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Agrônomos têm papel crucial para eficácia do combate à mosca-da-carambola no Pará

Ações educativas, monitoramentos e vigilância constante contribuem para manter a exportação de frutos no Estado

Por Rosa Cardoso (ADEPARÁ)
11/10/2025 18h20
Fátima Feliz fez palestra sobre a praga para os ACSs no Museu do Marajó

A Agência de Defesa Agropecuária do Estado do Pará (Adepará) não tem medido esforços para manter o território paraense livre da mosca-da-carambola, inseto que é considerado um dos principais inimigos da fruticultura nacional. Na região do distrito de Monte Dourado, no município de Almeirim, divisa do Pará com o Amapá, onde a praga está restrita, a vigilância é constante, para evitar que cargas de frutos sejam transportados de áreas com presença da praga e cheguem ao território paraense.

No esforço para evitar a disseminação da mosca, agrônomos que atuam na educação sanitária visitam comunidades com o objetivo de conscientizar sobre as medidas de prevenção da praga. “Esse trabalho é fundamental para o êxito das demais ações que são desenvolvidas para manter o Pará livre dessa doença. É muito gratificante levar esse conhecimento para mais pessoas e os agentes comunitários de saúde e de endemias exercem um papel importante para que a sociedade em geral possa nos ajudar no enfrentamento da mosca”, ressalta a Fiscal Agropecuária, engenheira agrônoma Gabriela Cunha, responsável pelas ações de educação sanitária para o programa da mosca-da-carambola no Pará. 

Em Cachoeira do Arari, no arquipélago do Marajó, a Adepará acaba de realizar dois cursos para formação de Agentes Multiplicadores do Programa Nacional de Erradicação da Mosca-da-carambola. As capacitações ocorreram na zona urbana do município com aulas no Museu do Marajó e na zona rural, na Escola Municipal de Ensino Infantil e Fundamental Bom Jesus, em Retiro Grande.

Nos cursos, os agentes comunitários de saúde receberam treinamento para poder transmitir informações sobre o inseto e contribuir para manter saudáveis os polos de produção de Citrus existentes no Estado, bem como a exportação de frutas in natura. 

Com 25 anos de trabalho, a agente de saúde Ocirene Santos  já criou um vínculo com a população. “É um tema novo porque falar de alimento é falar de vida. Essa capacitação veio aprimorar nosso conhecimento para a promoção da saúde. É uma informação nova que só vem somar para melhorar nossa comunidade”, frisou. 

Por meio de metodologias ativas, aplicação de questionários, palestras e atividades lúdicas, os agentes foram capacitados para repassar informações sobre a praga e, desta forma, contribuir para a defesa vegetal.

“As metodologias que foram aplicadas aqui vão ajudar no trabalho dos agentes e também disseminar essas informações sobre essas pragas agrícolas, já que a gente está numa região que tem muitas lavouras As dinâmicas utilizadas foram muito boas e todos puderam participar”, disse Júnior Santos, coordenador de vigilância e saúde de Cachoeira do Arari.

“A mosca não afeta a saúde física, mas como as famílias trabalham com a venda de frutas da região, então se a praga entrar no nosso território pode agravar a situação das famílias porque elas não vão ter o produto e isso pode impactar a fonte de renda das famílias, porque muitos dependem da produção de frutas”, disse Michele  Passinho, que há 14 anos é agente de saúde no Camará. 

De acordo com Olivar Valente, gerente regional de Soure em exercício, além de Cachoeira do Arari, outros 18 municípios do arquipélago são áreas de quarentena para a mosca-da-carambola. “Isso significa que frutos hospedeiros do inseto não podem ser transportados daqui para outros municípios do Estado, sob risco de disseminar a praga”, explicou.

Cachoeira do Arari é uma área de quarentena para o inseto. No município, o monitoramento ocorre de 15 em 15 dias.  “O trabalho de vigilância realizado pela Adepará funciona com a instalação de armadilhas. Atualmente, existem três armadilhas instaladas na zona urbana da cidade e duas na região do Camará”, informou o Fiscal Agropecuário Luiz Carlos, que atua desde início do programa, há 18 anos.

Na formação, os agentes receberam informações valiosas da Fiscal Agropecuária Fátima Feliz Cavalcanti, veterana da Adepará, que abordou na palestra o histórico do programa e o ciclo do inseto. Ela também explicou que a coleta de frutos nos quintais e áreas produtivas é fundamental para evitar a proliferação da mosca. 

“Manter o quintal limpo é fundamental, porque o ciclo da mosca inicia na árvore e termina no chão, então se o fruto não estiver no chão fica mais difícil para o inseto se proliferar. Qualquer suspeita, avisar a Adepará porque os procedimentos técnicos são de responsabilidade dos Fiscais de defesa agropecuária”, disse a agrônoma.

A Regional de Soure, que abrange sete municípios do Marajó, já realizou cursos de capacitação para agentes comunitários de saúde e agentes de endemias em Salvaterra, Soure e Cachoeira. 

Ações simultâneas

No Pará, são realizadas diversas ações simultâneas para o controle da mosca-da-carambola. Enquanto no Marajó foram realizadas atividades educativas, no município de Capanema, no nordeste do estado, Fiscais Agropecuários realizaram a supervisão do Programa e em Monte Dourado, na divisa com o Amapá, um treinamento formou novos combatentes para atuar na pulverização de áreas, coleta de frutos e enterro de hospedeiros. 

“Com dedicação e compromisso, os servidores têm garantido o bom andamento das ações de campo, assegurando o acompanhamento técnico e a manutenção das armadilhas instaladas na região”, ressaltou o Gerente do programa, o Fiscal Agropecuário Adalberto Tavares. 

 Publicação - O Programa é um dos destaques da defesa vegetal no estado do Pará. Este mês um artigo científico sobre as ações da mosca de autoria de agrônomos da ADEPARÁ foi publicado na revista científica Neotropical Entomology. O artigo avaliou a eficácia de medidas fitossanitárias para reduzir a população de insetos em Oriximiná, onde em 2023 foi registrada presença da praga neste município.

O monitoramento ocorreu nos meses de setembro, outubro e novembro em área urbana arborizada de 182 hectares, onde foram capturados 317 espécimes, sendo 274 machos e 43 fêmeas, com maior captura na armadilha do tipo Jackson (67,5 %) que na McPhail (32,5 %). A fase de frutificação foi observada em 93,1 % das fruteiras com armadilhas instaladas. 

Segundo o Gerente, a publicação representa um importante marco científico que reforça a eficácia das ações do Programa Nacional de Erradicação da Mosca-da-Carambola na Amazônia Oriental conduzido pela Adepará no município de Oriximiná, que culminou com a erradicação da praga.

“A eficácia e medidas fitossanitárias no controle e declínio da população da mosca-da-carambola (Bactrocera carambolae) sobre as condições climáticas na Amazônia Oriental, é um reconhecimento internacional que valoriza todo o empenho, dedicação e responsabilidade dos gestores e colegas da Adepará, Mapa, Embrapa e Ufra no combate a esta praga quarentenária”, ressaltou Adalberto, que é engenheiro agrônomo e lidera os trabalhos sobre a mosca no Pará,