Estudantes de escola estadual de tempo integral escrevem livro sobre lendas e assombrações
A obra, que também foi ilustrada pelos próprios estudantes, ressalta o protagonismo e a dedicação que envolvem toda a comunidade da Escola Estadual de Tempo Integral Augusto Meira, em Belém

Inspirados por lendas e histórias ouvidas em casa, nas rodas de conversa com os mais velhos e nas tradições do imaginário popular paraense, estudantes da Escola Estadual de Tempo Integral Augusto Meira, no bairro de São Brás, em Belém, reforçaram seu protagonismo ao publicar o livro “Lendas e Assombrações”, pelo selo da Editora Paka-Tatu. A obra, escrita e ilustrada pelos próprios estudantes, foi apresentada ao público na noite da quinta-feira (26), um momento marcado por emoção, alegria e autógrafos na unidade escolar.
A iniciativa faz parte do projeto “Folhas Volantes” e é resultado da eletiva de Lendas Amazônicas, possibilitada pelo modelo de ensino integral. O projeto consiste na produção de narrativas do imaginário popular. Ao todo, 19 estudantes participaram da produção do livro. Para a gestora da escola, Júlia Miranda, o momento foi muito importante e cheio de significado.
“Quando a gente vê 19 alunos e alunas escritores lançando um livro na presença de todos os seus familiares, autoridades, toda a comunidade aqui da escola prestigiando esse evento, os alunos autografando os livros, para nós é uma sensação maravilhosa de esperança, de Paulo Freire do verbo 'esperançar'. Nós estamos aqui esperançando, que quer dizer nos movimentando, trabalhando, buscando melhores oportunidades para nossos estudantes. Então, o lançamento desse livro traduz na prática o que é o esperançar para a gente aqui na escola. Nós estamos todos os dias nesse trabalho, aprofundando o conhecimento dos nossos estudantes, melhorando a sua leitura, sua escrita, a produção de texto, a interpretação que culminou neste livro. Um momento de muito orgulho, de muita esperança, de muita felicidade para todos nós da nossa escola”, afirmou a diretora.

Para a estudante Flávia Farias, uma das autoras do livro e responsável por ilustrar a obra, participar do projeto foi uma grande realização e oportunidade de mostrar talentos. “Realmente uma coisa que eu sempre quis aconteceu: pude mostrar os meus desenhos. E, principalmente em uma uma obra como essa, que, sinceramente, foi uma oportunidade muito grande. Então, é algo muito significativo para mim, ainda mais porque foi tudo tão incrível. Estou muito feliz, muito agradecida pelo professor ter me dado a oportunidade de mostrar os meus desenhos, mostrar a minha história - que inclusive não é minha, mas sim do meu bisavô. Eu estou muito, muito feliz, muito emocionada, e eu acho que algo que cada um que participou desse livro deveria levar para a vida é que nós, mesmo numa idade tão nova, nunca devemos perder as oportunidades, principalmente vindo com o incentivo de um professor”, compartilhou.
“A produção de narrativas do imaginário popular, geralmente colhidas junto a familiares dos autores para serem distribuídas durante o ‘Cortejo Visagento’, evento já fixado na agenda cultural da cidade, promoção da Nossa Biblioteca. Durante essa caminhada pelas ruas do bairro do Guamá, professores da escola e alunos distribuem as histórias a quem estiver no evento. Depois dessa partilha de saberes, as histórias são reunidas e geram um livro. Foi assim que surgiu o 'Lendas e Assombrações’ e um primeiro livro do projeto, o ‘8 Lendas Paraenses’, que foi lançado na Feira Pan-Amazônica do Livro e das Multivozes de 2024, com o patrocínio da Imprensa Oficial do Estado e o selo da Editora Pública Dalcídio Jurandir”, explicou o professor e orientador do projeto, Paulo Maués Corrêa.

Ainda de acordo com o educador, o momento “ficará na história da Escola Estadual Augusto Meira, pois foi marcado pela emoção de autores, professores, familiares e convidados. Ações como essas mostram que a escola pública tem muito valor", destacou o professor Paulo Maués.