Hospital Octávio Lobo orienta sobre sintomas de tumores cerebrais em crianças
Referência no tratamento especializado do câncer infantojuvenil, unidade de saúde do Pará promove a campanha ‘Maio Cinza’
Nas tonalidades que ilustram o calendário anual da saúde, o mês de maio ganhou a cor cinza e um propósito: a conscientização sobre o câncer cerebral. Em Belém, o Hospital Oncológico Infantil Octávio Lobo (Hoiol), unidade de saúde que oferece tratamento especializado a crianças e adolescentes com todos os tipos de câncer, alerta para sinais da neoplasia, cujos sintomas podem ser confundidos com outras doenças.
O Sistema Nervoso Central (SNC) é composto pelo cérebro e pela medula espinhal, e os tumores nessas regiões surgem devido ao crescimento de células anormais. O Instituto Nacional do Câncer (INCA) estima que até o fim do triênio 2023-2025 sejam diagnosticados 11.490 casos no Brasil a cada ano. Desses, cerca de 6.110 casos devem ocorrer em homens e aproximadamente 5.380 em mulheres. Ainda segundo o órgão do Ministério da Saúde (MS) aproximadamente 88% dos tumores do SNC ocorrem no cérebro.
Oncopediatria - A leucemia é o câncer pediátrico mais comum, contudo, a Sociedade Brasileira de Oncologia Pediátrica (Sobope) destaca que tumores no SNC ocupam a segunda posição entre os tipos mais frequentes em crianças. Por isso, a entidade recomenda atenção dos responsáveis e profissionais da saúde às mudanças rápidas no comportamento, alterações de humor e crises convulsivas, que podem ser sinais do câncer cerebral.
Dos 977 pacientes em acompanhamento no Hospital Octávio Lobo, 277 tratam algum tipo de tumor cerebral. Astrocitoma, meduloblastoma e glioma são as neoplasias mais incidentes registradas em usuários da unidade.
Conscientização - O ‘Maio Cinza’ busca alertar a população sobre a importância e os desafios do diagnóstico precoce para o tratamento da doença complexa e de potencial impacto neurológico. Para a oncologista pediátrica do Hoiol, Sweny Fernandes, a campanha é um esforço coletivo que divulga informações que salvam vidas.
“A campanha conscientiza e alerta responsáveis e profissionais da saúde, principalmente os da atenção básica, sobre os sinais e sintomas que podem indicar um tumor cerebral. É mito, por exemplo, achar que uma pancada na cabeça é a causa do tumor cerebral. Os pais precisam se atentar aos sinais persistentes e os profissionais devem investigar com responsabilidade. Quanto antes detectamos o tumor, maiores são as chances de cura. Portanto, é fundamental capacitar os profissionais que atuam nas pontas para reconhecer os sintomas iniciais e diferenciá-los dos sinais de doenças comuns da infância”, explicou Sweny.
Sintomas - Outros sinais mais associados ao surgimento de tumores cerebrais incluem: vômitos persistentes, principalmente pela manhã, dores de cabeça, sonolência excessiva, perda de apetite e alterações visuais. Sintomas esses que, como ressalta Sweny, podem aparecer em doenças mais simples, o que torna o diagnóstico precoce mais complexo. “Quando o tumor avança, além desses sinais, surgem quadros de hipertensão intracraniana, desmaios e outros sintomas neurológicos evidentes.”
Diagnóstico e tratamento - O diagnóstico é confirmado por meio de exames de imagem como ressonância magnética e tomografia, seguidos de biópsia. O tratamento pode envolver cirurgia, quimioterapia e radioterapia, conforme o tipo e a localização do tumor.
A dona de casa Daniele Oliveira, mãe de Lucas Pietro, hoje com 13 anos, relembra os momentos de angústia vividos quando o filho caçula apresentou os primeiros sinais da doença. O menino foi diagnosticado com um tumor cerebral aos 3 anos, após meses de sintomas que foram inicialmente tratados como virose. “Ele parou de comer, dormia demais, vomitava muito. Algo me dizia que não era uma virose. Depois do exame de tomografia, o médico viu o tumor do tamanho de um limão”, recordou.
Lucas passou por uma cirurgia de dez horas, ficou quase quatro meses internado na Unidade de Terapia Intensiva e precisou reabilitar alguns movimentos. “Voltou a andar com muita fisioterapia e fé”, relata a mãe, emocionada. A fé, inclusive, foi um dos pilares que sustentou a família durante a tempestade. “Acreditamos muito em Deus e o Lucas tem uma força incrível, uma fé silenciosa. Isso nos dá força também. Hoje ele está em acompanhamento, é independente, mesmo com algumas limitações, e faz tudo com alegria. Passamos por uma batalha, mas estamos superando com fé e esperança. Que, com a campanha, os pais possam observar melhor seus filhos e procurar um médico, caso suspeite dos sintomas ou a criança apresente queixas”, afirmou.
“O Maio Cinza e todas as campanhas aderidas no Oncológico Infantil nos mostram que precisamos, enquanto sociedade, romper as barreiras do desconhecimento e da desinformação. Promover a conscientização sobre tumores cerebrais é proporcionar diagnósticos precoces e ampliar as chances de cura dos usuários. O câncer infantil é desafiador, mas cada criança atendida no Hoiol nos ensina sobre coragem”, concluiu o diretor administrativo do Hospital Octávio Lobo, César Gonçalves.
Serviço:
Credenciado como Unidade de Alta Complexidade em Oncologia, o Hospital Oncológico Infantil Octávio Lobo é referência na região Norte no diagnóstico e tratamento especializado do câncer infantojuvenil, na faixa etária entre 0 a 19 anos. A unidade é gerenciada pelo Instituto Diretrizes (ID), sob o contrato de gestão com a Secretaria de Estado de Saúde Pública (Sespa), e atende pacientes oriundos dos 144 municípios paraenses e Estados vizinhos.
Texto de Ellyson Ramos / Ascom Hoiol