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Governo lança planos de consultas para consolidar política de REDD+ com protagonismo dos povos tradicionais

Consultas garantirão participação ativa de indígenas, quilombolas, extrativistas e agricultores familiares na preservação da floresta e repartição de benefícios

Por Igor Nascimento (SEMAS)
13/05/2025 21h54

O Governo do Pará lançou, nesta terça-feira (12), o plano de Consultas Livres, Prévias e Informadas (CLPIs), marco essencial para a construção do Sistema Jurisdicional de REDD+ (Redução de Emissões por Desmatamento e Degradação Florestal). O evento, realizado na sede da Secretaria de Meio Ambiente e Sustentabilidade (Semas), reuniu representantes de povos indígenas, quilombolas, extrativistas e agricultores familiares, que terão papel central no processo de escuta e pactuação da política ambiental.

Com a realização de mais de 30 consultas por todo o estado, a iniciativa busca garantir que os Povos Indígenas, Quilombolas, Comunidades Tradicionais e Agricultores Familiares (PIQCTAFs) participem da construção da política pública e da definição da repartição dos benefícios gerados com a redução do desmatamento.

“O Pará dá hoje um passo fundamental ao iniciar a escuta dos povos e comunidades tradicionais sobre essa política, que precisa ser construída de forma coletiva e com protagonismo dos que mantêm viva a floresta. Serão consultas realizadas em todas as regiões do estado, respeitando os direitos garantidos na Convenção 169 da OIT”, afirmou o secretário de Meio Ambiente e Sustentabilidade, Raul Protazio Romão.

Raul Protázio Romão, secretário de Meio Ambiente e Sustentabilidade do Pará

O evento contou com a presença da secretária dos Povos Indígenas, Puyr Tembé; da secretária de Igualdade Racial e Direitos Humanos, Edilza Fontes; e do secretário adjunto de Agricultura Familiar, Cristiano Martins.

A primeira consulta está marcada para ocorrer entre os dias 28 e 30 de março, em Castanhal, com comunidades extrativistas. Outras consultas serão organizadas de acordo com os segmentos sociais e os territórios de atuação.

Consulta estruturada e abrangente

A secretária adjunta de Gestão de Recursos Hídricos e Clima da Semas, Renata Nobre, apresentou o cronograma das CLPIs e detalhou a metodologia das escutas, as etapas de preparação, realização e sistematização dos encontros, além do anteprojeto de lei que formalizará a política de REDD+ no Estado.

Serão realizadas 16 consultas com povos indígenas, nos municípios de Altamira, Belém, Santarém, Itaituba, Jacareacanga, Marabá, Novo Progresso, Oriximiná, Redenção, São Félix do Xingu, Tucuruí e Almeirim. As populações extrativistas participarão das consultas em Abaetetuba, Altamira, Belém, Breves, Castanhal e Santarém. Já os quilombolas serão ouvidos em 18 municípios, incluindo Abaetetuba, Barcarena, Cametá, Cachoeira do Arari, Oriximiná, Óbidos, Salvaterra e São Miguel do Guamá. Agricultores familiares participarão de escutas em Belém, Castanhal, Redenção, Altamira, Santarém, Novo Repartimento e Marabá.

Reconhecimento e protagonismo

Durante o lançamento, lideranças de diferentes segmentos sociais reforçaram a importância do momento histórico. Para Letícia Moraes, vice-presidente do Conselho Nacional das Populações Extrativistas (CNS), o processo “valoriza a floresta viva e as pessoas que a preservam. É motivo de orgulho construir essa política com o Estado”.

Érica Monteiro, da Coordenação das Associações das Comunidades Remanescentes de Quilombo do Pará (Malungu), destacou a necessidade de garantir que as especificidades das comunidades quilombolas sejam contempladas: “Essa escuta ativa é um passo fundamental para a participação social de todas as comunidades”.

Érica Monteiro, representante da Coordenação das Associações das Comunidades Remanescentes de Quilombo do Pará (Malungu)

Ronaldo Amanayé, coordenador da Federação dos Povos Indígenas do Pará (Fepipa), ressaltou a autonomia dos povos originários: “Estamos aqui com coragem para construir uma política que traga benefícios concretos para nossos territórios, respeitando as especificidades de cada povo”.

Na ocasião, a Semas também recebeu oficialmente os protocolos de consulta dos agricultores familiares. O documento foi entregue por José Carlos da Silva Reis, presidente da Fetagri, e por Noemi Gonçalves, coordenadora estadual da Fetraf.

REDD+ e créditos de carbono

A política estadual de REDD+ é baseada em mecanismos internacionais de financiamento climático, que possibilitam a geração de créditos de carbono a partir da comprovação da redução nas emissões de gases de efeito estufa. Esses créditos, ao serem comercializados, geram receitas que devem ser reinvestidas em políticas públicas voltadas à conservação ambiental, à sustentabilidade e à melhoria da qualidade de vida das populações que vivem na floresta.