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Sarau Literário muda rotina de internas de Ananindeua

Por Redação - Agência PA (SECOM)
21/10/2017 00h00

Música, teatro, flores, poesia e um delicioso aroma de pães e doces caseiros mudaram os ares do Centro de Recuperação Feminino (CRF) de Ananindeua, na sexta-feira, 20, durante o 1º Sarau Literário “Flores, sabores e belezas do meu jardim”, que reuniu 40 mulheres privadas de liberdade em uma tarde de arte, cultura e degustação de produtos de panificação da produção própria das internas.

Participaram do sarau 11 internas do projeto de Remissão de Pena pela Leitura, que garante a redução de quatro dias da pena por cada livro que é lido e feito resumo, 24 integrantes do coral, que a cada 12 horas de estudo da música tem um dia da pena reduzido e 5 integrantes do projeto de jardinagem, que também tem direito a redução da pena pelo trabalho desenvolvido dentro do Centro.  

Iasmim Moraes, 24, há dois anos e meio no CRF de Ananindeua no regime fechado, encontrou no estudo da música uma forma de ter contato com o mundo fora do presídio. “Este ano vou fazer a prova do Enem (Exame Nacional do Ensino Médio) para o curso de Enfermagem. Estudo e me preparo para quando sair ter uma profissão, no entanto, o coral me possibilita estar com um grupo em apresentações fora daqui, o que é muito bom para quem está tanto tempo privada de liberdade”, disse.

O sarau contou com a participação de convidados ilustres, entre eles, os escritores paraenses Salomão Laredo e Edyr Proença, que doaram livros para o Projeto de Remissão de Pena pela Leitura e tiveram um bate-papo com as internas, contando detalhes da vida de escritor.

O grupo Asa Branca, do bairro de Icoaraci, levou o carimbó para o local, que também contou com a apresentação de Epaminondas Gustavo, personagem do juiz Cláudio Rendeiro, que encarna um legítimo paraense, envolto em “causos” do imaginário e da rotina retratados em um stand-up comedy. As internas fizeram apresentação do coral Timbres e de uma peça teatral, que retratou a Fênix, o ser mitológico, que morre para renascer das próprias cinzas. Houve ainda varal com poemas e poesias e um passeio pelo jardim sensorial do Centro.   

A programação  que busca garantir às internas do CRF integração e acesso a arte e cultura, é uma realização do Governo do Estado por meio de parceria da Secretaria de Estado de Educação (Seduc), que desenvolve o projeto Educação de Jovens e Adultos com 130 mulheres privadas de liberdade, em conjunto com a Superintendência do Sistema Penal (Susipe) e da Defensoria Pública.

 A coordenadora do projeto Patrícia Moraes detalha que o trabalho educacional desenvolvido com as mulheres privadas de liberdade garante a reinserção na sociedade de forma mais ampla. “É muito pequeno o percentual de mulheres que retornam ao presídio, após a liberdade, quando elas são inseridas em atividades produtivas, como continuação do estudos, oficinas de qualificação profissional, durante o cumprimento da pena. Então, o sarau é uma forma delas interagirem com os convidados, mostrando suas produções culturais e também conhecendo talentos que se apresentam no sarau”, destacou.

Atualmente, a Seduc mantém no CRF de Ananindeua dez turmas da Coordenação de Educação de Jovens e Adultos (EJA) com 130 alunos do ensino Fundamental Maior e Ensino Médio. São quatro salas de aula e uma biblioteca. A coordenadora pedagógica do EJA no Centro, Rose Brasil, detalha que atuam no local, 20 professores.

O Centro de Recuperação Feminino de Ananindeua tem 559 internas nos regimes fechado e semi-aberto. Elzeman André, quando chegou ao Centro já havia concluído o Ensino Médio e colaborou no projeto de alfabetização de outras internas. Aprovada no vestibular de Direito no último Enem, ela aguarda autorização da justiça para sair para estudar. “Eu quero estudar para ajudar ouras mulheres como eu e voltar aqui sim, mas como advogada”, disse.

A defensora pública Ana Isabel Santos, que participou do sarau destacou que ficou impressionada com o novo aspecto do CRF Ananindeua com a valorização do lado humano das internas. 

A interna Sandra Almeida, responsável pela equipe que cuida do jardim, detalha que iniciou no projeto junto com a primeira muda de planta. “Aqui fiz cursos de jardinagem e hoje temos mais de cem espécies, que são comercializadas e geram uma renda para ajudar nossas famílias que estão lá fora”, disse.