CIIR celebra 23 anos da Lei de Libras com evento inclusivo e protagonismo da comunidade surda
Ação marca o Dia Nacional da Língua Brasileira de Sinais com roda de conversa, mediação de colaboradores surdos e relatos de experiências de inclusão no serviço de saúde

Nesta quinta-feira, 24 de abril, o Centro Integrado de Inclusão e Reabilitação (CIIR), por meio do Grupo de Trabalho de Humanização (GTH), promoveu uma programação especial para celebrar o Dia Nacional da Língua Brasileira de Sinais (Libras). A data marca os 23 anos de reconhecimento da Libras como meio legal de comunicação e expressão, por meio da Lei nº 10.436/2002.
O evento, realizado no Auditório da instituição, foi organizado pelo Núcleo de Educação Permanente (NEP), em parceria com o setor de Arte e Cultura, e reuniu usuários, acompanhantes e profissionais em uma roda de conversa com o tema “A Relevância do Uso da Libras no Atendimento de Pessoas Surdas no Serviço de Saúde”.
A presidente do GTH, Ivana Pimentel, destacou a importância da ação. “A atividade realizada hoje, em alusão ao Dia Nacional da Língua Brasileira de Sinais e aos 23 anos de reconhecimento da Libras como meio legal de comunicação e expressão, reforça o compromisso do Grupo de Trabalho de Humanização em promover inclusão diariamente. Trabalhamos a conscientização com nossos colaboradores, usuários e o público em geral sobre a importância da empatia, do respeito pelo próximo e da garantia de direitos da pessoa com deficiência”, ressaltou.

A programação foi mediada pelos colaboradores surdos do CIIR, como assim se autodenominam, Luã Tavares e Osvaldo Martins, que trouxeram à tona os desafios enfrentados pela comunidade surda e a importância da acessibilidade nos serviços de saúde.
Participantes – Osvaldo Martins, 34 anos, é colaborador surdo do CIIR desde 2019. Ele compartilhou sua experiência como mediador do evento, com tradução da intérprete Naiandra Matos. Ele relembrou sua trajetória na instituição, iniciada em um projeto que culminou em sua contratação. Atuando no setor de almoxarifado, destacou o papel fundamental dos intérpretes para uma comunicação eficaz com colegas e gestores.
“Durante o período, também ensinei sinais básicos aos colegas. O CIIR sempre proporcionou um ambiente acessível, com intérpretes disponíveis e incentivo à comunicação inclusiva”, afirmou.
Sobre sua participação na roda de conversa, Osvaldo disse que se preparou com dedicação. Ele conduziu o bate-papo sobre os desafios enfrentados por pessoas surdas na área da saúde. “É essencial que o atendimento com intérprete não seja uma exceção, mas uma prática comum em todos os serviços, como já ocorre aqui no CIIR”, defendeu.
Outro momento marcante foi o depoimento de Wirinelton Baia, 31 anos, usuário do CIIR desde sua inauguração, em 2018. Ele destacou a autonomia que tem na instituição graças ao serviço de tradutores e intérpretes de Libras. “Fora daqui, não há acessibilidade. Preciso da ajuda da minha mãe, de um amigo ou alguém da família. Aqui, tenho autonomia porque há intérpretes. Isso faz toda a diferença”, relatou.

Wirinelton também elogiou o evento e reforçou a importância da comunicação visual no atendimento à pessoa surda. “É fundamental que os profissionais saibam se comunicar, que entendam sinais básicos, que a estrutura oriente com clareza. Até as cores e o piso tátil fazem diferença. E os intérpretes precisam ser identificáveis, como com uma camisa preta. É uma forma de dizer: estou aqui para ajudar”, finalizou.
Avanços e conquistas – Celebrado em 24 de abril, o Dia Nacional da Língua Brasileira de Sinais homenageia a data de sanção da Lei nº 10.436/2002, que reconhece oficialmente a Libras como meio legal de comunicação e expressão no Brasil. Essa legislação representa uma conquista histórica para a comunidade surda brasileira, garantindo direitos linguísticos, visibilidade e inclusão social. Mais que uma celebração, a data reforça a importância de políticas públicas que assegurem o uso da Libras em diversos contextos, especialmente na educação e na saúde, como instrumento fundamental de cidadania e equidade.
Capacitação em Libras – No último dia 31 de março, o NEP realizou a entrega dos certificados de 4 colaboradores que concluíram o treinamento de “Libras em Serviço”. A cerimônia de entrega ocorreu na Sala de Reunião do CIIR.
Para estarem aptos ao primeiro atendimento aos usuários surdos, os profissionais do CIIR têm no cronograma laboral o “Libras em Serviço”, programa que desde 2018 é conduzido pelo Núcleo de Educação Permanente (NEP), setor responsável pelos treinamentos da instituição. De janeiro a setembro de 2024, 22 novos profissionais foram considerados aptos à prática do primeiro atendimento em Língua de Sinais.
O conteúdo é dividido em três módulos, aplicados trimestralmente. O primeiro aborda sinais básicos, como alfabeto manual, números, saudações e cumprimentos. O segundo introduz verbos e estrutura de perguntas para início de diálogos. Essa etapa é ministrada pelas tradutoras e intérpretes Naiandra Matos e Aline Pinheiro. A terceira etapa, voltada à conversação prática e estrutura gramatical da Libras, é conduzida pelo colaborador surdo Luã Tavares e pela ouvinte Gessica Pimentel.
Referência – CIIR é referência no Pará na assistência de média e alta complexidade às Pessoas com Deficiência (PcDs) visual, física, auditiva e intelectual. Os usuários podem ter acesso aos serviços do Centro por meio de encaminhamento das unidades de Saúde, acolhidos pela Central de Regulação de cada município, que por sua vez encaminha à Regulação Estadual. O pedido será analisado conforme o perfil do usuário pelo Sistema de Regulação Estadual (SER).
Serviço: O Centro Integrado de Inclusão e Reabilitação é um órgão do Governo do Pará administrado pelo Instituto Nacional de Desenvolvimento Social e Humano (INDSH), em parceria com a Secretaria de Estado de Saúde Pública (Sespa). O Centro funciona na Rodovia Arthur Bernardes, n° 1.000, em Belém. Mais informações: (91) 4042-2157/ 58 /59.
Texto: Tarcísio Barbosa / Ascom CIIR