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Hospital Estadual Galileu previne sobre riscos da automedicação contra gripes e resfriados

Profissionais da unidade observam que crianças são o alvo mais comum da prática que pode agravar a condição de saúde e até levar à morte

Por Ascom (Governo do Pará)
10/04/2025 11h20

No Brasil, cerca de 86% da população admite que se automedica. Esse resultado está na mais recente pesquisa do Instituto de Ciência, Tecnologia e Qualidade (ICTQ), divulgada em 2024. A preocupação com o comportamento inadequado, resultou na Lei nº 14.912/2024, que determina que gestores do Sistema Único de Saúde (SUS), em todas as esferas, devem realizar campanhas permanentes de conscientização contra a automedicação, sobretudo, de antibióticos e remédios controlados.

Como forma de orientar a população sobre o assunto, o Hospital Público Estadual Galileu (HPEG), na Grande Belém, faz alertas constantes sobre os riscos ocultos na automedicação. O gerente de suprimentos e farmácia da unidade, Simão Pessoa, observa que há uma infinidade de doenças que o brasileiro acredita saber qual medicação tomar para minimizar os sintomas, sobretudo, gripes, resfriados e as viroses. No entanto, essa prática é perigosa em todas as idades, principalmente, para as crianças.

"Tem casos que quando a criança acorda com febre, os pais não hesitam e logo dão antitérmico que têm em casa, uma dose do xarope que sobrou do tratamento anterior. No entanto, esse cuidado pode ser transformado em desespero quando a criança, por exemplo, tiver vermelhidão na pele ou dificuldade para respirar. Isso se repete diariamente em lares brasileiros, onde a automedicação – muitas vezes bem-intencionada – esconde riscos que vão muito além de uma "febre controlada", disse o farmacêutico.

Crianças

Simão explica que o perigo na gaveta de remédios é um dos maiores vilões da automedicação, principalmente, a infantil, ou aquelas para administrar sintomas de resfriados. "Antitérmicos em doses erradas como paracetamol (que podem intoxicar o fígado). Xaropes para tosse inadequados, como ambroxol, são perigosos para menores de 2 anos. Antibióticos "sobrantes", como a amoxicilina, criam resistência bacteriana. Anti-inflamatórios, como o ibuprofeno podem causar sangramentos gástricos em crianças", detalhou.

O profissional diz que a cultura do "eu sempre fiz isso ", é preocupante. "As mães costumam dizendo que dão 'só um pouquinho' do remédio do irmão mais velho, mas crianças não são adultos em miniatura. Seu organismo metaboliza os medicamentos de forma completamente diferente", diz o gerente de suprimentos e farmácia do Galileu, Simão Pessoa, 

Adultos

Simão Pessoa enfatiza que os medicamentos mais comuns usados sem prescrição em casos de gripes e resfriados, são os analgésicos e anti-inflamatórios, geralmente vendidos sem receita médica.

"Medicamentos considerados "inocentes" não deixam de ter seus riscos. Temos o exemplo do paracetamol, que em um uso diário excessivo, pode causar problemas hepáticos e intoxicação. A Aspirina é contra indicada nos casos de suspeita de dengue, pois pode agravar o quadro de hemorragias. O diclofenaco em excesso pode causar problemas renais graves em uso excessivo", detalhou Simão Pessoa.

Ajuda profissional
A orientação é sempre procurar ajuda médica, antes de tomar qualquer tipo de medicamento. No entanto, o farmacêutico pode ser a primeira barreira contra a automedicação perigosa, no dia a dia.

"Quando um pai chega pedindo 'qualquer coisa para a febre', relatamos que precisamos avaliar a criança, checar peso e histórico. Muitas vezes, um banho morno resolve mais que um comprimido. Medicamento não é água! Cada gripe é diferente, cada criança e pessoa também", ponderou o profissional.  

Simão ainda ressalta que é necessário que a população saiba que: "é fundamental consultar um profissional antes de se automedicar; é perigoso o uso de sobras de tratamentos anteriores. Em caso de reações incomuns, como sonolência excessiva, manchas na pele, recorra a uma unidade de saúde e, por fim, guarde os medicamentos trancados e fora do alcance das crianças", concluiu.

Lei

A Lei nº 14.912/2024 altera a Lei Orgânica da Saúde (nº 8080/1990). A mudança acrescenta o artigo 19-V na legislação e coloca como objetivo principal informar a população sobre os riscos da automedicação, especialmente quanto à ingestão de antibióticos ou de medicamentos sujeitos a controle especial.

Segundo o Conselho Federal de Farmácia, a medida é um ganho incalculável para a saúde pública, já que com as devidas orientações recebida, principalmente, na farmácia, vai haver a redução de problemas relacionados a intoxicações e eventos adversos causados pelo consumo impróprio dessas substâncias.

"A Lei Orgânica da Saúde menciona que a responsabilidade pela saúde é compartilhada entre o Estado, indivíduos, famílias, empresas e sociedade. Por isso, nós, como instituição de saúde, nos empenhamos em levar informações a respeito das práticas corretas para a promoção de saúde e bem-estar da população, sobretudo, dos nossos usuários. Entendemos que o alerta sobre a automedicação, pode evitar doenças, intoxicações e diversos outros problemas que impactam na rede pública de Saúde", ponderou Cledes Silva, diretor executivo do Galileu do HPEG.

Perfil - A unidade do Governo do Estado é administrada pelo Instituto de Saúde Social e Ambiental da Amazônia (ISSAA), em parceria com a Secretaria Estadual de Saúde (Sespa).

Texto de Roberta Paraense