assistência à população amazônica, e sobre como desenvolver estratégias inovadoras e sustentáveis para garantir atendimento de qualidade em um território de dimensões continentais.
A COP30, conferência das Nações Unidas sobre mudanças climáticas, ocorre em Belém (PA), reunindo chefes de Estado, pesquisadores, representantes da sociedade civil e lideranças de todo o mundo. O evento, que se estende até 21 de novembro, tem como objetivo discutir políticas globais para enfrentar a crise climática e promover iniciativas que integrem sustentabilidade, desenvolvimento e justiça social — contexto no qual a saúde da população amazônica foi incluída como tema central de debate.
Durante o painel, o presidente do Hospital de Clínicas Gaspar Vianna, Sipriano Ferraz, apontou as dificuldades para oferecer atendimento em saúde na Amazônia, devido às dimensões geográficas do Pará, e que pensar em sustentabilidade também significa pensar em saúde e qualidade de vida para quem vive na região.
“Vivemos no segundo maior estado do Brasil, com mais de 8,6 milhões de habitantes, numa baixíssima densidade populacional, e a nossa população é dispersa no leito dos rios, dentro de aldeias, dentro de quilombos, em áreas de difícil acesso, e não tem como a gente comparar o custo e a dificuldade de se ofertar saúde e qualidade a essa população. É muito dificultoso, e nós precisamos chamar a atenção do mundo. O que virou rotina para nós não é normal. Nós temos que trabalhar muito além, e investir muito mais. E aqui, na região amazônica, nós temos diversas áreas de vulnerabilidade. Apenas 17% da região amazônica têm acesso a saneamento básico. Temos regiões extremamente vulneráveis, como o Arquipélago do Marajó, onde, em 17 cidades, temos 600 mil habitantes, que vêm sofrendo cada vez mais com os agravos climáticos devido às enchentes, que vêm sendo cada vez mais irregulares e mais fortes. Então, neste momento, nós queremos levantar a mão, gritar, pedir apoio para os fundos de financiamento climáticos. Não esqueçam que debaixo da copa das nossas árvores existe um povo que precisa, sim, de acesso à saúde e qualidade”, enfatizou o presidente da unidade de saúde do Governo do Pará, que é referência na Amazônia.
Logística - Entre os participantes do painel, a enfermeira Dhyellen Nascimento disse que, quando se fala em justiça climática, também é preciso incluir saúde. “Já que nós temos a comunidade internacional, e também nacional, vamos aproveitar esse momento para discutir saúde, também. Quando a gente fala de justiça climática, tem que falar sobre saúde, principalmente no Pará, que é um estado muito diferente do que a gente costuma ver. A gente tem que levar em consideração o nosso espaço geográfico. Levar saúde para um ambiente totalmente urbano, para pessoas que moram na cidade, é muito diferente do que levar saúde para pessoas que moram em zonas ribeirinhas, por exemplo, em zonas quilombolas, garimpos e aldeias, porque a logística é diferente. Para chegar até essas pessoas, é preciso deslocamento, toda uma logística. Então, a gente precisa falar sobre isso, também”, reiterou a enfermeira.
Ao levar o debate para um evento global sobre meio ambiente, o Hospital de Clínicas Gaspar Vianna reforçou o compromisso do Governo do Pará com uma saúde pública inclusiva e adaptada às realidades amazônicas, mostrando que cuidar da floresta também é cuidar das pessoas que vivem nesse cenário.
