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Plano de Gestão da Reserva Vitória de Souzel avança com a participação da comunidade

As ações integram a etapa preparatória do processo, envolvendo diretamente as comunidades tradicionais que habitam a reserva e seu entorno

Por Vinícius Leal (IDEFLOR-BIO)
08/07/2025 15h38

Entre os meses de maio, junho e início de julho, o Instituto de Desenvolvimento Florestal e da Biodiversidade do Pará (Ideflor-Bio) avançou na construção participativa do Plano de Gestão da Reserva de Desenvolvimento Sustentável (RDS) Vitória de Souzel, no município de Senador José Porfírio, na Região de Integração Xingu, oeste paraense. As ações integram a etapa preparatória do processo, e envolvem diretamente as comunidades tradicionais que habitam a Reserva e seu entorno.

O trabalho foi conduzido pela Comissão do Plano de Manejo (Coplam), com o apoio da Gerência Administrativa da Região do Xingu (GRX), e inclui reuniões com o Grupo de Governança – formado por conselheiros e moradores da Reserva –, visitas de campo e aplicação de questionários às famílias residentes, além da realização de cinco oficinas comunitárias. As ações ocorreram nas comunidades de Croari, Vila Nova, Nossa Senhora de Aparecida, São Marcos e Tanequara, situadas dentro da RDS.

Estado incentiva a participação dos moradores na construção do Plano de Gestão

A etapa preparatória tem como finalidade coletar dados que subsidiarão o conteúdo do futuro Plano de Gestão, instrumento fundamental para o ordenamento territorial, conservação ambiental e valorização sociocultural da Reserva. “A participação das comunidades tradicionais da RDS Vitória de Souzel nas oficinas da etapa preparatória é de fundamental importância, pois são povos que vivem no território e conhecem profundamente suas realidades e necessidades”, ressaltou a engenheira agrônoma Kelly Nunes, técnica da GRX e integrante da Coplam.

Expectativa - Durante as atividades, muitos relatos enfatizaram a expectativa por políticas públicas efetivas. O pescador e conselheiro da RDS, Raimundo Martins, aposentado pela Colônia Z-12, precisou deixar o ofício também por conta da escassez de pescado. Ele falou sobre as mudanças no modo de vida tradicional e a necessidade de alternativas sustentáveis para garantir a permanência das famílias no território.

O morador e conselheiro Donizethe Machado da Silva, da Comunidade Nossa Senhora de Aparecida, no Rio Tamanduá, disse esperar “que o Ideflor-Bio se empenhe em executar políticas públicas direcionadas à RDS, que tragam uma melhor condição de vida para as pessoas que aqui moram. A gente vive aqui, constituímos família aqui, e votamos pela criação da RDS. Agora, queremos ver as coisas acontecendo”.

Escuta - O diretor de Gestão e Monitoramento de Unidades de Conservação do Ideflor-Bio, Ellivelton Carvalho, destacou o compromisso do órgão em garantir a escuta ativa das comunidades. “Mais do que um documento técnico, o Plano de Gestão da RDS Vitória de Souzel precisa traduzir as realidades e os desejos das pessoas que vivem e cuidam desse território. Nosso papel é articular os saberes locais com as diretrizes legais para consolidar um plano exequível, participativo e eficaz”, informou.

A ação realizada em maio, nas comunidades de Croari e Vila Nova, foi estratégica para iniciar a escuta comunitária e mapear os primeiros desafios a serem enfrentados. Com base nesses encontros, as equipes avançaram no levantamento de dados socioeconômicos e ambientais, intensificando o processo de mobilização para as oficinas seguintes. Em todas as atividades, foi reforçado o convite para que os moradores participem ativamente da construção do Plano.

Avanço - Ainda na etapa preparatória, os trabalhos terão continuidade em agosto, com novas visitas às comunidades da RDS e o início das oficinas no Tabuleiro do Embaubal, e oficinas setoriais com entidades públicas e privadas. A proposta é garantir um processo amplo, que respeite as particularidades do território e fortaleça a gestão compartilhada da Reserva.

As comunidades atendidas reconhecem que o Plano representa uma oportunidade de mudança concreta. “Estamos doando nosso tempo agora para colher frutos no futuro. Esperamos que essa RDS não seja só um título no papel, mas que venha de fato trazer dignidade para quem vive aqui”, acrescentou Donizethe Machado da Silva.

Com previsão de conclusão ainda este ano, o Plano de Gestão será o instrumento oficial que norteará o uso sustentável dos recursos naturais, a proteção da biodiversidade e a promoção de alternativas econômicas para os povos tradicionais da RDS Vitória de Souzel, consolidando um modelo de conservação baseado no protagonismo das comunidades.