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Governo investe na verticalização da produção de chocolate e criação de agroindústrias

Região do Rio Xingu já tem 4 agroindústrias de chocolate com certificado de registro da Agência de Defesa Agropecuária do Pará (ADEPARÁ)

Por Rosa Cardoso (ADEPARÁ)
07/07/2025 09h43

Em Brasil Novo, na região de integração do Rio Xingu, a atividade cacaueira movimenta a economia. São mais de 14 mil hectares plantados do fruto e mais de 10 mil toneladas de cacau produzidas. O município possui mais de 1400 produtores que vivem do cultivo de cacau.

O Governo do Pará, por meio da Agência de Defesa Agropecuária do Pará (ADEPARÁ) e instituições parceiras, orientam produtores a começaram a verticalizar a produção, investindo na implementação de pequenas fábricas de chocolate que funcionam nas propriedades onde existe o plantio de cacau.

No município, atualmente, três chocolateiras já possuem o selo artesanal vegetal, dos chocolates que produzem. O registro é concedido pela ADEPARÁ às agroindústrias, com base na Portaria 5094/2024, que estabelece as normas específicas para a produção artesanal de chocolates e outros derivados do cacau no Pará, com foco na qualidade da matéria-prima, nos processos de produção, rotulagem e segurança alimentar.

Apesar de não ser obrigatório para o chocolate, o selo ajuda a agregar valor ao produto e representa um importante diferencial para o chocolate que é produzido a partir de amêndoas selecionadas cultivadas em sistemas agroflorestais, onde o cultivo do cacau é consorciado com espécies florestais nativas, que proporcionam sombreamento, conservação do solo e enriquecimento ambiental — características que elevam a qualidade do fruto e do produto.

A produtora Irandi Frutuoso já sabe a importância de um produto inspecionado pela Agência de Defesa. O estabelecimento dela segue os padrões de higiene e as boas práticas de fabricação de chocolate.

“Todo cuidado que temos é para a saúde de quem vai consumir nosso chocolate. A nossa preocupação é fazer um produto seguro e de qualidade para nossos clientes, processado em um lugar que possui higiene e que foi inspecionado”, disse a chocolateira.

O incentivo à regularização das fábricas de chocolate que funcionam nas propriedades que cultivam cacau é uma política pública desenvolvida pela ADEPARÁ que ganhou impulso com a exigência do mercado por produtos que tenham certificação de origem.

Jiovana Lunelli

“Ver esses estabelecimentos recebendo o certificado de seus produtos através da ADEPARÁ, é motivo de muita alegria e orgulho para nós. Representa que o trabalho feito com tanto cuidado, parceria e dedicação está dando frutos. Cada certificado entregue é mais do que uma conquista individual – é um passo importante para fortalecer a agricultura familiar, valorizar os pequenos produtores e garantir alimentos mais seguros e de qualidade para todos. É saber que, mesmo com tantos desafios, estamos avançando, abrindo caminhos e mostrando que o campo tem muita força, saber e potencial. Para nós, é um reconhecimento do esforço coletivo e uma motivação enorme para continuar apoiando outros produtores nessa caminhada”, disse Renata Trindade, fiscal estadual agropecuária.

O primeiro registro artesanal emitido pela ADEPARÁ para uma fábrica de chocolate no estado foi para a produtora Jiovana Lunelli, também de Brasil Novo. Na propriedade, ela possui uma mini fábrica que foi adequada para o processamento numa parceria que envolveu instituições como o Sebrae, por meio do programa Sustenta Inova, o Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (IPAM) e a própria ADEPARÁ.

“Quando a Adepará e demais parceiros fazem esse trabalho, ocorre a valorização do nosso trabalho e isso contribui também para melhorar toda uma região. A marca "Cacau Xingu" não é só um chocolate, aqui tem história de agricultores familiares, de resistência e de luta de toda uma região, que recebeu diversas famílias que foram desafiadas a implantar uma lavoura na Amazônia. Não é um conceito, é uma ideia de sustentabilidade”, afirma a produtora. 

“Nós somos o maior produtor de cacau e de cacau de qualidade e nós precisamos parar só de vender amêndoas, nós precisamos verticalizar, ganhar dinheiro com o cacau e a verticalização traz isso", acrescentou.

Na fábrica da “Kakao Blumenn”, localizada na zona rural de Brasil Novo, a produtora Verônica Preuss já está testando novas receitas. Os chocolates que ela produz  são provenientes das amêndoas selecionadas no Sítio Santa Catarina, propriedade da família na região da Transamazônica, e os sabores utilizam ingredientes como jambu e cumaru. Na parede da loja, muitos prêmios foram conquistados, inclusive no exterior.

“Aqui temos cursos e treinamentos em chocolateria. Também recebemos grupos de visitantes porque realizamos turismo de base comunitária para quem vem conhecer a produção sustentável de chocolate na Amazônia. Durante o Festival Internacional do Cacau e Chocolate em Altamira, lançamos um novo sabor com morango e já estamos testando novos sabores para até o final do ano”, contou a produtora.

Além dos chocolates finos, a Adepará tem incentivado a produção de chocolate em pó para fornecer para as prefeituras municipais. No município de Pacajá, também na região do Xingu, o casal de agricultores familiares, Erilan e Thayse, montou uma fábrica de produção de chocolate em pó 100%, na qual atuam desde de 2015 com o selo da Adepará, fornecendo o produto para a merenda escolar e hoje também fornecem a uma grande empresa de chocolate. Com recursos próprios e faturamento superior a cem mil reais, a fábrica já conseguiu vários contratos ao longo desses anos para fornecer para a merenda escolar.

“Nós trabalhamos vendendo esse produto para a merenda escolar. O selo é muito importante para comprovar a origem do nosso produto. As prefeituras só compram mediante a comprovação dessa origem. Por mais que o chocolate seja isento de registro, as prefeituras exigem isso”, explica Erilan Araújo, proprietário da agroindústria.