Estudantes quilombolas protagonizam projeto sobre o açaí, no arquipélago do Marajó
Iniciativa valoriza saberes tradicionais e fortalece identidade cultural por meio da Educação Ambiental nas escolas da rede pública

Os estudantes do Ensino Médio, da Educação de Jovens, Adultos e Idosos (EJAI) Quilombola, do Anexo Rural Professor Ademar Nunes de Vasconcelos, em Salvaterra, no arquipélago do Marajó, desenvolveram o projeto “Sabor Açaí: tecnologias ancestrais utilizadas para o manejo e produção do açaí nas comunidades quilombolas de Salvaterra”.
O projeto nasceu de um planejamento de aula de Arte e Literatura, inspirado na canção “Sabor Açaí”, do compositor paraense Nilson Chaves, e se expandiu pela força do engajamento dos estudantes. A iniciativa visa valorizar os saberes tradicionais, por meio do diálogo entre práticas ancestrais e conhecimentos atuais e fortalecer a identidade cultural dos estudantes. Ao longo do primeiro semestre, os jovens foram protagonistas em atividades realizadas diretamente nas comunidades, envolvendo familiares e moradores locais.
Coordenado pelo professor Gleidson dos Santos, o trabalho foi desenvolvido em grupos, cada um com uma temática, como economia do açaí e o trabalho dos “peconeiros”, culinária derivada do fruto, tecnologias ancestrais de manejo, além de expressões artísticas como poesia.
“Foi um momento muito proveitoso e exitoso. Os alunos apresentaram em formato de seminário e surpreenderam pela qualidade e envolvimento. O diferencial foi que a comunidade e as famílias também participaram da culminância, transformando a atividade em um encontro coletivo de valorização cultural e educacional”, destacou o professor Gleidson.

O protagonismo dos estudantes foi um dos pontos mais fortes da experiência. Para Rosivan Monteiro da Silveira, aluno do EJA Quilombola da Vila União, agricultor e extrativista do açaí, o projeto representou um marco pessoal e coletivo.
“Eu participei do projeto Sabor Açaí, daqui do Marajó, que a gente apresentou no Hangar. E pra mim, como aluno e agricultor do açaí, isso foi muito importante, porque trouxe conhecimento que só faz aprimorar, fortalecer e valorizar nossa cultura. Esse projeto levou literatura, arte e o nosso trabalho para outras pessoas conhecerem. Eu estou muito satisfeito e gratificado em ter participado. Gostaria que mais pessoas pudessem viver essa experiência, porque é uma forma de compartilhar o nosso saber e o nosso sabor com o mundo”.
O anexo abrange as comunidades de Mangueiras, Siricari, São Marcos, Boa Vista, São Benedito da Ponta, Vila São Vicente, Vila União e Caldeirão.

Educação Ambiental nas escolas - O projeto está inserido na Política de Educação para o Meio Ambiente, Sustentabilidade e Clima, instituída em 2023, pelo Governo do Pará. Desde o primeiro semestre de 2024, o componente curricular de Educação Ambiental é obrigatório em todas as etapas de ensino da rede estadual e, por adesão, em escolas municipais.
O Pará é pioneiro no país ao incluir a sustentabilidade como disciplina curricular obrigatória, estimulando o protagonismo estudantil e incentivando ações de preservação ambiental em todo o território.