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Seminário RUMOS abre debates sobre turismo sustentável e regenerativo no Pará pós-COP30

Evento marca menos de 100 dias para a Conferência da ONU em Belém e reúne especialistas, empreendedores e gestores para traçar o futuro do setor na Amazônia

Por Israel Pegado (SETUR)
04/08/2025 21h16

Com foco na sustentabilidade e na regeneração dos territórios amazônicos, a Secretaria de Estado de Turismo do Pará (Setur) deu início, nesta segunda-feira (4), à primeira edição do Seminário RUMOS – “O Turismo pós-COP30”. O evento marca a contagem regressiva de menos de 100 dias para a 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (COP30), que será realizada em novembro na capital paraense. Reunindo gestores públicos, lideranças comunitárias, empresários, especialistas, estudantes e profissionais do trade turístico, o seminário lança luz sobre o papel do turismo como protagonista das transformações ambientais, econômicas e sociais que o planeta exige.

A diretora de Produtos Turísticos da Setur, Alessandra Pamplona, reforçou que o seminário simboliza o amadurecimento de um projeto coletivo que vem sendo construído há anos com a colaboração de múltiplos atores. “A gente quer discutir os rumos e os novos caminhos desse turismo no estado. O turismo que a gente já vem fazendo, mas que agora precisa se consolidar como política pública, como legado para o futuro. E esse futuro só será possível com a participação ativa da comunidade, da academia, do setor privado e da gestão pública. Estamos aqui para sonhar juntos, não para impor um modelo pronto. Nosso trabalho na Secretaria é também de escuta e de construção de sonhos”, declarou.

Alessandra também reforçou que o momento exige coragem e visão estratégica. “Estamos recebendo atenção nacional e internacional por causa da COP30. Essa visibilidade precisa ser usada com responsabilidade. Eu estou muito ansiosa para que o evento chegue logo e o mundo entenda que não somos só um destino no Brasil. Nós já reconhecemos o nosso potencial, agora é hora do mundo reconhecer também. E nós vamos fazer isso acontecer”, afirmou.

Turismo e clima: setor precisa assumir protagonismo nas negociações globais, defende Jacqueline Gil
A palestra magna de abertura foi conduzida por Jacqueline Gil, professora da Universidade de Brasília (UnB) e ex-diretora de Marketing da Embratur. Com reconhecimento internacional por sua trajetória em turismo sustentável, Jacqueline destacou que o setor é responsável por 8,8% das emissões globais de gases de efeito estufa e, por isso, precisa assumir com urgência seu papel na agenda climática.

“O turismo impacta diretamente o avanço do aquecimento global. Por isso, não basta reduzir danos: é preciso transformar o modo como viajamos, produzimos e consumimos turismo, especialmente em biomas como a Amazônia”, afirmou, ao contextualizar os desafios de se construir um modelo regenerativo e de baixa emissão. Para ela, a COP 30 é uma oportunidade única para o Brasil – e especialmente o Pará – assumir protagonismo global na construção de um novo paradigma mundial no turismo. “Esse é o maior evento político e econômico do mundo sobre o clima”, enfatizou.

Jacqueline lembrou que apenas na COP29, realizada em 2024 no Azerbaijão, o turismo foi incluído formalmente nas pautas de negociação climática. “Ele foi tratado por décadas como um setor rebelde, que polui, mas que também carrega um imenso potencial de transformação. Precisamos de ações concretas: cortar emissões reduzindo e compensando combustíveis fósseis, priorizar a Economia Circular com o reaproveitamento de materiais, zerar o uso de plástico descartável, incentivar a alimentação local com biomas saudáveis sem embalagens, e especialmente, regenerar ecossistemas, florestas, manguezais e corais”, defendeu.

Iniciativas locais inspiram práticas transformadoras no turismo amazônico
A programação seguiu com a mesa-redonda “O Pará na vanguarda do turismo sustentável”, que reuniu empreendedoras e especialistas com atuação direta na construção de práticas turísticas mais éticas e conscientes. Participaram Ana de Sá (Espaço Aruna), Ana Karolina Jorge (Vivenciar Turismo) e Fernanda Freitas (Pará Birding Tour), com mediação de Allyson Neri. Elas compartilharam experiências ligadas ao ecoturismo, ao turismo de base comunitária, à observação da natureza e à valorização da cultura amazônica, reforçando que o Pará já possui caminhos consolidados e iniciativas de destaque nacional.

Em meio ao diálogo sobre estratégias para consolidar o Pará como referência no turismo sustentável, a empreendedora Fernanda Freitas trouxe à tona reflexões fundamentais. À frente da Pará Birding Tour, agência especializada em observação de aves na Amazônia, Fernanda compartilhou sua experiência com o turismo de contemplação e a importância da preservação do bioma amazônico como base de toda a cadeia produtiva.

“O turismo tem um potencial enorme de ser um motor de transformação do Brasil. A gente ainda precisa avançar e o primeiro passo é entender que devemos trabalhar em rede”, destacou.