Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural (Emater) incentiva economia solidária
Em Belém, Semana Estadual da Agricultura Familiar destaca roda-de-conversa com estudantes de escola pública e mulheres microempreendedoras

Na Usina da Paz Terra Firme, em Belém, o escritório local da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Pará (Emater) reuniu 60 estudantes da Escola Estadual de Ensino Fundamental e Médio (EEEFM) Mário Barbosa e mulheres microempreendedoras do entorno para conversar sobre Economia Solidária. O evento, na quarta-feira (23), abordou o conceito que trata de um conjunto de práticas sociais e econômicas baseadas em autogestão, cooperação e distribuição igualitária de benefícios e vantagens.
A ação compõe a programação da 1ª Semana Estadual da Agricultura Familiar, que o Governo do Pará promove nos 144 municípios paraenses, por meio da Emater, até sexta-feira (25), em alusão a 25 de julho, Dia Mundial da Agricultura Familiar.
De acordo com o condutor da roda-de-conversa, o engenheiro agrônomo Jader Moura, especialista em Gestão Pública e Agronegócio e mestre em Ciências Agrárias, o momento contribuiu para aproximar públicos vulneráveis da periferia da capital.
Participaram jovens e mulheres, e o foco é a proposta de modelo de negócios que não visa ao lucro por si só: mas o desenvolvimento sustentável, a coletividade e oportunidades e resultados justos nas relações comerciais: “A economia solidária é uma alternativa ao capitalismo vertical. O modo como produzimos e consumimos constrói a história e repercute nos quadros de pobreza, violência urbana, qualidade de vida, preservação do meio ambiente. Quando incentivamos os pequenos empreendimentos, muitos dos quais resgatam e continuam ancestralidade e tradição, estamos agindo pela inclusão social e pela dignidade humana”, resumiu Jader Moura.

Para Wendyla Felizardo, de 16 anos, aluna do 1º ano do Ensino Médio, produzir, vender e comprar dentro da lei, com valores acessíveis e diversidade, é um “direito”: “Eu sinto que hoje em dia é muito difícil ter boas condições de trabalho, conseguir adquirir o que precisamos para as nossas necessidades, porque tudo é caro e o sistema é explorador”, relata.
A adolescente pretende cursar Direito e se tornar advogada criminalista, impactada com um acontecimento familiar: “Meu tio foi preso e condenado sem o devido processo legal, a meu ver, e isso ocorreu porque é preto e pobre. Eu acho que nós sofremos muito racismo e preconceito. A juventude está aí para mudar o cenário”, considera.
Empreendedorismo

Participando do diálogo guiado pela Emater, a microempresária Josele Reis, de 36 anos, proprietária do salão-de-beleza Studio Josele Reis, na Rua 2 de Junho, na Terra Firme, e criadora da marca de cosméticos artesanais Fiel Aliança, buscava informações sobre estratégias mercadológicas para um blend capilar voltado para a clientela afrodescendente.
“É um mix de nove óleos naturais, de formulação exclusiva, concebida por mim: uso, por exemplo, folha de goiaba e quiabo inteiro. O blend concretiza minha vivência de mulher preta, de cabelo crespo, curvatura 4A [uma classificação universal de cachos referendada por cabeleireiros], que sempre alisou o cabelo pra ser ‘aceita’ e há algum tempo assumiu sua beleza de cachos definidos”, explica Josele Reis.
Uma das expectativas sobre o apoio da Emater é a divulgação do produto e da marca em feiras e festivais que contemplem as realidades de comunidades quilombolas, terreiros de religiões afrodescendentes e movimentos sociais negros. Em 2022, a Emater instituiu uma Política interna de Direitos Difusos e Coletivos (PICD), a fim de contextualizar a assistência técnica e extensão rural (ater) pública aos povos tradicionais de matrizes africanas e terreiros (Potmas).
Texto de Aline Miranda