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CIÊNCIA E TECNOLOGIA

Pesquisadores chineses e brasileiros conhecem atuações do PCT Guamá em intercâmbio de conhecimentos

Workshop reuniu no Parque cientistas para debater soluções inovadoras na região amazônica

Por Sérgio Moraes (PCTGuamá)
11/04/2025 21h28

Uma comitiva composta por cientistas brasileiros e chineses visitou, na tarde desta sexta-feira (11), os laboratórios instalados no Parque de Ciência e Tecnologia (PCT) Guamá, em Belém. Pela manhã, o grupo esteve no Museu Paraense Emílio Goeldi. As atividades integraram a programação do Workshop Conexões Científicas Brasil-China, iniciado na quarta-feira (9), no próprio PCT Guamá, para fortalecer a cooperação científica internacional voltada ao desenvolvimento sustentável da Amazônia.

A visita técnica possibilitou aos pesquisadores conhecerem de perto projetos desenvolvidos no Laboratório de Tecnologia Supercrítica (Labtecs), no Centro de Valorização de Compostos Bioativos da Amazônia (Cvacba), no Centro de Estudos Avançados da Biodiversidade (Ceabio) e no Centro de Excelência em Eficiência Energética da Amazônia (Ceamazon), todos vinculados à Universidade Federal do Pará (UFPA), além do Laboratório de Qualidade da Água da Amazônia (Labágua), da Universidade do Estado do Pará (Uepa).

Em seguida, a comitiva percorreu toda a extensão do complexo a bordo do ônibus elétrico Sima, conhecendo áreas de conservação ambiental e estruturas como o Laboratório de Alta e Extra Alta Tensão (Leat/UFPA), o Laboratório de Qualidade do Leite Cru (Lableite/UFPA), o Data Center da Secretaria de Meio Ambiente e Sustentabilidade do Estado do Pará (Semas), a unidade do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) e a Escola Estadual de Educação Tecnológica (Eetepa) Dr. Celso Malcher.

“Esta visita foi uma oportunidade valiosa de aprendizado sobre a cultura local, pela qual somos profundamente gratos, especialmente pela calorosa recepção. Ficamos impressionados com a diversidade e qualidade dos laboratórios, em especial os voltados aos processos com alimentos. Enxergamos grande potencial de cooperação científica e oportunidades de negócios, e estamos abertos a futuras parcerias”, destacou Zhao Feng, pesquisadora chinesa integrante da comitiva.

Rafael Andery, secretário-executivo da Iniciativa Amazônia+10, ressaltou que o workshop no PCT Guamá representou um passo importante na aproximação entre pesquisadores da Amazônia brasileira e da China. Segundo ele, o evento, promovido em parceria com a National Natural Science Foundation of China (NSFC), buscou fortalecer a cooperação científica internacional em áreas estratégicas como biodiversidade, mudanças climáticas, recursos hídricos, ciência de alimentos e saúde. “A China tem ampliado significativamente sua produção científica sobre a Amazônia, mas ainda ocupa uma posição discreta nas parcerias com o Brasil. Este é um momento propício para aprofundar essa relação”, afirmou. Ele também destacou o interesse da comitiva pelos laboratórios de excelência visitados e agradeceu a receptividade do PCT Guamá e das instituições envolvidas.

Rafael Andery ao centro

Ciência na Amazônia 

O workshop é uma das ações da Iniciativa Amazônia+10, liderada pelo Conselho Nacional das Fundações Estaduais de Amparo à Pesquisa (Confap) — do qual a Fundação Amazônia de Amparo a Estudos e Pesquisas (Fapespa) integra o Comitê Executivo — e pelo Conselho Nacional de Secretários para Assuntos de Ciência, Tecnologia e Inovação (Consecti), com apoio do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq).

Desde sua criação, a Iniciativa Amazônia+10 já mobilizou mais de R$ 150 milhões em apoio a projetos voltados à conservação da biodiversidade, adaptação às mudanças climáticas, proteção de populações tradicionais, enfrentamento de desafios urbanos, fortalecimento da bioeconomia e desenvolvimento científico e tecnológico na região. As pesquisas conectam cientistas da Amazônia, de outros estados brasileiros e de países como Reino Unido, Suíça, Alemanha e França.

Coorganizadora do workshop, a NSFC é uma das principais agências de fomento à pesquisa da China, com 106 acordos ou memorandos de entendimento firmados com 54 países ou regiões. Sua atuação envolve o financiamento de pesquisas básicas, a formação de talentos e o estímulo a parcerias internacionais.

Zhao Feng

O Workshop Conexões Científicas Brasil-China discute temas estratégicos para a Amazônia, como biodiversidade, mudanças climáticas, hidrologia, sensoriamento remoto, saúde pública e segurança alimentar. A proposta parte do princípio de que a ciência é uma ferramenta essencial para embasar políticas públicas e orientar investimentos sustentáveis baseados em evidências.

Participaram do evento 56 cientistas — sendo 31 chineses (seis da NSFC e 25 de universidades e centros de pesquisa) e 25 brasileiros, de instituições como Inpe, UFPA, Universidade Federal do Amazonas (Ufam), Embrapa, Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (Ipam), Universidade Federal Rural da Amazônia (Ufra), Instituto Evandro Chagas (IEC), Instituto Tecnológico Vale (ITV), Museu Paraense Emílio Goeldi (MPEG) e Universidade Estadual de Campinas (Unicamp).

“A realização deste evento no PCT Guamá é importante para promover, em conjunto com a Confap, a Fapespa e a NSFC, discussões sobre temas estratégicos em ciência, tecnologia, inovação e sustentabilidade para os dois países. Hoje, a delegação pôde conhecer de perto os avanços do Parque e compreender como o complexo contribui para o desenvolvimento da Amazônia”, afirmou João Weyl, diretor-presidente da Fundação Guamá, Instituição de Ciência e Tecnologia (ICT) gestora do parque.

“Após essas apresentações e interações entre os pesquisadores chineses e brasileiros, iremos elaborar um relatório técnico com as áreas prioritárias e com sinergias entre as equipes, visando à construção de uma chamada para projetos de pesquisa que possam ser realizados com cofinanciamento. A sequência dessas discussões ocorrerá ainda neste semestre entre as equipes do Confap e da NSFC”, afirmou Marcel Botelho, presidente da Fapespa.

Ao fim da programação, a expectativa é definir temas prioritários e convergentes para a construção de um edital colaborativo, a ser financiado pelas Fundações de Amparo à Pesquisa que integram a Iniciativa Amazônia+10, em parceria com a NSFC. A proposta visa ampliar a cooperação científica entre Brasil e China na busca por soluções sustentáveis para os desafios da Amazônia.

Referência em inovação na Amazônia

O PCT Guamá é uma iniciativa do Governo do Pará, por meio da Secretaria de Estado de Ciência, Tecnologia e Educação Superior, Profissional e Tecnológica (Sectet), em parceria com a UFPA e a Universidade Federal Rural da Amazônia (Ufra), com gestão da Fundação Guamá.

Primeiro parque tecnológico da região Norte, o PCT Guamá tem como missão estimular a pesquisa aplicada e o empreendedorismo inovador e sustentável, com foco na melhoria da qualidade de vida da população.

Localizado às margens do Rio Guamá, que dá nome ao complexo, o Parque está situado entre os campi das duas universidades e conta com um ecossistema rico em biodiversidade, distribuído em 72 hectares destinados a edificações e à Área de Proteção Ambiental (APA) da Região Metropolitana de Belém.

O complexo abriga mais de 30 empresas residentes, mais de 40 associadas, 12 laboratórios de pesquisa e desenvolvimento de processos e produtos, além de uma escola técnica.

O PCT Guamá integra a Associação Nacional de Entidades Promotoras de Empreendimentos Inovadores (Anprotec) e a International Association of Science Parks and Areas of Innovation (Iasp), compondo o maior ecossistema de inovação do mundo.