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CIIR destaca serviços para pessoas com deficiência visual e surdocegueira

No Dia Internacional do Surdocego, 27 de junho, o Centro Integrado reforça o compromisso com a assistência especializada às pessoas com deficiência

Por Ascom (Governo do Pará)
27/06/2025 09h04

O Dia Internacional do Surdocego é mais que uma data no calendário. É um convite à reflexão sobre os desafios, os direitos e, principalmente, as potencialidades das pessoas que convivem com essa condição. No Pará, o Centro Integrado de Inclusão e Reabilitação (CIIR), em Belém, é referência no atendimento especializado para pessoas com deficiência visual, inclusive aquelas com diagnóstico de surdocegueira (combinação de deficiência visual e auditiva, em diferentes graus). O CIIR oferece acolhimento, reabilitação e promoção da autonomia. 

No CIIR, os usuários contam com uma equipe multiprofissional composta por fisioterapeutas, terapeutas ocupacionais, fonoaudiólogos, psicólogos, assistentes sociais e pedagogos. Profissionais que atuam de forma integrada no desenvolvimento de habilidades sensoriais, motoras, comunicacionais e sociais.

Mais do que atendimento técnico, o trabalho desenvolvido na instituição é centrado no cuidado humanizado. A escuta ativa e o acolhimento às demandas dos usuários e seus familiares são fundamentais no processo de reabilitação e desenvolvimento da autonomia.

Entre os recursos utilizados estão a Língua Brasileira de Sinais (Libras) tátil, os sistemas de comunicação alternativa, o treino de orientação e mobilidade, além do estímulo ao uso do Braille e de outras ferramentas que garantem mais independência no dia a dia.

Comunicação que conecta e liberta

Para quem vive com a surdocegueira, a comunicação é um dos maiores desafios, e é também uma das maiores conquistas, quando acessível. “A acessibilidade é muito importante. Aqui no CIIR eu tenho intérprete que me ajuda, coisa que a maioria dos lugares não oferece. Isso faz toda a diferença. A comunicação é o que abre as portas”, relata Josias Camelo da Silva Neto, de 38 anos, usuário do CIIR.

Diagnosticado com a síndrome de Usher (uma condição genética rara que compromete progressivamente a audição e a visão), Josias iniciou sua trajetória no CIIR em 2022 e, desde 2024, segue em processo ativo de reabilitação.

Entre as atividades que mais aprecia no serviço, Josias destaca o acompanhamento psicológico, o atendimento médico, o treino de orientação com bengala e, mais recentemente, as aulas de Braille. “No começo, tive muito medo. A bengala me deixava com vergonha, parecia que todo mundo estava olhando para mim. Mas depois fui entendendo que isso me dava liberdade. Hoje, até pesquisei sobre as cores das bengalas e o que elas significam. Aprender o Braille está sendo outro desafio, mas sei que vai me ajudar muito”, conta.

Josias também fala sobre o impacto do atendimento em sua vida. “Quando eu ainda enxergava melhor, eu via TV, conversava, tinha mais liberdade. Depois que comecei a perder parte da visão também, me senti isolado, como se estivesse preso no silêncio. Aqui no CIIR, eu consegui abrir minha mente, entender minha condição e, principalmente, ter autonomia. Ajudou muito na minha saúde e na minha vida”, afirma.

Aprovação – Para Eliete Silveira da Silva, mãe de Josias, o caminho não é fácil, mas é possível com fé, amor e paciência. “Meu conselho às mães é que tenham muita paciência e peçam muita graça a Deus, porque não é fácil. Tem dias de estresse, tem dias que a gente perde a paciência. Mas com amor, a gente supera cada etapa”, compartilha.

Desafio que exige empatia e compromisso

Naiandra Matos, intérprete de Libras e profissional de atendimento do Centro de Reabilitação, acompanha de perto a evolução de Josias. Para ela, trabalhar com usuários surdocegos exige sensibilidade, criatividade e empatia. “Quando ele chegou, não aceitava nem a bengala. Tinha vergonha. Nosso maior desafio foi trabalhar a aceitação. Quando ele superou isso, tudo começou a evoluir”, explica.

Ela reforça que lidar com a surdocegueira é entender que, quando uma deficiência já traz desafios, duas somadas exigem ainda mais empatia da sociedade. “Se fosse comigo, se fosse meu filho, se fosse alguém da minha família, como eu gostaria de ser tratada? É disso que nasce a inclusão. O nosso trabalho é, no mínimo, oferecer isso”, reflete Naiandra.

No CIIR, a assistência oferecida às pessoas com deficiência visual é realizada por uma equipe multiprofissional altamente capacitada, que atua de forma integrada e humanizada. Os usuários têm acesso a atendimentos nas áreas de fisioterapia, terapia ocupacional, fonoaudiologia, psicologia, serviço social e pedagogia, além de orientação e mobilidade. O trabalho é focado no desenvolvimento de habilidades funcionais, comunicação alternativa, treino de autonomia e fortalecimento emocional, sempre respeitando as particularidades de cada pessoa, com foco na inclusão e na qualidade de vida.

Referência – O CIIR é referência no Pará na assistência de média e alta complexidade às Pessoas com Deficiência (PcD) visual, física, auditiva e intelectual. Os usuários podem ter acesso aos serviços do Centro por meio de encaminhamento das unidades de saúde, acolhidos pela Central de Regulação de cada município, que por sua vez encaminha à Regulação Estadual. O pedido será́ analisado conforme o perfil do usuário pelo Sistema de Regulação Estadual (SER).

Serviço: O Centro Integrado de Inclusão e Reabilitação é um órgão do Governo do Pará administrado pelo Instituto Nacional de Desenvolvimento Social e Humano (INDSH), em parceria com a Secretaria de Estado de Saúde Pública (Sespa). A unidade funciona na Rodovia Arthur Bernardes, n° 1.000, em Belém. Mais informações: (91) 4042-2157 /58 /59.

Texto de Danielle Carvalho / Ascom CIIR