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III Seminário da Rede Pará de Contas Regionais e Bioeconomia consolida avanços e estratégias para o desenvolvimento sustentável

Evento reuniu pesquisadores e gestores em Belém para discutir cadeias produtivas, metodologias e propostas de fortalecimento da bioeconomia no Pará

Por Manuela Oliveira (FAPESPA)
22/08/2025 17h28

A Fundação Amazônia de Amparo a Estudos e Pesquisas (Fapespa), em parceria com a Universidade Federal do Sul e Sudeste do Pará (Unifesspa), a Universidade Federal do Oeste do Pará (Ufopa) e a Universidade Federal do Pará (UFPA), realizou entre os dias 19 e 21 de agosto, o III Seminário da Rede Pará de Contas Regionais e Bioeconomia, em Belém. Durante o encontro, os pesquisadores debateram dados e perspectivas sobre diferentes cadeias produtivas da bioeconomia, como a castanha-do-pará e o açaí, aspectos metodológicos e impactos socioeconômicos relacionados às cadeias regionais.

O evento reuniu pesquisadores de Belém, Marabá, Santarém, Maranhão e Alemanha, gestores e representantes institucionais para discutir estratégias de desenvolvimento baseadas na ciência e na bioeconomia, e foi encerrado com uma plenária dedicada à consolidação dos resultados apresentados ao longo do encontro. Ocasião em que também foram discutidos os resultados preliminares que irão compor relatório, que será encaminhado à Fapespa para posterior divulgação. O encerramento marcou a síntese coletiva dos trabalhos e a preparação dos produtos finais do seminário, reforçando a importância da integração de saberes na construção de diagnósticos e propostas para o fortalecimento da bioeconomia regional.

“Quero parabenizar o trabalho que vem sendo realizado, especialmente pelas devolutivas e pelas reuniões constantes, que trazem propostas de governança e fortalecem nossas ações. Ganhamos mais uma ferramenta para mostrar que a ciência é a base do planejamento e do desenvolvimento. Não será possível alcançar os objetivos propostos sem que a ciência disponha dessas informações organizadas e dessas propostas estruturadas”, destacou Deyvison Medrado, presidente em exercício da Fapespa.

Integração - O seminário promoveu um ciclo de plenárias dedicadas à apresentação de estudos, devolutivas e debates sobre a bioeconomia paraense e suas metodologias de mensuração. No primeiro dia entre os instrumentos discutidos, destacou-se a Matriz de Subproduto da Tabela de Recursos e Usos (TRU), que evidencia como os diferentes bens e serviços são empregados na economia. Já as contas Alfas, por sua vez, detalham a produção por ramo de atividade, permitindo compreender com maior precisão as interdependências entre os setores e a origem dos produtos em cada um deles.

O professor e coordenador do Laboratório de Bioeconomia SBDiversidade da Ufopa, Luiz Gonzaga Feijão, pontuou sobre as ferramentas usadas para o levantamento de dados. "As pesquisas são de cunho quantitativo e qualitativo. Por exemplo, no caso da castanha-do-pará, identificamos um número relativamente grande de produção, comercializada por três grandes atravessadores. O mesmo acontece com o cumarú. Assim, estamos acumulando dados sobre o tamanho da produção, que apresentam valores relativamente elevados, próximos, inclusive, dos dados oficiais que temos à disposição. Essa é a dimensão quantitativa. A outra dimensão é tentar compreender como a castanha e o cumarú são negociados, bem como as variações existentes nesse processo de negociação. Tivemos alguns avanços nesse sentido”.

O segundo dia reuniu pesquisadores para discutir cadeias produtivas da bioeconomia e as Contas Alfas, destacando avanços metodológicos e a importância dos arranjos institucionais para aprofundar a análise do setor. Na parte da tarde, o projeto Políticas Públicas de Mitigação e Adaptação Climática (PPMAC) da Unifesspa apresentou contribuições sobre políticas climáticas e o gasto público em âmbito local, ampliando o debate sobre a relação entre economia, meio ambiente e desenvolvimento regional.

Já o terceiro dia foi marcado por plenárias voltadas à integração das devolutivas e à consolidação dos resultados preliminares apresentados ao longo do evento. O encontro também incluiu discussões sobre a governança da Rede Pará de Contas Regionais e Bioeconomia, fortalecendo o alinhamento entre os grupos de pesquisa e as instituições parceiras.

“Durante o II Seminário, avançamos na definição das metodologias a serem aplicadas, utilizando a Matriz de Subproduto da TRU e as contas Alfas, com alguns arranjos institucionais, o que possibilitou resultados mais consistentes e robustos. Já apresentamos os primeiros resultados, obtidos a partir de pesquisas de campo e da análise de notas fiscais, viabilizadas pelo convênio com a Secretaria de Estado da Fazenda do Pará (Sefa) e outras parcerias”, ou a explicou a diretora de Estatística e Tecnologia e Gestão da Informação da Fapespa, Atyliana Dias.

Projeto - A Rede Pará de Contas Regionais e Bioeconomia foi criada em 2024, como uma iniciativa estratégica até 2027, voltada à mensuração da bioeconomia no Estado do Pará, por ser um setor considerado essencial para a construção de um modelo de desenvolvimento sustentável na Amazônia. Participam da Rede as Universidades do Estado, que, em conjunto, reúnem pesquisadores de diferentes áreas para analisar a relevância econômica e social da bioeconomia.

O objetivo central do projeto é compreender a dimensão e o funcionamento da bioeconomia paraense, observando sua atuação como fornecedora e demandadora de insumos, bem como sua inserção nas cadeias produtivas locais e regionais. A proposta inclui, ainda, a avaliação dos efeitos da renda gerada por esse setor, com ênfase em seus impactos sobre a geração de empregos, a redução das desigualdades e a promoção do desenvolvimento socioeconômico em comunidades amazônicas.

Segundo Daniel Silva, professor da Unifesspa, das pesquisas realizadas desde o início do projeto os avanços correspondem a 40%. Nos próximos três meses, parte dos pesquisadores do PPMAC aplicarão 500 questionários durante pesquisa de campo em cerca de 10 municípios. "Dentro de um projeto que tem duração de três anos. Esse começo acelerado mostra bem qual é a nossa metodologia: agir com rapidez e organização para alcançar resultados concretos”, destacou Daniel Silva, professor Adjunto do curso de Economia da Unifesspa.

Com essa proposta, a Rede Estadual de Bioeconomia busca oferecer informações qualificadas que possam subsidiar políticas públicas e estratégias institucionais voltadas para o fortalecimento da bioeconomia, entendida não apenas como atividade econômica, mas também como vetor de conservação ambiental e valorização dos saberes locais.