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Marido de paciente internada no Ophir Loyola dá exemplo de fé e resiliência

Ele aprendeu a confeccionar terços manualmente, para distribuir durante a Trasladação. Mulher luta contra o câncer de colo do útero e está internada há dois meses

Por Brenna Godot (HOL)
08/10/2025 08h00

Na semana que antecede à grande procissão do Círio de Nossa Senhora de Nazaré - considerada uma das maiores manifestações de fé do mundo, que, tradicionalmente ocorre no segundo domingo de outubro -, o supervisor operacional e técnico de manutenção Dorival Pinheiro Pompeu, de 51 anos, dá um exemplo de devoção, esperança e resiliência. Casado há 20 anos com a dona de casa Tatiane Jacob, também de 51 anos, ele, que nunca teve habilidades manuais muito desenvolvidas, aprendeu a fazer artesanato por conta da saúde da mulher. 

Tatiane, que é de Belém, está internada há dois meses no Hospital Ophir Loyola - referência no tratamento oncológico na região Norte -, na luta contra um câncer de colo de útero. O processo, naturalmente, não tem sido fácil. Desde que se internou, ela precisou deixar os dois filhos - sendo o mais novo uma criança autista de nível 3 -, aos cuidados do marido, que tem se desdobrado para dar conta das tarefas e da casa e ainda dar o apoio necessário à mulher.  

Mesmo com todas as dificuldades, Dorival decidiu abraçar o desafio de produzir artesanalmente terços para distribuir gratuitamente durante a Trasladação - considerada a segunda maior procissão do Círio de Nazaré -, como forma de cumprir uma promessa feita à Nossa Senhora de Nazaré, a quem rogou pelo pleno restabelecimento da esposa.  

“Eu acho que a promessa tem que vir num momento de uma coisa que você nunca fez. Então, fiz a promessa de confeccionar 100 terços, pelo restabelecimento dela. Graças a Deus, concluí os terços. A minha intenção é distribuir, depois de benzidos, na Trasladação, aleatoriamente. Vou colocar em saquinhos e distribuir para as pessoas. E espero alimentar a fé delas. Porque, às vezes, só a gente sabe o que está sentindo. Então, ao receber um terço desses, eu espero que essas pessoas lembrem de que elas nunca estão sós. Nunca”, acredita.

Para Dorival, além de cumprir o compromisso assumido pela saúde da mulher, esta também é uma forma de oferecer conforto às outras pessoas. 

“Então, quero alimentar a fé dessas pessoas ao abrir e ver que tem alguém, em algum momento, em algum lugar, que tá pensando também nas outras pessoas. E espero que Nossa Senhora sempre interceda por cada um daqueles que se encontra aqui. E seguimos”, completou.

Para Tatiane, a promessa e atitude do marido é também uma expressão profunda de amor e companheirismo. “Ele não sabia fazer nada de artesanato, mas disse que ia aprender para cumprir a promessa. Foi um novo desafio, mas ele conseguiu. Isso é prova de amor e de fé. Graças a Deus, estou melhor do que quando cheguei aqui e sigo confiando em Nossa Senhora de Nazaré como intercessora junto a Jesus”, contou. 

Segundo ela, a espiritualidade tem sido essencial em seu processo de recuperação. “A fé tem me ajudado em tudo no tratamento. A mensagem que eu deixo é nunca desistir, porque a vida é bela. Deus está conosco e a fé move montanhas. É preciso sempre agradecer e ter gratidão”, frisou.

De acordo com a assistente social do HOL, Mônica Sosinho, gestos como esse têm grande impacto no fortalecimento emocional de pacientes que enfrentam quadros de saúde complexos. “A fé é uma das principais fontes de esperança e resiliência para pacientes e familiares. Quando alguém se dedica a um ato de devoção, como confeccionar e doar terços, isso gera união, solidariedade e ânimo para enfrentar os momentos difíceis, além de inspirar outras pessoas”, explicou. 

O diretor clínico do HOL, Fábio Araújo, acrescenta ser a espiritualidade uma aliada importante no enfrentamento do câncer. “Ela promove esperança, resiliência e melhora a qualidade de vida, auxiliando a lidar com a dor e a ansiedade. Histórias como essa demonstram que a fé é um recurso fundamental na caminhada de nossos pacientes”, pontua.