"Música das Américas" projeta o trabalho das bandas sinfônicas do Pará
Instrumentos afinados, partituras decoradas e uma enorme expectativa diante da possibilidade de mostrar seu talento a quem chegou onde um dia eles almejam chegar. Esse era o clima compartilhado por mais de 300 instrumentistas e seis regentes, integrantes de várias bandas sinfônicas do Estado, durante a abertura do III Festival Música das Américas, realizada na noite desta quarta-feira, 26, no teatro Margarida Schivasappa, da Fundação Cultural do Pará. Serão três dias de programação dedicados aos grupos musicais paraenses. Cinco municípios do interior estarão representados no evento. Além de mostrar o que produzem ao público do festival, os músicos participarão de masterclass, cursos de regência e oficinas com nove músicos convidados.
Eduardo Roberto Belém tem 16 anos e participa pela segunda vez do "Música das Américas". "Toco saxofone há dois anos e meio. Saí de Belém e me mudei para São Caetano de Odivelas, onde conheci a música e a Banda Sinfônica Rodrigues dos Santos. O detalhe é que não fiz nenhum teste de aptidão, foi amor à primeira vista mesmo. Estar aqui participando desse festival é uma honra, porque nos dá a oportunidade de aprender com muitos mestres”, afirma.
Colega de banda e de instrumento, Layane Ribeiro, também começou a carreira musical há dois anos e meio, mas ao contrário de Eduardo, faz a sua estreia na programação. “É minha primeira vez nesse festival e estou aproveitando tudo o que posso, pois é uma oportunidade única. Aqui conhecemos músicos do mundo inteiro, que podem nos ensinar muitas coisas úteis para o nosso crescimento profissional. As aulas com os regentes, por exemplo, são ótimas”, relata a jovem, que integra a Banda Sinfônica Rodrigues dos Santos, criada há 134 anos no município de São Caetano de Odivelas.
Para os músicos que atuam na capital, poder receber os colegas do interior, mais do que promover um intercâmbio, mostra que a arte ganha vem ganhando uma dimensão cada vez maior e fazendo a diferença na vida de centenas de jovens. “A cada ano a gente evolui com a experiência dos outros, aprende sobre a importância de tocar em conjunto, de poder se ouvir, como um todo. Eu toco percussão e como costumamos ocupar o fundo do palco, onde dá para ouvir cada músico. Vejo como as bandas do interior vem mostrando um trabalho de qualidade e como a música tem sido levada a todos os cantos do Pará”, comenta Gabriel Gomes, músico da Banda Sinfônica da Fundação Carlos Gomes.
Um dos convidados do festival, o regente americano Shawn Smith ensaiou com as bandas locais e conduziu a apresentação da banda de São Caetano na noite de ontem. “É maravilhoso o trabalho que estão fazendo aqui, vejo que o Estado apoia o ensino da música e a manutenção das bandas. De minha parte, só posso desejar que que elas cresçam e mostrem um desempenho ainda melhor”, disse.
Para o diretor artístico do Festival, Marcelo Jardim, a presença de grandes nomes no evento agrega conhecimento à formação dos iniciantes. “Fazemos um trabalho intenso com as bandas do interior, o nosso propósito é estimular a criação de repertório e mostrar para os regentes que é possível trabalhar de forma pedagógica utilizando a música. Assim, convidamos as bandas Municipal de Tailândia, Rodrigues Alves (de São Caetano de Odivelas), Maestro Vale (de Vígia), Associação Antônio Malato (de Ponta de Pedras) e uma convidada muito especial, a Banda de Anajás, da Ilha do Marajó, que foi a última a chegar em Belém devido à distância e às dificuldades de acesso ao município. É muito importante que esses jovens tenham contato com os músicos nacionais e estrangeiros para ouvir deles o relato de suas experiências e ver o quão rica e promissora é essa arte. Ao contrário do que se possa pensar, a música de banda está longe de acabar”, declarou.
A Fundação Carlos Gomes, realizadora do evento, acredita que mais uma vez o festival cumpre sua missão institucional. “A missão do Conservatório e da Fundação Carlos Gomes é justamente promover educação musical de qualidade em todo o Pará, e nesse festival procuramos valorizar o que temos de mais tradicional no Estado: as bandas. Ao trazer a experiência de músicos renomados estamos preparando essa geração para o mercado de trabalho. Além disso, conseguimos promover a integração entre os grupos dos diferentes municípios. São centenas de crianças e adolescentes que, não fosse a música, estariam em situação de risco”, diz Paulo José Campos de Melo, superintendente da FCG.
Serviço: O III Festival Música das Américas segue até esta sexta-feira, 28. Para conferir a programação completa acesse o site da Fundação Carlos Gomes (www.fcg.pa.gov.br).