Fé, Tradição e Sustentabilidade: 38º Festejo do Divino Espírito Santo reúne romeiros e ações ambientais na Serra das Andorinhas
Mais uma vez a programação reuniu centenas de romeiros, moradores e visitantes que, ao longo de nove dias, participaram de celebrações religiosas, atividades culturais e ações de conscientização ambiental

Há quase quatro décadas, o Parque Estadual da Serra dos Martírios/Andorinhas, localizado em São Geraldo do Araguaia, no sudeste paraense, se transforma em um espaço de devoção, encontros culturais e fortalecimento da fé. O 38º Festejo do Divino Espírito Santo, encerrado no último domingo (15), mais uma vez reuniu centenas de romeiros, moradores e visitantes que, ao longo de nove dias, participaram de celebrações religiosas, atividades culturais e ações de conscientização ambiental.
A história do festejo tem origem em uma promessa feita por um homem que se perdeu na Serra das Andorinhas. Após encontrar o caminho de volta, ele se comprometeu a subir anualmente até a Casa de Pedra, local sagrado dentro da Unidade de Conservação (UC), em agradecimento ao Divino Espírito Santo. Desde então, a tradição cresceu e hoje atrai pessoas de diversas regiões, que compartilham experiências de fé, superação e agradecimento por graças alcançadas.

A jornada dos romeiros começa com uma caminhada de 4,5 quilômetros, saindo da cachoeira 3 Quedas até a Casa de Pedra. No percurso, que atravessa áreas de mata preservada, os fiéis enfrentam subidas íngremes e terrenos acidentados, sempre movidos pela fé. Durante os nove dias de celebração, os participantes montam acampamentos improvisados, dividem refeições comunitárias e participam de missas, novenas e momentos de oração.
Cultura - Além da programação religiosa, o festejo contou com uma diversidade de atividades culturais. As noites foram embaladas por apresentações de carimbó, lundu e salambico, além de quadrilhas juninas, peças teatrais e sessões de cinema ao ar livre. Oficinas de educação ambiental e de valorização da cultura local, promovidas pelo Instituto Amigos da Floresta Amazônica (Asflora), também fizeram parte da programação, envolvendo crianças, jovens e adultos em dinâmicas de aprendizado e criatividade.

Responsável pela gestão do Parque Estadual da Serra dos Martírios/Andorinhas e da Área de Proteção Ambiental (APA) Araguaia, o Instituto de Desenvolvimento Florestal e da Biodiversidade (Ideflor-Bio) teve papel central na organização, infraestrutura e da segurança do evento, com o apoio do Batalhão de Policiamento Ambiental (BPA), além da Prefeitura e da Câmara Municipal de São Geraldo. Durante o festejo, a equipe da Gerência da Região Administrativa do Araguaia (GRA) reforçou as ações de fiscalização, prevenção de incêndios florestais, proteção dos sítios arqueológicos e educação ambiental.

A titular da GRA, Laís Mercedes, destacou os esforços contínuos para melhorar a infraestrutura da UC. “Com os recursos garantidos para o próximo ano, planejamos melhorias no acesso e nas condições da Casa de Pedra, para proporcionar uma experiência ainda mais acolhedora aos romeiros e visitantes durante a festa e ao longo de todo o ano”, afirmou.
Aprendizagem - Entre as oficinas realizadas, a de cartonagem chamou a atenção dos participantes. Ministrada por André Teixeira, a atividade trabalhou a produção de blocos de anotações, sacolas e lápis sustentáveis. “A interação foi muito positiva. Mesmo com algumas limitações de estrutura, os participantes aceitaram bem a proposta. Como era uma novidade para muitos, todos ficaram curiosos com o processo e satisfeitos com os resultados”, relatou.

A oficina de cerâmica também deixou sua marca no evento. Sob orientação de Josy Nunes, os participantes tiveram a primeira experiência com a modelagem em argila. “Foi muito especial, porque muitos nunca tinham trabalhado com argila antes. Ensinei, mas também aprendi muito com eles. Foi uma troca de saberes que deixou todo mundo muito feliz”, contou Josy, emocionada com a receptividade dos romeiros.
Laís Mercedes conclui afirmando que o 38º Festejo do Divino Espírito Santo reforçou, mais uma vez, a força da fé popular aliada à preservação ambiental e ao fortalecimento das tradições culturais da região. “Com a união entre comunidade, órgãos públicos e parceiros, o evento segue como um importante exemplo de como é possível conciliar religiosidade, cultura e sustentabilidade no interior da Amazônia”, complementou a gerente.