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Curso do Projeto Equalisah começa em Belém com foco na saúde do homem e enfrentamento à violência de gênero

Capacitação promovida pelo Ministério da Saúde e Sespa reúne profissionais da atenção primária para discutir masculinidades, violência e cuidado integral

Por Giullianne Dias (SESPA)
24/04/2025 14h39

Iniciou nesta quinta-feira (24), no auditório do Centro Universitário Fibra, em Belém, o curso presencial do Projeto Equalisah, voltado à qualificação de profissionais da Atenção Primária à Saúde (APS) para o cuidado à saúde do homem e a prevenção da violência contra meninas e mulheres. A iniciativa é promovida pelo Ministério da Saúde, por meio da Coordenação de Atenção à Saúde do Homem (COSAH), em parceria com a Secretaria de Estado de Saúde Pública do Pará (Sespa) e com a Universidade Federal do Pará (UFPA).

A cerimônia de abertura reuniu nomes relevantes da academia e da saúde pública, como as professoras doutoras Maria Lúcia Chaves de Lima (Psicologia/UFPA) e Vera Lúcia de Azevedo Lima (Enfermagem/UFPA); a técnica Amanda Amaiy Pessoa Salerno, do Ministério da Saúde (COSAH/MS); o técnico da Coordenação de Saúde do Homem da Sespa, Andrei Porpino Lemos; e a coordenadora de Saúde do Homem da Sesma, Maisa Gomes.

Técnica do Ministério da Saúde, Amanda Amaiy Pessoa Salerno

Amanda Salerno destacou que o Equalisah busca promover um cuidado qualificado à saúde dos homens aliado a ações efetivas de enfrentamento à violência de gênero. "A estratégia responde diretamente às diretrizes da Política Nacional de Atenção Integral à Saúde do Homem. Trata-se de uma articulação entre saúde, prevenção e enfrentamento da violência contra meninas e mulheres de forma integrada", explicou.

Ela ressaltou ainda o papel da Atenção Primária na detecção precoce da violência e no acolhimento das vítimas. "A APS, principalmente por meio da Estratégia Saúde da Família, é uma porta de entrada fundamental. Nela, conseguimos identificar situações de violência desde o início e oferecer uma abordagem articulada que inclui escuta qualificada e cuidado tanto à vítima quanto ao agressor", completou.

Com carga horária de 12 horas, o curso integra a Estratégia Nacional da Saúde do Homem e Masculinidades (Equalisah), promovendo debates sobre a construção social das masculinidades, os impactos da violência como questão de saúde pública e o papel da APS na proteção de mulheres e meninas.

"O objetivo é formar multiplicadores que atuem diretamente nos territórios, promovendo saúde para os homens e fortalecendo a rede de proteção às mulheres", afirmou Amanda. "A parceria com a Sespa e a UFPA é essencial para consolidar uma política pública mais eficiente, por meio da integração entre ensino e serviço".

A secretária de Saúde Pública do Pará, Ivete Vaz, celebrou a realização do curso no estado. "Falar sobre saúde do homem é, também, proteger as mulheres. Não se trata de uma disputa de gêneros, mas de um esforço conjunto por um cuidado mais integral e resolutivo", declarou.

Para a professora Maria Lúcia Chaves, discutir masculinidades é um passo fundamental no combate à violência de gênero. “Refletir sobre a saúde do homem é também pensar na saúde das mulheres e meninas. Vamos discutir saúde mental, relações e o papel essencial da atenção básica”, destacou.

Andrei Porpino Lemos, técnico da Coordenação de Saúde do Homem da Sespa

Andrei Porpino Lemos, da Sespa, reforçou que o curso prepara profissionais para acolher e proteger vítimas de violência, mas também para intervir junto aos autores ou potenciais autores de agressões. “Queremos profissionais mais sensíveis, capacitados e comprometidos com o cuidado integral”, afirmou.

Segundo Maisa Gomes, da Sesma, o grande desafio é atrair os homens para os serviços de atenção básica. “Na maioria das vezes, os homens só buscam atendimento em situações de urgência. É preciso mudar essa realidade, e o curso é um passo importante nesse sentido”, avaliou.

Luiz Assunção, enfermeiro e participante do curso

Entre os participantes, o enfermeiro Luiz Assunção, da Unidade de Saúde do Souza, destacou o valor da formação. "A saúde do homem ainda é uma área fragilizada na nossa região. Na unidade em que atuo, cerca de 60% dos usuários são homens, e é fundamental aprender a cuidar melhor dessa população", afirmou.

Enfermeira e gestora Claudete Costa, participante do curso

A enfermeira e gestora Claudete Costa também comentou sobre os desafios de acesso. “O tabu ainda é grande. Muitos homens evitam procurar atendimento. Mudar essa realidade começa com a nossa qualificação”, pontuou.

Encerrando a abertura, a professora Vera Lima lembrou que o curso em Belém integra a agenda nacional do Equalisah. "Estamos com uma equipe de pesquisadores de várias universidades federais. A proposta é qualificar profissionais em todos os estados, fortalecendo a rede de acolhimento e enfrentamento à violência de gênero", concluiu.

O curso continua nesta sexta-feira (25), com mais debates, dinâmicas e construção coletiva de estratégias para uma APS mais acolhedora, resolutiva e transformadora.