Parada do Orgulho LGBTI traz enfrentamento ao HIV como tema
A 16ª edição da Parada do Orgulho LGBTI (Lésbicas, Gays, Bissexuais, Transgêneros e Intersexuais) de Belém foi lançada no final da tarde desta terça-feira (17) com o tema “Juventude e População LGBTI: Consciente e Prevenida no Combate ao HIV”. O lançamento dá a largada para a Parada do Orgulho LGBTI de Belém 2017, que será realizada no dia 29 de outubro.
O lançamento, que ocorreu na sede da Secretaria de Estado de Justiça e Direitos Humanos (Sejudh), também contou com uma exposição, a Premiação da Cidadania LGBT e um coquetel. O evento teve a presença do secretário extraordinário de Integração de Políticas Sociais, Heitor Pinheiro; da secretária de Esporte e Lazer, Renilce Nicodemos e lideranças do movimento LGBTI.
Mais do que um momento de celebração e conscientização para a causa, a Parada do Orgulho LGBTI de Belém se tornou um espaço para posicionamento político e social, levantando temas importantes como a luta contra a violência, de uma forma geral, não apenas a gerada pela homofobia.
O coordenador da Parada deste ano, Leonardo Bittencourt, explica que é um evento totalmente político e de mobilização, com toda uma programação voltada ao tema em questão. “Por isso nós estamos procurando, através da oficina que será realizada no dia 27, empoderar esta juventude, com sensibilidade, para enfrentar o problema do HIV”, ressalta.
Para o titular da Sejudh, Michel Durans, a Parada já está marcada no calendário do Governo do Estado por ser um momento importante, no qual o público LGBTI vem se mostrar visível, com um poder social, político e de empoderamento da sociedade para a causa. Ele destaca que, por meio da Gerência de Livre Orientação Sexual (Glos) a Sejudh articula o Plano Estadual de Política LGBT, com ações como a campanha “Diversidade. Eu respeito. E você?”, lançada neste ano, e que integrou diversos órgãos do Governo para promover a inclusão social e o combate a LGBTfobia. “Temos todos os instrumentos possíveis para dar uma salvaguarda a esta população. Se compararmos a outros estados, o Pará tem sido pioneiro na implementação de políticas públicas voltadas ao público LGBT”, ressalta.
Neste ano, a parada terá um percurso novo, a concentração será na escadinha do cais, ao lado da Estação das Docas, ao meio dia, com saída programada para as 16h, passando pela Avenida Presidente Vargas, seguindo pelas Avenidas Nazaré e Magalhães Barata, até a Caixa D’Água da Cosanpa, em São Brás.
Enfrentamento
Dentro da programação da 16ª Parada LGBTI de Belém haverá uma oficina, no dia 27, destinada a jovens ativistas, sobre o enfrentamento à epidemia do HIV/Aids entre os jovens. Os participantes devem atuar como agentes multiplicadores de informação durante a Parada, no dia 29 de outubro.
O tema escolhido este ano reflete uma grande preocupação, pois são 40 mil novos casos por ano e a maioria dos infectados são jovens na faixa etária entre 18 e 29 anos e com um grande número de mortes. O coordenador de Livre Orientação Sexual da Sejudh, Beto Paes, explica que é em cima do tema da parada que se mobiliza a sociedade para o enfrentamento e para o estabelecimento de políticas públicas que visem atender a questão. “A parada dá visibilidade às grandes questões que atingem a população LGBTI no seu cotidiano, que podem futuramente resultar em uma política pública para resolver este problema”, comenta.
A Parada será composta também de várias atrações, além da programação tradicional, como a entrega do Título de Madrinha da Parada LGBTI 2017, este ano concedido a titular da Secretaria de Estado de Esporte e Lazer (Seel), Renilce Nicodemos, e apresentação da youtuber Leona Vingativa.
No pós-evento, dias 30 e 31 de outubro, será apresentada a montagem “Eu no Espelho. Sarah de Montserrat 25 anos”, no Teatro Margarida Schivasappa, do Centur, às 20h, com entrada gratuita.
O DJ Celso Flexa há cinco anos comanda um dos três trios elétricos que acompanham o trajeto da Parada. Ele anuncia que além de muita música os trios são instrumentos de conscientização da população para os grandes temas que são discutidos. “Nos intervalos dos pronunciamentos traremos muita música, mas também muita informação”, explica.
Exposição
Quem foi ao lançamento teve oportunidade de conferir uma exposição inédita em Belém, composta por 41 capas do Lampião da Esquina, jornal dirigido ao público homossexual e que circulou por todo o país, entre os anos de 1978 e 1981.
O primeiro jornal gay do Brasil, inspirado no norte-americano Gay Sunshine, foi vanguardista e pautou, ainda no final dos anos de 70 e início de 1980, em plena ditadura militar, muito do que ainda hoje serve de agenda para a imprensa e movimentos sociais.
A publicação contou com entrevistas e ensaios fotográficos de nomes como Ney Matogrosso e Leci Brandão e com colaboradores de renome, como João Silvério Trevisan, Glauco Mattoso e Aguinaldo Silva, autor de novelas da Rede Globo - que na época, além de chefiar o jornal, era repórter policial.
Histórico
Em Belém, a primeira Parada LGBT foi realizada em 28 de junho de 2002, organizada pelo Movimento Homossexual de Belém – MHB. No início a concentração era realizada na área das Docas, bairro Reduto, região central do município. A partir daí seguia em forma de passeata aos sons de trio elétricos com músicas, shows performáticos de Drag Queens e gogo boys, com paradas simultâneas para os discursos políticos dos militantes do movimento LGBT.
A parada LGBT seguia pela Avenida Marechal Hermes e partia via Avenida presidente Vargas, com destino à reta final, que seria na Praça da República. A partir de 2012 houve mudanças no percurso da Parada de Belém, modificando o trajeto da manifestação.