No Hospital da Transamazônica, crianças da UTI ganham passeio no jardim com a família
Projeto ajuda na recuperação, proporciona lazer e será realizado uma vez por semana
Há 10 meses, João Miguel, que tem pouco mais de um ano, vive no Hospital Regional Público da Transamazônica (HRPT), em Altamira, sudoeste do Pará. O bebê nasceu forte e saudável, mas adquiriu uma pneumonia que mudaria o cotidiano de toda a família. “O quadro inicial veio com uma insuficiência respiratória, percebia que ele estava sempre cansado”, conta a mãe, Lívia de Jesus.
João está internado na ala pediátrica da Unidade de Terapia Intensiva (UTI), mesmo setor onde há 8 meses Stella Manuela conta com a ajuda de aparelhos e das equipes do HRPT na luta pela vida. A bebê também nasceu saudável, mas foi acometida por infecções virais e uma trombose. “Aqui, as equipes cuidam bem, fazem direitinho o tratamento, e graças a Deus está dando certo”, elogia a mãe, Maristela Sousa.
Os dois casos são exemplos de quando o paciente precisa permanecer no hospital por um período pré-determinado ou sem previsão de alta. Para atender a essa demanda, a unidade oferece toda a estrutura necessária para acomodação, e no HRPT foi implementada uma nova ferramenta que busca proporcionar uma permanência mais próxima, ainda que em menor escala, da realidade fora dos muros do hospital.
O projeto ‘Passeio no Jardim’ é realizado pelas equipes de Fisioterapia, Fonoaudiologia, Psicologia, Enfermagem, Medicina e Serviço Social. A ideia é que, uma vez por semana, de preferência aos domingos, pacientes como João e Stella desçam para o jardim para aproveitar ar fresco e luz natural. “Estando dentro de uma UTI, o paciente se sente isolado e até perde a noção do tempo, o que é comum devido à internação que requer isolamento. Com o projeto, o hospital está emprestando um serviço humanizado na recuperação desses pacientes”, afirma o coordenador de Fisioterapia e Fonoaudiologia do Hospital da Transamazônica, Alex Bernardo.
O lançamento ocorreu em uma data simbólica e especial: 10 de agosto, segundo domingo do mês, Dia dos Pais. João Miguel é o primeiro filho do agricultor Nadison Alves. “Sou do interior, nunca pensei que ia passar por isso”, lamenta, antes de refletir sobre poder, mesmo no hospital, comemorar o dia do ano dedicado a ele, e ao lado do filho vivo. “Agradeço de coração a todos os profissionais competentes que se preocupam com o bem-estar de quem está internado e dos pais”.
Paulo Danilo, pai da Stella, não conteve as lágrimas ao segurar a filha nos braços e poder fazer o primeiro passeio desde a internação na UTI. “Achei importante o contato deles com o ar natural, porque aqui fora eles conseguem ter mais para ver e até receber mais parentes”, observa feliz por saber que em breve poderá fazer um novo passeio com a filha.
O projeto ‘Passeio no Jardim’ reforça a humanização empregada pelo Hospital da Transamazônica em todos os setores da unidade. O HRPT é referência no atendimento pediátrico e, no caso de ações como a lançada no último domingo, segue rigorosos protocolos de segurança. “Queremos proporcionar um ambiente de interação com o meio externo, mesmo estando na UTI, às crianças que se preparam para voltar para casa”, reforça o coordenador de Fisioterapia e Fonoaudiologia, Alex Bernardo.
Passeio de preferência aos domingos
Um detalhe em particular chama a atenção para o cuidado que o projeto ‘Passeio no Jardim’ teve ao escolher o dia da atividade. A opção pelo domingo não é por acaso e tem uma justificativa bem direta: aproveitar que a movimentação nos corredores e áreas externas é menor, a fim de fazer com que a criança fique o mais à vontade possível e não tenha a atenção desviada quando estiver recebendo um carinho dos pais. Outros familiares, como irmãos, avós, tios e primos também podem visitar, desde que previamente solicitado pelos responsáveis diretos da criança, e autorizado pela equipe que coordena o projeto.
Terapia diária auxilia antes, durante a após o passeio
Com reconhecimento nacional e nível de excelência em atendimentos de bebês prematuros, recém-nascidos e crianças na UTI Pediátrica, o Hospital da Transamazônica tem como diferencial importante o trabalho desenvolvido por uma equipe multiprofissional, responsável por acompanhar os pacientes de acordo com as necessidades de cada um.
Entre as especialidades, uma é fundamental na manutenção diária das funções motoras, respiração e até exercícios que impedem o atrofiamento do sistema de mastigação. A fisioterapia é aplicada de forma integral quando o paciente participa de atividades que requerem alteração da rotina hospitalar, como o passeio no jardim, lançado no dia 10.
Especialista no assunto, Nathacha Marreiros garante que as terapias permitem que as crianças da UTI “tenham uma respiração melhor, consigam manter uma boa saturação e ficar estáveis”. Na torcida para que João, Stella e outras crianças possa receber alta logo e retornar para casa, Nathacha admite orgulho em poder fazer parte de atividades que farão toda a diferença quando esses pacientes tiverem alta. “Vai ajudar muito nos movimentos, na evolução, no engatinhar e permitir que eles tenham a chance de ser independentes assim como as outras crianças”.
Texto: Rômulo D'Castro (HRPT)