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Santa Casa do Pará realiza evento sobre cuidados paliativos

Programação conta com a participação de servidores e usuários da instituição  

Por Samuel Mota (SANTA CASA)
24/10/2025 14h07

A Fundação Santa Casa do Pará, realiza nesta sexta-feira (24), uma programação especial que marca o trabalho profissional nos cuidados paliativos oferecidos aos usuários da instituição. O evento, que começou com a apresentação do Coral Saúde e Vida Maria Helena Franco e com a fala de integrantes da equipe multiprofissional, segue com atendimentos e interações com os usuários até o início da noite.  

O projeto piloto sobre Cuidados Paliativos (CP), na Fundação Santa Casa do Pará, iniciou em 2019 e foi reforçado no ano de 2024, dentro do planejamento estratégico da instituição. De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS) os cuidados paliativos se referem a assistência multidisciplinar voltada a melhorar a qualidade de vida de pacientes e suas famílias, enfrentando os problemas associados com doenças que ameaçam a vida, através da prevenção e alívio do sofrimento por meio da identificação precoce e avaliação impecável e tratamento da dor e outros problemas, físicos, psicossociais e até espirituais.

Carolina Paiva, enfermeira da Fundação Santa Casa que atua na ação dos cuidados paliativos na pediatria, destaca que a ação é uma abordagem dentro de um processo de humanização, em trazer esperança durante o pouco de vida que aquele paciente terá pela frente. “A gente consegue proporcionar mais tempo com a família, tempo com ele mesmo, e ele não se centraliza na doença, se centraliza na vida, ou no muito tempo que ele tiver, ou no pouco tempo que ele tiver de vida”. 

“A gente percebe que quando nós chegamos para fazer a abordagem junto à família e até mesmo com o paciente, de início tem aquela retração, mas depois eles vão entendendo que nós não estamos ali somente para falar de morte, mas também para falar de vida, para falar do que foi aquele paciente, a importância de sua história, para que ele sua família consigam entender que a vida dele foi tão importante quanto o tempo que ele ainda tem. Então a gente tenta proporcionar momentos de boas lembranças, momentos de esperança e mostrar aos familiares aquele conforto de que aquele paciente é tão importante quanto ele vai ser também no futuro, caso venha falecer”, explica Carolina.

Desde setembro de 2021, a expansão dos CP foi retomada com a Santa Casa passando a ser capacitada por meio do Programa de Apoio ao Desenvolvimento Institucional do Sistema Único de Saúde ( Proadi Sus) de Cuidados Paliativos, contemplando as unidades de internação e ambulatório do fígado da instituição.

Para Thiago Gama, médico paliativista da instituição, o processo de cuidados paliativos em um hospital é fundamental. “O primeiro é aliviar o sofrimento. É você possibilitar a essa família, a esse paciente, uma abordagem que possa acolher o sofrimento diante de um adoecimento tão intenso. Então quando você oferta cuidados paliativos para esse paciente, você consegue reduzir os custos para a própria instituição. Mas o foco principal, óbvio, é aliviar os sofrimentos do paciente”. 

“Eu acho que os cuidados paliativos resgatam a essência da medicina, que é a arte de cuidar. Não tenho dúvida alguma de que é revolucionário pensar e proporcionar aos nossos pacientes e para a própria instituição esse ato multiprofissional no hospital. A gente está tentando ganhar corpo aqui no Estado. Recentemente foi publicada uma política nacional de cuidados paliativos e a gente está tentando replicar isso aqui no Pará”, pontua o médico.

Relevância - Apesar de serem preconizados há mais de 30 anos pela entidade internacional e desenvolvido em algumas instituições de saúde em todo o Brasil, os CP só foram instituídos como uma Política Nacional, no âmbito do SUS, no final de 2023. Os principais grupos de doenças que se beneficiam dos cuidados paliativos são os de doentes com câncer, doenças cardíacas, pulmonares, renais e hepáticas crônicas, e o grupo dos pacientes com sequelas, demências e doenças neurodegenerativas.

Thiago Gama, médico da Santa Casa, diz que a etimologia ‘paliativo’ traz uma ideia muito negativa, por conta da população, em geral, associar os cuidados paliativos à morte. “E o nosso trabalho é tentar desconstruir essa ideia de que cuidados paliativos tem relação com à morte, mas sim com relação à vida. É proporcionar a esse paciente o alívio do sofrimento diante do adoecimento para que possa viver o mais funcional possível”, explica. 

“Realizamos em nosso meio um trabalho diário, constante. Um trabalho de formiguinha com a finalidade de desconstruir esse pensamento. Não é fácil, mas a gente está disposto a tentar provar o contrário. E esse processo de acolhimento é encantador, onde eles percebem o quanto isso é importante, essa abordagem na vida deles”, enfatiza o médico.