Semas expande diálogo sobre bioeconomia no Pará em evento climático da Amazônia
O encontro mostra como o Estado se transforma em um centro de ações de bioeconomia, por meio de políticas públicas e projetos estruturantes, como o PlanBio
O evento “Bioeconomias da Amazônia: escalando uma transição justa e sustentável” debateu nesta quarta-feira (16), no Espaço São José Liberto, em Belém, o desenvolvimento ambiental, econômico e social, reunindo representantes do Governo do Pará, por meio da Secretaria de Estado de Meio Ambiente, Clima e Sustentabilidade (Semas), instituições de pesquisa, setor produtivo e organizações da sociedade civil. O evento abordou soluções concretas e inovadoras, baseadas na sustentabilidade, para a Amazônia.
O encontro, que fez parte da iniciativa colaborativa "Semana do Clima da Amazônia", teve como destaque as apresentações do Parque de Bioeconomia e Inovação da Amazônia, do Centro de Sociobioeconomia, além de estudos inéditos e iniciativas sobre o tema.

Segundo a secretária-adjunta de Bioeconomia da Semas, Camille Bemerguy, a agenda “é um reconhecimento de toda uma trajetória do Estado, que nos últimos anos trouxe o clima como uma agenda prioritária e central de política publica, e o entendimento que clima e economia precisam caminhar juntos se queremos um mundo mais sustentável e justo”.
Estratégia - A programação contou com painéis sobre construção do Plano de Bioeconomia do Estado (PlanBio), considerado o primeiro do País a ser “construído coletivamente com os diferentes atores que fazem parte do plano”. A proposta do evento foi mostrar como o Estado vem estruturando uma estratégia de desenvolvimento baseada na bioeconomia como “um desenvolvimento econômico que seja justo, sustentável, e traga um novo paradigma econômico para o Pará”.
Também foram discutidos dados sobre a bioeconomia extrativista, industrial, tecnológica e bioindústria, e a necessidade de criar políticas fiscais para permitir sua expansão.

Transição - Foi apresentado o Parque de Bioeconomia e Inovação, descrito como um projeto que cria “um ambiente inovador para a bioeconomia no Estado do Pará, para assegurar que essa transição de modelo seja feita de forma pungente e transformadora”. O Parque integrará um centro de inovação, laboratórios e espaços para startups, ciência e tecnologia.
Camille Bemerguy reforçou que a riqueza do Estado no campo da bioeconomia o torna o “epicentro da bioeconomia na Amazônia e no Brasil”.
Karina Simão, painelista e representante do Conselho Empresarial Brasileiro para o Desenvolvimento Sustentável (CEBDS), enfatizou a importância de discussões em torno do tema. “Temos atuado fortemente na agenda de bioeconomia por entender que é um denominador comum entre os setores, e pode viabilizar um desenvolvimento mais verde e inclusivo. A Amazônia é nossa única agenda territorial, o que nos aproxima ainda mais do território e dos atores locais. Por isso, temos nos aproximado do Governo do Pará, que já tem destaque nessa pauta. Precisamos olhar para os mecanismos disponíveis e promover parcerias estratégicas entre o setor privado, o governo, as comunidades e a ciência. O Plano Estadual de Bioeconomia do Pará foi um dos pioneiros do Brasil. Ele serviu de referência para o plano nacional - muitas das ações refletidas ali foram inspiradas no processo conduzido pelo Pará. É fundamental que o setor privado participe da atualização do plano, para que, quando for necessário o financiamento, as soluções já estejam integradas com a realidade do mercado”, informou.

Rafaela Reis, pesquisadora e coordenadora de Projetos do Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (Ipam), e painelista do evento, explicou que “o Instituto é um grande parceiro do Estado. Um dos painéis apresentados foi ‘Bioeconomia em Dados’, um momento importante para compartilhar os dados que temos sobre bioeconomia e os resultados do nosso projeto focado na bioindústria nos estados da Amazônia Legal”.
O evento contou ainda com um marketplace de bionegócios, e o lançamento de um selo de identificação do Plano de Bioeconomia, que servirá para mapear iniciativas alinhadas à estratégia do Estado. “Toda vez que uma ação, um bionegócio, fizer parte dessa lógica instituída pelo PlanBio, ele vai ter o selo que o identifica, garantindo transparência ao mercado de que essa é uma ação que faz parte de uma estratégia de bioeconomia, que conversa com o que o Estado quer para sua transformação econômica e social”, reforçou Camille Bemerguy.

Investimento - “Hoje, a Fapespa (Fundação Amazônia de Amparo a Estudos e Pesquisas) executa, dentro do PlanBio, 91 projetos. Isso representa um investimento de R$ 15,6 milhões, nos últimos três anos. Nesse sentido, para além do fomento aos projetos e às startups, existem as ações de inovação nas empresas. Atualmente, executamos programas em parceria, que juntos somam uma disponibilidade orçamentária de R$ 20,7 milhões para o nascimento de novas empresas de base tecnológica, e, dentre elas, algumas de bioeconomia”, destacou o painelista e diretor Científico da Fapespa, Deyvison Medrado.
Atualmente, o PlanBio abrange 122 ações executadas por 18 secretarias, com uma plataforma de monitoramento lançada para garantir transparência. O objetivo é promover justiça climática com prosperidade e transformação econômica.
Além da Semas, estavam representadas a Secretaria de Estado de Igualdade Racial e Direitos Humanos (Seirdh), Secretaria de Estado de Desenvolvimento Agropecuário e da Pesca (Sedap), Secretaria de Estado de Desenvolvimento Econômico, Mineração e Energia (Sedeme), Universidade do Estado do Pará (Uepa), Companhia de Desenvolvimento Econômico do Pará (Codec), Secretaria de Estado da Fazenda (Sefa) e Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural (Emater). O evento contou ainda com representantes do Governo de Rondônia, Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (Ipam) e World Resources Institute (WRI).